Governo francês aprova reforma da Previdência apesar da rejeição popular
O governo reforçou sua aposta em atrasar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e adiantar para 2027 o aumento dos anos de contribuição necessários para alcançar uma aposentadoria integral
André Martins
Publicado em 23 de janeiro de 2023 às 11h25.
Última atualização em 23 de janeiro de 2023 às 11h30.
O governo do presidente francês, Emmanuel Macron, aprovou nesta segunda-feira, 23, sua reforma da Previdência, contra a qual mais de 1 milhão de pessoas se manifestaram na quinta-feira, e que começa agora seu trâmite parlamentar enquanto os protestos continuam.
Apesar da rejeição da opinião pública, o governo reforçou sua aposta em atrasar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e adiantar para 2027 o aumento dos anos de contribuição necessários para alcançar uma aposentadoria integral (de 42 a 43).
"As medidas de idade que adotamos são as que nos permitirão equilibrar o sistema [ de pensões ] em 2030", defendeu em coletiva de imprensa o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, que reconheceu um "desacordo" nestes pontos com os sindicatos.
O plenário da Assembleia Nacional (câmara baixa) começará a debater o projeto de lei a partir de 6 de fevereiro, antes de seguir para o Senado (câmara alta). Os partidos de esquerda e a oposição de extrema direita já anunciaram que votarão contra.
Para aprová-lo, o partido do governo, que perdeu sua maioria absoluta em junho, poderá contar com o apoio de Os Republicanos (LR, direita), favorável a uma reforma, ou recorrer a dois polêmicos mecanismos para tentar adotá-lo sem submetê-lo à votação.
"Desejo que o governo e os parlamentares (...) possam trabalhar o texto e ajustá-lo", indicou no domingo o presidente liberal, que pediu para "avançar", uma vez que já que houve mudanças desde o atraso para os 65 anos que propôs na campanha eleitoral.
Esta reforma é uma das medidas-chave prometidas por Macron, de 45 anos, durante a campanha que o levou à reeleição em abril, depois que a pandemia de covid-19 o obrigou a desistir de uma primeira tentativa.
Os oito principais sindicatos se opõem e convocaram um novo dia de protestos em 31 de janeiro após uma bem-sucedida mobilização na última quinta-feira. "Esperamos fazê-lo melhor", disse no domingo aos jornais RTL, LCI e Le Figaro o líder da CGT, Philippe Martinez.
A idade de aposentadoria da segunda economia da União Europeia (UE) é uma das mais baixas da Europa e, se a reforma avançar, a França vai se aproximar dos 65 anos da Espanha e os 67 da Dinamarca.