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Geração de energia se dirige ao mar no Japão pós-Fukushima

Com falta de espaço, país pode construir uma usina movida a gás natural que flutuará em uma plataforma ancorada ao largo de sua costa

Trabalhador caminha em uma usina térmica da Tepco em Kawasaki, no Japão (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Trabalhador caminha em uma usina térmica da Tepco em Kawasaki, no Japão (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2014 às 23h02.

Tóquio - Um dos maiores obstáculos para construir novas usinas de energia no Japão é encontrar um lugar que seja seguro contra terremotos e tsunamis. Esse lugar pode acabar sendo 48 quilômetros mar adentro.

A Sevan Marine ASA, construtora norueguesa de navios de perfuração offshore, está propondo uma usina de energia movida a gás natural de US$ 1,5 bilhão que flutuará em uma plataforma cilíndrica maior que um campo de futebol ancorada ao largo da costa japonesa.

Esta é uma das várias tentativas de inovação que o Japão está estudando para gerar eletricidade depois que o desastre nuclear de Fukushima, em 2011, provocou uma preocupação pública generalizada a respeito de como o país produzirá eletricidade - e onde.

Já existem planos para espalhar algumas das maiores turbinas eólicas flutuantes do mundo ao largo da costa de Fukushima.

“Agora nós estamos focando principalmente em energia eólica flutuante offshore, mas nós queremos impulsionar vários tipos de desenvolvimentos e pesquisas técnicas” para estações de energia flutuantes, disse Toshimitsu Motegi, integrante do Partido Liberal Democrata do Japão e ex-ministro de Economia, Comércio e Indústria.

A proposta da Sevan ganhou defensores dentro do ministério dos Transportes, que tem incentivado as empresas japonesas a se expandirem no setor de equipamentos offshore após terem perdido terreno para rivais chinesas e sul-coreanas no ramo de construção de embarcações 

O ministério “está muito interessado no projeto de energia flutuante e gostaríamos de apoiar o marketing da instalação tanto no país quanto no exterior”, segundo um e-mail do ministério dos Transportes.

O projeto das usinas impulsionadas a gás terá 700 megawatts de capacidade, cerca de dois terços da capacidade de um reator nuclear moderno.

Desastre de Fukushima

“A situação energética no Japão após o desastre de Fukushima nos incentivou a propor essa solução”, disse Fredrik Major, diretor de desenvolvimento comercial da Sevan, em resposta a questões, por e-mail.

A Sevan prevê a construção de uma plataforma cilíndrica com 106 metros de diâmetro e a instalação de equipamentos de energia, incluindo turbinas geradoras da Siemens AG, segundo documento de planejamento da empresa com sede em Arendal, Noruega.

A plataforma do grupo Sevan produziria eletricidade por meio da queima de gás natural liquefeito, mas o movimento offshore finalmente pode englobar a energia nuclear gerada nos oceanos, onde ficaria mais imune a terremotos e ao tipo de onda gigante que arrasou Fukushima mais de três anos atrás.

Reatores flutuantes

Esta é uma ideia elaborada por cientistas do Instituto Massachusetts de Tecnologia (MIT) em abril. E a empresa estatal de energia nuclear da Rússia, a Rosatom Corp., em 2007 bateu a quilha de um navio que a empresa espera abrigue dois reatores nucleares. O navio, Akademik Lomonosov, deverá ser entregue em 2016.

As estações de energia flutuantes prometem superar algumas das desvantagens das usinas terrestres no Japão, onde a maioria da população se opõe às estações nucleares em suas comunidades. Cinquenta e sete por cento dos consultados em uma pesquisa realizada nos dias 2 e 3 de agosto pelo serviço de notícias Kyodo se opuseram à retomada da energia nuclear, enquanto 35 por cento foram a favor.

Os críticos dizem que as usinas energéticas flutuantes também enfrentariam obstáculos para obter aprovação em comunidades locais com economias baseadas na pesca. E as preocupações a respeito de segurança continuam.

“A questão é sobre algo imprevisto que ocorrer no mar. A dúvida que surge é como a situação poderia ser controlada”, disse Shinji Sato, professor da Universidade de Tóquio especializado em engenharia costeira.

“Em termos de tsunamis, é mais seguro estar longe da costa, mas também é mais perigoso quando você considera a ação das ondas, em geral, quanto mais você se afasta da terra”.

Embora Sato duvide que a geração nuclear offshore um dia chegue ao Japão, a proposta da Sevan pode oferecer algum atrativo na costa de Fukushima, como um símbolo representando os esforços para revitalizar a região, disse ele.

“É mais fácil aceitar esse tipo de instalação em um lugar com circunstâncias específicas como Fukushima”, disse Sato.

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