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Governo da Síria prevê vitória em Ghouta Oriental

Cerca de 6.400 pessoas, combatentes acompanhados por suas famílias e outros civis, retiraram-se no sábado e domingo da região

Soldados: em cada ônibus utilizado para o transporte dos evacuados, um soldado russo viajava junto (Omar Sanadiki/Reuters)

Soldados: em cada ônibus utilizado para o transporte dos evacuados, um soldado russo viajava junto (Omar Sanadiki/Reuters)

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AFP

Publicado em 26 de março de 2018 às 11h52.

O governo sírio antevia nesta segunda-feira a conquista definitiva do reduto rebelde de Ghuta Oriental, perto de Damasco, após a partida de milhares de combatentes, enquanto as negociações prosseguem para a rendição de Duma, último reduto insurgente na região.

Após uma mês de ofensiva, que fez mais de mil civis mortos, o governo de Bashar al-Assad conquistou 90% dos Oriental Guta e impôs, com a ajuda da Rússia, acordos de evacuação de milícias rebeldes.

Cerca de 6.400 pessoas, combatentes acompanhados por suas famílias e outros civis, retiraram-se no sábado e domingo de Ghuta Oriental, até então controlada pelo grupo islamita Faylaq al-Rahman.

Em cada ônibus utilizado para o transporte dos evacuados, um soldado russo viajava junto, observou um correspondente da AFP, comprovando o forte envolvimento da Rússia na ofensiva e nas negociações subsequentes.

A evacuação dos rebeldes deve continuar nesta segunda, indicou à AFP o porta-voz do Faylaq al-Rahman, Wael Alwane.

Muitos dos evacuados não contiveram as lágrimas no domingo ao se separarem de seus parentes que escolheram ficar em suas casas como parte da política de "reconciliação" do governo sírio.

"Deixamos nossas casas, estamos sem dinheiro, sem um lar, nem mesmo roupas por causa dos bombardeios", declarou Hamza Abbas, um civil.

"Mas, como aceitar viver com quem massacrou minha família e meus amigos?", questionou angustiado. A ofensiva lançada em 18 de fevereiro sufocou os territórios rebeldes.

Mais de 1.600 civis morreram como resultado dos bombardeios da aviação e da artilharia, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Divergências rebeldes

Quando a evacuação em massa terminar, os rebeldes controlarão apenas Duma, a maior cidade da região, nas mãos do grupo Jaish al-Islam, que está negociando com os russos.

De acordo com o OSDH, ao contrário dos acordos anteriores, as negociações poderiam incluir o desarmamento do grupo em troca da restauração das instituições do regime, mas sem a presença do exército sírio, que seria substituído pela polícia militar russa.

Os rebeldes que não quiseram abandonar suas armas se beneficiariam de um "acordo de evacuação", segundo a mesma fonte.

"As negociações continuam, mas estão atrasadas devido a divergências no grupo rebelde", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

Alguns líderes do Jaish al-Islam "se opõem a um acordo. A morte no sábado de cinco soldados sírios por franco-atiradores estaria ligada a uma tentativa de sabotagem de membros do grupo", acrescentou.

"As negociações visam assegurar nossa permanência e nossa saída", insistiu o porta-voz do Jaish al-Islam, Hamza Bayrakdar.

O jornal oficial Al Watan sustenta que um "acordo preliminar" foi alcançado depois de "intensas negociações" e que os dois lados têm três dias para estudar os detalhes do acordo.

O destino dos habitantes segue pendente do resultado das negociações.

Dada a incerteza, 16.000 habitantes decidiram partir para as áreas controladas pelo regime nos últimos seis dias, de acordo com o OSDH.

"Estou saindo porque estou doente, mas também porque vivemos em uma situação de miséria total, estamos com fome", disse à AFP Fayez Ali Thaljé, de 53 anos, quando deixava Duma.

Em doze dias, cerca de 110.000 civis fugiram de Ghuta pelos corredores estabelecidos pelas autoridades sírias.

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