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Governo catalão ganha força em votação por independência

Apesar do veto imposto por Madri, 2,32 milhões de pessoas participaram da votação, segundo números oficiais

Manifestantes pró-independência participam de ato organizado pela Assembleia Nacional da Catalunha e por associações civis, em Barcelona (Josep Lago/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2014 às 15h53.

Barcelona - Reforçado pela votação simbólica de mais de dois milhões de pessoas no último domingo, o presidente regional da Catalunha , Artur Mas, buscará agora um verdadeiro referendo sobre a independência da Espanha , que Madri se nega a negociar.

Apesar do veto imposto por Madri, 2,32 milhões de pessoas participaram da votação, segundo números oficiais anunciados nesta segunda-feira pelo executivo catalão, num dia histórico para o nacionalismo desta grande região do nordeste espanhol - onde o sentimento separatista cresce há 10 anos, alimentado por uma grave crise econômica que aumentou as tensões políticas.

Exatos 80,76% (1.861.753 pessoas) dos eleitores votaram "sim" à independência, enquanto os partidários do "não" eram convidados a ficar em casa.

Mas comemorou a mobilização como um "sucesso total", numa queda de braço que Madri está disposta a levar adiante.

"Pedimos ao mundo que nos ajude a convencer as instituições espanholas de que a Catalunha merece votar em referendo sobre seu futuro. Nós merecemos um referendo legal e vinculante", disse o líder na noite de domingo.

Para Gabriel Colomé, cientista político da Universidade Autônoma de Barcelona, a resposta dada pelo chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, será muito clara: "não".

Rajoy já recorreu duas vezes ao Tribunal Constitucional para impedir uma consulta, que considera ilegal por usurpar a soberania ao conjunto do povo espanhol.

Considerando que Mas pode incorrer em desobediência civil por organizar a votação do domingo, a justiça espanhola já abriu investigações.

Vários líderes do conservador Partido Popular, de Rajoy, chegaram a afirmar nesta segunda-feira que tomarão ações legais contra o presidente catalão.

"Espero que hoje Artur Mas receba uma notificação do procurador-geral", lançou o vice-secretário-geral do partido, Esteban González Pons.

Convites ao diálogo

"Exijo que o senhor Rajoy abandone os tribunais e abra um espaço para o diálogo e a negociação", pediu o líder da oposição socialista, Pedro Sánchez.

Um convite ao diálogo, reforçado por toda a imprensa espanhola - à esquerda e à direita, na Catalunha e no restante da Espanha.

"Ambos os Executivos devem traçar um plano de trabalho, um método e um calendário para identificar as grandes questões suscetíveis a reformas decisivas (competências, finanças, língua...) que podem pavimentar uma solução compartilhada, confiável e duradoura", afirmou o jornal de centro-esquerda El País.

Para Colomé, Mas sai fortalecido da votação deste domingo apesar de seu valor meramente simbólico: ele "prometeu que convocaria" uma consulta e o fez.

Esse fato deve permitir que Mas escape da pressão dos radicais da ERC que, decididos a declarar a independência unilateralmente caso seja necessário, exigem eleições regionais antecipadas, convencidos pelas pesquisas de opinião que ganharão.

Mas foi alçado, segundo o cientista político, ao posto de único interlocutor legítimo da Catalunha em Madri.

"Se olharmos para isso como uma partida de tênis de cinco sets, ontem acabou o primeiro set, e quem o venceu foi Artur Mas. Agora começa o segundo set, e ele depende de Mariano Rajoy", afirma.

Agora o chefe de governo "pode aplicar o critério jurídico, como fez até agora, ou aplicar o conceito político", ainda que "seja uma incógnita quais são as margens com as quais ele quer jogar" a um ano das eleições legislativas em que o PP pode perder o poder ou pelo menos a maioria absoluta, agrega.

Vitória ou derrota?

Apesar do êxito da mobilização, os resultados da consulta independentista não são conclusivos.

Os partidários de uma Catalunha independente superam apenas os 1,7 milhões de votos somados pelos partidos soberanistas nas eleições regionais de 2012.

"Pensavam que poderiam angariar muito mais", disse Colomé. "Isso quer dizer que num referendo hipotético de verdade eles teriam um problema", agregou.

Enquanto isso, o apelo de Mas à comunidade internacional surtiu pouco efeito nesta segunda-feira.

