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Governo argentino enfrenta greve geral amanhã

Ato deve afetar transporte público, saúde, hospitais, escolas, bancos e vários setores da economia


	Trânsito em Buenos Aires: agrupações de esquerda também ameaçam realizar mais de quarenta bloqueios nas principais vias de acesso a Buenos Aires (GettyImages)

Trânsito em Buenos Aires: agrupações de esquerda também ameaçam realizar mais de quarenta bloqueios nas principais vias de acesso a Buenos Aires (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2014 às 14h38.

Buenos Aires - O governo argentino enfrenta amanhã (10) uma greve geral que deve afetar transporte público, saúde, hospitais, escolas, bancos e vários setores da economia. A paralisação foi convocada pela ala da Central Geral de Trabalhadores (CGT) comandada pelo líder do poderoso sindicato dos caminhoneiros, Hugo Moyano (que até 2011 era aliado do governo); pela CGT Azul e Branca e pela Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) opositora, liderada por Pabli Micheli.

Agrupações de esquerda também ameaçam realizar mais de quarenta bloqueios nas principais vias de acesso a Buenos Aires.

O chefe de gabinete da Presidência argentina, Jorge Capitanich, criticou hoje (9) a decisão de paralisar todo tipo de transporte. “É impossível medir o apoio a uma greve quando os trabalhadores que querem trabalhar não podem porque não têm como chegar ao seus locais de trabalho: porque não tem ônibus, trens ou metrô”, disse Capitanich em entrevista coletiva.

As autoridades argentinas avisaram que a greve também pode afetar o jogo do Botafogo, que enfrenta o San Lorenzo nesta quarta-feira (9), pelo Grupo 2 da Copa Libertadores. O jogo, no estádio do San Lorenzo (time do papa Francisco), em Buenos Aires, começa às 22h e deve terminar no mesmo horário em que a paralisação terá inicio. A delegação brasileira volta ao Rio amanhã e pode ter dificuldades para sair do país.

Na greve geral de 2012 – a primeira desde que os Kirchner chegaram ao poder, em 2003 - as companhias aéreas argentinas cancelaram voos ao Brasil e do Brasil à Argentina. Foi o maior protesto em dez anos e marcou o rompimento de parte do movimento sindical argentino com o governo.

Tradicionalmente, os sindicatos apoiaram os governos peronistas (do Partido Justicialista, fundado na década de 1950 pelo ex-presidente Juan Peron). Moyano foi aliado do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua viúva, a presidenta Cristina Kirchner, até 2011, quando decidiu passar para a oposição.


A greve é contra a inflação que, segundo os economistas do setor privado, deve superar 30% este ano. Desde janeiro, o índice inflacionário oficial (que sempre foi inferior) registrou aumentos mensais de custo de vida superiores a 3%.

A greve ocorre às vésperas do inicio das paritárias: negociações entre sindicatos e empresários por aumentos salariais que, na Argentina, são aprovadas pelo Ministério do Trabalho. O sindicato dos bancários já acertou um aumento de 29% e não aderiu à paralisação. Mas outros líderes sindicais exigem aumentos superiores, sem ter que negociar dentro de parâmetros estabelecidos, além de aumentos para os aposentados.

Faltando dois anos para o fim do segundo mandato presidencial de Cristina Kirchner, a oposição já esta se articulando para as eleições de 2015. A greve geral também foi convocada para combater a crescente insegurança na Argentina e contra o narcotráfico – duas das bandeiras defendidas pela maioria dos aspirantes à Presidência.

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