Governo paraguaio inicia censo e promete recuperar terras
Luis Ortigoza pediu que os camponeses evitem novas ocupações das terras em disputa, onde em 15 de junho morreram 17 pessoas
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2012 às 21h52.
Assunção - O governo paraguaio iniciou nesta segunda-feira um censo da região de Curuguaty e reiterou sua vontade ''irredutível'' de recuperar para o Estado as terras ocupadas por um empresário onde ocorreu a tragédia que custou a Presidência a Fernando Lugo.
O presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), Luis Ortigoza, em visita a Curuguaty, pediu aos camponeses ''colaboração e maturidade'' até que se coclua o processo, segundo um comunicado do órgão.
Ortigoza pediu que os camponeses evitem novas ocupações das terras em disputa, onde em 15 de junho morreram 17 pessoas em um tiroteio entre policiais e camponeses sem-terra durante uma operação de despejo.
Os sem-terra ocupavam uma parcela de quase 1.800 hectares cuja propriedade é disputada pelo Estado - que as recebeu em doação em 1967 - e o empresário e político ''colorado'' Blas N. Riquelme.
''Campos Morombí'', uma das empresas de Riquelme, possui 50 mil hectares em Curuguaty e em 2005 anexou outros 1.800 mediante um processo de usucapião, que a Comissão de Verdade e Justiça (CVJ) considerou repleto de ''irregularidades e mentiras''.
Na semana passada, o Executivo do novo presidente do Paraguai, Federico Franco, anunciou sua intenção de recuperar os hectares para o Estado, dentro do ''Projeto Curuguaty'' de desenvolvimento das comunidades rurais da zona.
Ortigoza sustentou hoje que há documentos que provam que essas terras ''pertenciam à Marinha paraguaia'' e afirmou que a Procuradoria Geral ''se encarregará de fazer um acompanhamento do caso''.
O contralor-geral Pedro Valente, se reuniu hoje com o presidente da Corte Suprema, Víctor Núñez, a quem pediu que o Poder Judiciário complete o trâmite administrativo de inscrição no registro público da propriedade desses hectares, segundo a agência estatal ''IP''.
Valente se referiu a um relatório da Marinha que revela que a corporação ''manteve a posse do imóvel até 2004'' e asseverou que vai ''desmascarar'' a família Riquelme, que assegura que ocupou e cuidou das terras durante décadas, fundamento do processo de usucapião.
Paralelamente, a Procuradoria vai a promover uma ação de nulidade do julgamento de usucapião.
Em entrevista à emissora de rádio ''Primero de Marzo'', Jorge Riquelme, filho do empresário, acusou hoje o Executivo de pretender impor uma solução exigindo ao empresário que ''renuncie aos direitos que tem sobre o usucapião''.
Segundo a família, eles possuem também documentos que provam que a Marinha nunca ocupou fisicamente o imóvel nem teve interesse em obter o título dele.
A confusão nos registros de propriedade adia uma solução na disputa pela terra no Paraguai, onde um terço da superfície cultivável do país foi expropriado irregularmente durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-89) e nos 15 anos seguintes, segundo um relatório de 2008 da CVJ.
Outro foco do conflito são as terras com cultivo de soja de Ñacunday, onde o Indert efetuou também um censo na semana passada, mas neste caso, de surpresa.
O censo, que registrou apenas 1.400 camponeses ''sem-terra'' que ocupam parcelas de Ñacunday reivindicando que são estatais, será tomado como ''ponto de partida'' para a solução do conflito na região de soja fronteiriça com o Brasil, segundo Ortigoza.
O titular do Indert reiterou que na zona não há terras do Estado - ao contrário do que afirmavam os responsáveis da época de Lugo - por isso o instituto avaliará outros prédios para assentar os camponeses.
Assunção - O governo paraguaio iniciou nesta segunda-feira um censo da região de Curuguaty e reiterou sua vontade ''irredutível'' de recuperar para o Estado as terras ocupadas por um empresário onde ocorreu a tragédia que custou a Presidência a Fernando Lugo.
O presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), Luis Ortigoza, em visita a Curuguaty, pediu aos camponeses ''colaboração e maturidade'' até que se coclua o processo, segundo um comunicado do órgão.
Ortigoza pediu que os camponeses evitem novas ocupações das terras em disputa, onde em 15 de junho morreram 17 pessoas em um tiroteio entre policiais e camponeses sem-terra durante uma operação de despejo.
Os sem-terra ocupavam uma parcela de quase 1.800 hectares cuja propriedade é disputada pelo Estado - que as recebeu em doação em 1967 - e o empresário e político ''colorado'' Blas N. Riquelme.
''Campos Morombí'', uma das empresas de Riquelme, possui 50 mil hectares em Curuguaty e em 2005 anexou outros 1.800 mediante um processo de usucapião, que a Comissão de Verdade e Justiça (CVJ) considerou repleto de ''irregularidades e mentiras''.
Na semana passada, o Executivo do novo presidente do Paraguai, Federico Franco, anunciou sua intenção de recuperar os hectares para o Estado, dentro do ''Projeto Curuguaty'' de desenvolvimento das comunidades rurais da zona.
Ortigoza sustentou hoje que há documentos que provam que essas terras ''pertenciam à Marinha paraguaia'' e afirmou que a Procuradoria Geral ''se encarregará de fazer um acompanhamento do caso''.
O contralor-geral Pedro Valente, se reuniu hoje com o presidente da Corte Suprema, Víctor Núñez, a quem pediu que o Poder Judiciário complete o trâmite administrativo de inscrição no registro público da propriedade desses hectares, segundo a agência estatal ''IP''.
Valente se referiu a um relatório da Marinha que revela que a corporação ''manteve a posse do imóvel até 2004'' e asseverou que vai ''desmascarar'' a família Riquelme, que assegura que ocupou e cuidou das terras durante décadas, fundamento do processo de usucapião.
Paralelamente, a Procuradoria vai a promover uma ação de nulidade do julgamento de usucapião.
Em entrevista à emissora de rádio ''Primero de Marzo'', Jorge Riquelme, filho do empresário, acusou hoje o Executivo de pretender impor uma solução exigindo ao empresário que ''renuncie aos direitos que tem sobre o usucapião''.
Segundo a família, eles possuem também documentos que provam que a Marinha nunca ocupou fisicamente o imóvel nem teve interesse em obter o título dele.
A confusão nos registros de propriedade adia uma solução na disputa pela terra no Paraguai, onde um terço da superfície cultivável do país foi expropriado irregularmente durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-89) e nos 15 anos seguintes, segundo um relatório de 2008 da CVJ.
Outro foco do conflito são as terras com cultivo de soja de Ñacunday, onde o Indert efetuou também um censo na semana passada, mas neste caso, de surpresa.
O censo, que registrou apenas 1.400 camponeses ''sem-terra'' que ocupam parcelas de Ñacunday reivindicando que são estatais, será tomado como ''ponto de partida'' para a solução do conflito na região de soja fronteiriça com o Brasil, segundo Ortigoza.
O titular do Indert reiterou que na zona não há terras do Estado - ao contrário do que afirmavam os responsáveis da época de Lugo - por isso o instituto avaliará outros prédios para assentar os camponeses.