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G20 dá passo inicial para corrigir desequilíbrio global

Ministros das Finanças do G-20 chegaram a acordo sobre indicadores a serem usados para avaliar se políticas econômicas estão contribuindo para desequilíbrios globais

Encontro dos ministros das Finanças do G20: acordo é o primeiro passo (AFP)

Encontro dos ministros das Finanças do G20: acordo é o primeiro passo (AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2011 às 15h28.

Paris - Após anos de resistência, a China deu sua aprovação ao escrutínio de sua muito criticada política de câmbio, permitindo que as maiores economias do mundo mantenham viva a ambição de criar um sistema de alerta para tentar evitar futuras crises. Mas a China obteve uma concessão importante no acordo fechado hoje pelo Grupo dos 20 (G20) principais países industrializados e em desenvolvimento, conseguindo manter fora do comunicado as reservas estrangeiras como um indicador dos desequilíbrios da economia global.</p>

Os ministros das Finanças do G20, reunidos em Paris, chegaram a um acordo sobre uma lista de indicadores que poderá ser usada para avaliar se suas políticas econômicas estão contribuindo para desequilíbrios globais. "No fim, a China sentiu que não tinha nenhum apoio mesmo de seus tradicionais aliados, que ficaria sozinha neste grupo, cujo papel é evitar crises na economia global", disse um ministro de Finanças do G20. "Isso ficou claro para eles. A China conseguiu uma concessão na medida de conta corrente e acho que eles sentiram que não deveriam insistir mais" em relação ao câmbio.

A China conseguiu outras concessões. O país também se opunha ao uso de déficits em conta corrente. Em vez disso, o G20 concordou em monitorar a balança comercial e a receita líquida de investimentos no exterior. A China tinha insistido que seus ganhos com investimentos das reservas estrangeiras no exterior não deveriam ser incluídas como uma medida de desequilíbrio externo e o compromisso deu ao país boa parte do que era pedido.

Foi acertado que os desequilíbrios externos devem ser avaliados "levando-se em consideração a taxa de câmbio, a política fiscal, a monetária e outras". O comunicado do G20 também inclui outras medidas, tais como dívida pública e poupança privada, que vão sinalizar para o G20 problemas como a necessidade de os EUA reduzirem seu déficit de muitos trilhões e a necessidade de a China estimular o consumo doméstico. Mas isso era visto como pouco significativo comparado com o impacto do iuane desvalorizado.

Os ministros das Finanças do G20 começaram a elaborar uma série de passos destinados a evitar futuras crises que primeiro alerta o grupo da existência de problemas. Numa segunda etapa do processo que deve ser longo, eles devem explorar as raízes dos problemas e recomendar políticas para resolvê-los.


"Concordamos sobre uma lista de indicadores que nos permitirá focar (...) nos desequilíbrios persistentemente grandes que exigem ações políticas", diz o comunicado final do G20. É preciso evitar desalinhamentos persistentes das taxas de câmbio" segundo o comunicado, que ressalta o fato de que o crescimento robusto das economias emergentes pode dar sinais de superaquecimento.

Fortalecimento do G-20

O acordo deve fortalecer a legitimidade do G20. Muitos analistas, economistas e participantes do mercado temiam que o grupo estivesse se tornando apenas retórico. "O acordo será apresentado como um consenso, não uma vitória e também como um passo à frente no G20", disse um representante de um banco central do grupo. "Afinal, mostra a intenção da China de ser flexível em outros fóruns em questões como o ritmo em que permite a valorização do iuane", acrescentou.

Mas a batalha política mais difícil será enfrentada agora pelo G20: debater qual a faixa numérica que o grupo considera uma distorção potencialmente perigosa, caso o G20 possa de fato chegar a algum acordo sobre números. O processo deve levar anos. Mesmo se o G20 concordar na cúpula de líderes de novembro em implementar o sistema de alerta, e um alarme for disparado nos meses seguintes, o grupo terá então de estudar quais são as raízes do problema.

"Estamos caminhando gradualmente para chegar a um consenso sobre formas de avaliar medidas e causas de desequilíbrios externos", disse Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA. "Este processo levará tempo, mas acontecerá, porque todos os países, particularmente as economias emergentes do G20, têm um forte interesse em reduzir o risco de que seu crescimento futuro e estabilidade financeira sejam prejudicados por grandes desequilíbrios globais", acrescentou. As informações são da Dow Jones.

Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, cancelou a entrevista coletiva marcada para esta tarde em Paris. Ele falaria à imprensa após a reunião ministerial do G20, em Paris. O ministro deixou a sede do Ministério de Finanças da França sem sequer falar com a imprensa.


A expectativa era de que Mantega comentasse as negociações do encontro. Os ministros do G20 chegaram hoje a um acordo para tratar dos desequilíbrios globais, que representou vitórias, mas também derrotas, para os países emergentes.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participou da reunião do G20, mas também não quis conversar com jornalistas presentes na cobertura do evento.

Fluxo de capitais

O G20 manteve a aprovação para medidas de contenção de fluxo de capitais pelos países que vêm sofrendo com a valorização de suas moedas. A avaliação já havia sido definida na reunião de cúpula realizada em novembro, em Seul, mas chegou a ser questionada durante as negociações do encontro ministerial realizado durante este final de semana, em Paris.

Chegou-se a falar sobre a introdução de regras e limites para as iniciativas de controle adotadas por nações emergentes. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se posicionou contra as iniciativas e defendeu que cada país deveria decidir o que fazer até porque o Brasil não abriria mão de definir sua política.

No final, o comunicado do G20 trouxe a indicação de que os países trabalham para fortalecer o sistema monetário internacional, incluindo "medidas para lidar com os fluxos de capital potencialmente desestabilizadores", como medidas macroprudenciais.

O grupo também seguirá com a reforma o setor financeiro. A avaliação é a de que, apesar do progresso, ainda há trabalho a ser feito.

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