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Giuseppe Conte renuncia e Itália é abalada por crise política (de novo)

Giuseppe Conte deixa o cargo de primeiro-ministro após uma bem-sucedida estratégia de pressão do seu ministro do Interior, Matteo Salvini

Giuseppe Conte: primeiro-ministro da Itália renuncia ao cargo após pressão de seu ministro do Interior, Matteo Salvini (Yara Nardi/Reuters)

Giuseppe Conte: primeiro-ministro da Itália renuncia ao cargo após pressão de seu ministro do Interior, Matteo Salvini (Yara Nardi/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 20 de agosto de 2019 às 11h09.

Última atualização em 20 de agosto de 2019 às 15h45.

São Paulo –  Giuseppe Conte, líder da coalizão governista entre o Movimento 5-Estrelas e o ultradireitista A Liga, renunciou ao cargo de primeiro-ministro da Itália, afundando o país em uma nova crise política. O político anunciou a decisão de deixar o posto nesta terça-feira, 20, durante um pronunciamento ao Senado.

A dissolução do Parlamento ainda depende do presidente da Itália, Sergio Mattarella. No entanto, antes de fazê-lo e abrir caminho para uma nova eleição, Mattarella deve tentar formar um novo governo.

Crises políticas não são notícias raras na Itália. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que completou 74 anos em 2019, o país vivenciou 66 governos diferentes. Agora, chegará ao 67º, graças a uma estratégia duvidosa do ministro do Interior, o ultradireitista Matteo Salvini, líder de A Liga, em mover uma moção de desconfiança contra Conte.

“A crise em curso impede a ação deste governo, que se encerra aqui. Aproveito para comunicar que apresentarei minha renúncia como chefe de governo para o presidente da República”, afirmou Conte ao Senado. Em sua fala, também classificou a ação de Salvini como "irresponsável" e disse que este tipo de ação poderia levar os italianos às urnas “a cada ano”. 

Ao desmantelar propositalmente o governo, Salvini abriria caminho para uma eleição. Por trás dessa estratégia estão as pesquisas de opinião extremamente favoráveis ao A Liga, e que podem projetar Salvini ao cargo de primeiro-ministro, até então ocupado por Conte.

Segundo estimativas recentes, o partido e seu líder poderiam vencer novas eleições com 36% dos votos. Em uma eventual coalizão com outro partido de extrema-direita, Irmãos da Itália, e o Força Itália, de Silvio Berlusconi, a maioria no Parlamento estaria assegurada, assim como um governo liderado por Salvini.

O novo drama italiano começou no início de agosto, quando Salvini veio à público colocar um ponto final na coalizão com o populista Movimento 5-Estrelas, que é liderado por Luigi Di Maio. Juntas, as siglas dominavam a maioria no Parlamento do país. “Não há mais maioria no poder, então precisamos devolver a escolha ao povo”, disse Salvini ao anunciar o rompimento, alegando desentendimentos irreconciliáveis.

Agora, o movimento do Partido Democrata e do 5-Estrelas estará no foco das atenções. Se os partidos conseguirem se entender e formar uma nova maioria no Parlamento, os planos de Salvini podem ir por água abaixo. Enquanto o país mergulha na incerteza, a elaboração do orçamento do ano que vem, que geralmente acontece na metade final do ano, é ofuscada.

A crise na Itália também se mostrará decisiva para a União Europeia, que ainda aguarda a conclusão do Brexit e se prepara para os efeitos desta saída do Reino Unido do mercado comum. Com um novo governo dos eurocéticos do A Liga, outras turbulências políticas e econômicas não deixarão de afetar o bloco.

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