"O Reino Unido é um grande amigo e aliado da Espanha. Queremos que a Espanha siga unida (...) e nossa ideia sobre esses referendos é que devem ser feitos através dos marcos legais e constitucionais adequados", afirmou em Londres o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que em 18 de setembro permitiu a realização de um plebiscito na Escócia em que o "não" venceu.

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Apesar do veto imposto por Madri, 2,32 milhões de pessoas participaram da votação, segundo números oficiais anunciados nesta segunda-feira pelo executivo catalão, num dia histórico para o nacionalismo desta grande região do nordeste espanhol - onde o sentimento separatista cresce há 10 anos, alimentado por uma grave crise econômica que aumentou as tensões políticas.

Exatos 80,76% (1.861.753 pessoas) dos eleitores votaram "sim" à independência, enquanto os partidários do "não" eram convidados a ficar em casa.

Mas comemorou a mobilização como um "sucesso total", numa queda de braço que Madri está disposta a levar adiante.

"Pedimos ao mundo que nos ajude a convencer as instituições espanholas de que a Catalunha merece votar em referendo sobre seu futuro. Nós merecemos um referendo legal e vinculante", disse o líder na noite de domingo.

Para Gabriel Colomé, cientista político da Universidade Autônoma de Barcelona, a resposta dada pelo chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, será muito clara: "não".

Rajoy já recorreu duas vezes ao Tribunal Constitucional para impedir uma consulta, que considera ilegal por usurpar a soberania ao conjunto do povo espanhol.

Considerando que Mas pode incorrer em desobediência civil por organizar a votação do domingo, a justiça espanhola já abriu investigações.

Vários líderes do conservador Partido Popular, de Rajoy, chegaram a afirmar nesta segunda-feira que tomarão ações legais contra o presidente catalão.

"Espero que hoje Artur Mas receba uma notificação do procurador-geral", lançou o vice-secretário-geral do partido, Esteban González Pons.

Convites ao diálogo

"Exijo que o senhor Rajoy abandone os tribunais e abra um espaço para o diálogo e a negociação", pediu o líder da oposição socialista, Pedro Sánchez.

Um convite ao diálogo, reforçado por toda a imprensa espanhola - à esquerda e à direita, na Catalunha e no restante da Espanha.

"Ambos os Executivos devem traçar um plano de trabalho, um método e um calendário para identificar as grandes questões suscetíveis a reformas decisivas (competências, finanças, língua...) que podem pavimentar uma solução compartilhada, confiável e duradoura", afirmou o jornal de centro-esquerda El País.

Para Colomé, Mas sai fortalecido da votação deste domingo apesar de seu valor meramente simbólico: ele "prometeu que convocaria" uma consulta e o fez.

Esse fato deve permitir que Mas escape da pressão dos radicais da ERC que, decididos a declarar a independência unilateralmente caso seja necessário, exigem eleições regionais antecipadas, convencidos pelas pesquisas de opinião que ganharão.

Mas foi alçado, segundo o cientista político, ao posto de único interlocutor legítimo da Catalunha em Madri.

"Se olharmos para isso como uma partida de tênis de cinco sets, ontem acabou o primeiro set, e quem o venceu foi Artur Mas. Agora começa o segundo set, e ele depende de Mariano Rajoy", afirma.

Agora o chefe de governo "pode aplicar o critério jurídico, como fez até agora, ou aplicar o conceito político", ainda que "seja uma incógnita quais são as margens com as quais ele quer jogar" a um ano das eleições legislativas em que o PP pode perder o poder ou pelo menos a maioria absoluta, agrega.

Vitória ou derrota?

Apesar do êxito da mobilização, os resultados da consulta independentista não são conclusivos.

Os partidários de uma Catalunha independente superam apenas os 1,7 milhões de votos somados pelos partidos soberanistas nas eleições regionais de 2012.

"Pensavam que poderiam angariar muito mais", disse Colomé. "Isso quer dizer que num referendo hipotético de verdade eles teriam um problema", agregou.

Enquanto isso, o apelo de Mas à comunidade internacional surtiu pouco efeito nesta segunda-feira.

"O Reino Unido é um grande amigo e aliado da Espanha. Queremos que a Espanha siga unida (...) e nossa ideia sobre esses referendos é que devem ser feitos através dos marcos legais e constitucionais adequados", afirmou em Londres o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que em 18 de setembro permitiu a realização de um plebiscito na Escócia em que o "não" venceu.

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