Gleisi questiona legitimidade de EUA e Brasil para reconhecer Guaidó
Governo de Jair Bolsonaro e Donald Trump, além de outros países, reconheceram o opositor como presidente interino da Venezuela
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de janeiro de 2019 às 18h51.
Última atualização em 24 de janeiro de 2019 às 13h08.
Brasília - A presidente do PT, Gleisi Hoffmann , condenou nesta quarta-feira a decisão dos Estados Unidos e do governo Jair Bolsonaro de reconhecer o líder opositor venezuelano Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
Gleisi disse que o presidente norte-americano, Donald Trump, não tem legitimidade para fazer essa interferência e alertou para o "precedente" que isso criará na América Latina.
"Qual é a legitimidade de um presidente norte-americano para reconhecer um presidente de outro país sendo que esse país passou por um processo eleitoral? Critique-se ou não o processo, ele foi feito dentro das regras constitucionais da Venezuela. E lá o voto é facultativo e teve candidatura de oposição. Imagina se a moda pega? Vamos ter daqui a pouco o presidente dos Estados Unidos, do Brasil, de outros países interferindo na soberania e na autodeterminação dos países?", perguntou. "É muito ruim isso porque abre um precedente de instabilidade na região da América Latina".
Em seguida, Gleisi também criticou a decisão do governo brasileiro de acompanhar o entendimento dos Estados Unidos. Ela questionou, então, se o próximo passo da gestão Jair Bolsonaro será entrar numa guerra contra o País vizinho.
"Acho mais grave ainda o governo brasileiro se posicionar favorável porque isso leva a uma intervenção, uma intervenção desse tipo para ser realizada vai levar à força bruta. Isso quer dizer que o presidente Bolsonaro vai enviar tropas brasileiras para Venezuela? Com quem dinheiro? Colocando em risco a vida dos brasileiros?", argumentou.
"Ei, espera aí! Você vai criar um conflito para nós aqui? Você está longe e vai criar uma guerra aqui? É sobre isso que a gente está falando".
Juan Guaidó se declarou presidente interino do país durante as manifestações pela renúncia do presidente Nicolás Maduro. Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo afiram que apoiará "política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela.
Os governos da Colômbia, do Chile do Paraguai e do Peru fizeram o mesmo. O Canadá e a Organização dos Estados Americanos (OEA) também reconheceram Guaidó como presidente interino nesta quarta-feira.
O governo do México, no entanto, segue reconhecendo Maduro como o presidente da Venezuela.