A vice-presidente do governo espanhol, Soraya Saénz de Santamaría, fala sobre a Catalunha (Pierre-Philippe Marcou/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2014 às 16h27.
Madri - O governo espanhol se negou contundentemente nesta terça-feira a negociar uma consulta pela autodeterminação na Catalunha, dois dias depois de 2,3 milhões de catalães terem participado em uma votação simbólica sobre a independência.
Comprometido desde 2012 com a celebração deste escrutínio, o presidente regional Artur Mas propôs a Madri um "diálogo permanente" sobre a questão, o que foi imediatamente descartado pelo executivo conservador de Mariano Rajoy, que classificou a proposta como "impossível".
"O direito de autodeterminação pedido não é possível nem nesta Constituição, nem em qualquer outra democracia do nosso entorno", disse a vice-presidente Soraya Sáenz de Santamaría, em resposta no Senado ao porta-voz da coalizão nacionalista CiU, de Mas, Josep Lluís Cleries.
"Se o que vocês querem é a independência da Catalunha, dificilmente chegaremos a um acordo, porque já lhes digo que nem este partido, nem este governo vai dar seus votos para um acordo de secessão", acrescentou.
Desde o início deste conflito político, no final de 2012, o governo conservador de Rajoy se opôs firmemente a permitir uma votação, alegando que a soberania para decidir sobre a unidade da Espanha recai sobre o conjunto dos espanhóis.
Por isso, impugnaram em duas ocasiões a votação sobre a independência convocada por Artur Mas, que optou por realizá-la mesmo sem a autorização do Tribunal Constitucional, atitude que está sendo investigada pela procuradoria espanhola.
Apesar de seu perfil simbólico, 2,3 milhões de pessoas participaram da votação, com 80% dos votos favoráveis à independência da região, que representa um quinto da riqueza do país. Contrários a esta iniciativa, os partidários do "não" preferiram não participar.
O objetivo de Mas continua sendo o mesmo: realizar uma votação sobre a autodeterminação vinculante na Catalunha, a exemplo do que aconteceu com Escócia e Reino Unido, em setembro deste ano, e com Quebec e Canadá em 1995.
"Nós não vamos renunciar a este objetivo", advertiu o governante da região onde o separatismo tem crescido em um contexto de crise econômica e conflito político com o governo espanhol.
Além disso, Mas começará nos próximos dias uma rodada de negociações com partidos políticos catalães favoráveis à consulta a fim de determinar a estratégia a ser seguida depois do "9-N", como vem sendo chamada a votação simbólica.