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George Santos se declara culpado em acusações de fraude para evitar julgamento nos EUA

Segundo a imprensa americana, com a confissão, o ex-deputado norte-americano e filho de brasileiros pode ter pena mínimo de dois anos

George Santos, ex-deputado dos EUA (Mandel NGAN/AFP)

George Santos, ex-deputado dos EUA (Mandel NGAN/AFP)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter da Home

Publicado em 19 de agosto de 2024 às 17h47.

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George Santos, ex-deputado norte-americano e filho de brasileiros, se declarou culpado das acusações de fraude durante uma audiência judicial nesta segunda-feira, 19. Com a confissão, Santos evita ir a julgamento a partir do dia 9 de setembro, o que poderia culminar em até 22 anos de prisão.

Em maio de 2023, o político foi acusado de usar fundos de campanha para pagar despesas pessoais e realizar cobranças indevidas em cartões de crédito de doadores, sem autorização. As investigações também revelaram que Santos recebeu benefícios destinados a pessoas desempregadas, embora estivesse trabalhando.

Até agora, o ex-deputado havia se declarado inocente das 23 acusações feitas pela promotoria (13 delas em maio passado e dez em outubro) e chegou a afirmar que as acusações na Justiça eram "uma caça às bruxas".

Durante a audiência em Nova York, ele se declarou culpado das acusações. O ex-deputado também concordou em pagar US$ 373 mil (cerca de R$ 2 milhões) em restituição. No entanto, a sentença será divulgada apenas em 7 de fevereiro de 2025.

"Lamento profundamente minha conduta e o dano que ela causou. Aceito total responsabilidade por minhas ações", disse ao tribunal, segundo o jornal New York Times.

Segundo a agência Reuters, a confissão de Santos pode garantir um mínimo de dois anos de prisão, enquanto a BBC afirma que o juiz estimou uma pena entre seis e oito anos de prisão pelas acusações que ele confessou.

Por causa desses escândalos, George Santos teve seu mandato cassado no final do ano passado, e sua cadeira foi assumida no Congresso dos EUA por um democrata.

Uma investigação bipartidária do Comitê de Ética da Câmara dos Representantes revelou que ele utilizou dinheiro de campanha em procedimentos de botox, compras de produtos de luxo e em uma plataforma de conteúdo adulto.

Após a perda do mandato, Santos começou a negociar um acordo de confissão com os promotores dos Estados Unidos, embora inicialmente tenha se declarado inocente.

Quem é George Santos?

Filho de imigrantes brasileiros, George Santos, de 36 anos, se apresentou como a "nova cara do Partido Republicano" e construiu uma figura de candidato nas eleições legislativas de novembro de 2022, baseada em mentiras sobre sua educação, religião, experiência profissional, bens e salários. Ele chegou a falsificar sua história familiar, afirmando ser descendente de judeus sobreviventes do Holocausto que fugiram da barbárie nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Uma investigação realizada pelo jornal The New York Times, quando ele já estava no Congresso dos EUA, revelou suas mentiras. Entre os crimes pelos quais Santos é acusado estão fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, apropriação indevida de fundos públicos e mentir ao comitê eleitoral federal.

Segundo a promotoria, o ex-deputado enganou doadores de sua campanha ao transferir dinheiro para sua própria conta e usá-lo para pagar dívidas pessoais, comprar roupas de grife ou fazer pagamentos com os cartões de crédito de seus próprios apoiadores sem autorização. Ele também é acusado de receber benefícios de desemprego aos quais não tinha direito durante a pandemia de coronavírus, antes de sua eleição.

Em dezembro passado, a Câmara dos Representantes expulsou o republicano, tornando-o o sexto congressista a ser obrigado a abandonar seu cargo na história da instituição. Mais de dois terços de seus colegas votaram para expulsá-lo, incluindo mais de cem republicanos. A comissão de ética da Câmara o acusou de ter "desacreditado gravemente" o órgão legislativo.

Sua ex-tesoureira de campanha, Nancy Marks, se declarou culpada no ano passado por manipular os registros financeiros da campanha em coordenação com Santos, incluindo a declaração fraudulenta de um empréstimo fictício de 500 mil dólares (R$ 2,73 milhões, na cotação atual) que Santos afirmou ter feito à sua campanha. Ela pode ser sentenciada a três ou quatro anos de prisão.

O arrecadador de fundos de campanha de Santos, Sam Miele, também se declarou culpado de uma acusação de fraude eletrônica.

(Com O Globo)

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