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Golpe em Mianmar causa temor e revolta, mas também comemorações

Ativistas pró-democracia deram pouco crédito a um comunicado no qual o Exército disse que realizará uma eleição justa e depois deixará o governo

Mianmar: o Exército de Mianmar disse ter detido a líder eleita Aung San Suu Kyi, cujo partido Liga Nacional pela Democracia (The Road/Reuters)
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Reuters

Publicado em 1 de fevereiro de 2021 às 11h36.

Apoiadores do chefe do Exército de Mianmar foram às ruas de Yangon para comemorar seu golpe contra um governo eleito democraticamente acenando com bandeiras em picapes.

Imagens publicadas nas redes sociais mostraram uma multidão de várias dezenas de pessoas reunida no centro da maior cidade de Mianmar para celebrar a tomada de poder pelo general Min Aung Hlaing, mas em outras partes da localidade o clima era de medo, revolta e frustração.

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"Estou com raiva. Não quero mais controle militar", disse Zizawah, diretor comercial de 32 anos que só quis informar parte do nome por temer represálias.

"A maneira como eles agem é como uma ditadura. Todos nós sabemos em quem votamos."

O Exército de Mianmar disse ter detido a líder eleita Aung San Suu Kyi, cujo partido Liga Nacional pela Democracia (NLD) venceu com grande vantagem uma eleição de novembro que os militares contestam.

"Hoje é o dia em que o povo está feliz", disse um monge nacionalista a uma multidão de apoiadores dos militares em um vídeo publicado no Facebook.

Suu Kyi é extremamente popular no país como figura central de décadas de luta contra juntas anteriores, apesar da revolta de países ocidentais com a maneira como ela lidou com um êxodo de refugiados rohingya que fugiam de uma repressão do Exército em 2017.

"Tivemos uma eleição legal. As pessoas votaram naquele que preferiram", disse Theinny Oo, um consultor de desenvolvimento.

"Agora não temos proteção sob a lei. Sentimo-nos inseguros e amedrontados."

Ativistas pró-democracia deram pouco crédito a um comunicado no qual o Exército disse que realizará uma eleição justa e depois deixará o governo.

"Eles tomaram o poder à força", disse à Reuters o ativista Maung Saungkha. "Todos se sentem revoltados e aborrecidos... não confio em absoluto no fato de que as eleições serão realizadas depois de um ano e que eles transferirão o poder de volta."

As notícias do golpe, anunciadas na mídia controlada pelos militares, circularam esporadicamente por causa de grandes interrupções nas conexões de internet de celulares com as quais muitas pessoas contam para se manter informadas.

Filas se formaram em caixas eletrônicos, mas muitos pararam de funcionar por causa das oscilações na internet, e bancos anunciaram que estão sendo obrigados a fechar.

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