Governo Macri enfrenta protestos contra ajustes na educação
Depois da alta desvalorização do peso e o aumento dos juros, docentes e estudantes de 57 universidades protestaram contra contra os ajustes do governo
EFE
Publicado em 31 de agosto de 2018 às 10h48.
Última atualização em 31 de agosto de 2018 às 11h01.
Buenos Aires - Depois de uma manhã complicada para a economia argentina, dezenas de milhares de pessoas defenderam nesta quinta-feira em Buenos Aires a educação universitária pública, em uma marcha na qual os docentes, com o apoio de muitos alunos, protestaram contra os ajustes do governo e pela atualização dos seus salários.
Horas depois de o peso se desvalorizar 10,72% frente ao dólar - 18,87% nas últimas 48 horas -, o clima da passeata foi mais quente ainda, apesar do frio e da chuva que caíram sobre a capital argentina durante a tarde, e as palavras de ordem contra o Executivo de Mauricio Macri se igualaram com as que apoiaram a universidade pública.
Diferentes partidos políticos de esquerda acompanharam representantes de 57 universidades públicas de todo o país e os principais sindicatos educativos, que convocaram a manifestação depois de várias semanas de negociações fracassadas com o Ministério da Educação argentino.
A reivindicação central da comunidade educativa é o salário dos professores, já que consideram que o aumento de 15% em três parcelas oferecido pelo governo para este ano é insuficiente, ao levar em conta que se prevê que a inflação do ano se situe acima de 30%, segundo analistas, e que a moeda local se desvalorizou 102% nos últimos oito meses e continua em queda.
O professorado exige que o aumento seja de 30% e inclua a denominada cláusula "gatilho", que serve para que as partes se sentem para negociar de novo se a inflação superar o limite estipulado no acordo.
A esperança dos docentes, em greve desde o início do mês, é sentar-se para negociar outra vez com o governo depois de uma convocação que paralisou o centro portenho pela sua grande afluência.
"Os docentes ficamos muito atrasados em nossos salários e essa é a principal reivindicação do grêmio", afirmou o professor universitário Guillermo Clarke, que dá aulas de História na faculdade de Comunicação Social da Universidade Nacional de La Plata.
Embora a questão salarial seja importante para Clarke, o docente considerou que na marcha desta quinta-feira "a preocupação é por algo mais amplo: a essência da universidade pública argentina, sua gratuidade, funcionamento e excelência".
Uma das milhares de estudantes que marcharam hoje, Maribel Barbosa, relatou à Agência Efe como o edifício da sua faculdade pública é alugado e "não pode se manter", motivos pelos quais se posicionou ao lado de seus educadores.
"Eles nos mostram o futuro, são nossos professores. Nós apostamos neles e eles apostam em nós. Não podemos seguir assim porque se não isto cai e terminamos todos na universidade privada, que é para poucos e não é justa", argumentou.