Funeral de Estado de Chávez teve delegações de 54 países
Os líderes mundiais, começando pelos latino-americanos, se aproximaram por grupos e formaram guardas de honra em silêncio, intercaladas por aplausos
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2013 às 17h50.
O funeral de Estado do presidente Hugo Chávez ocorria nesta sexta-feira na Academia Militar de Caracas na presença de delegações de 54 países, incluindo a maioria dos líderes da América Latina e do Caribe, em uma homenagem solene ao presidente que governou a Venezuela por 14 anos.
Após a cerimônia, Nicolás Maduro prestará juramento como presidente interino, com o objetivo de prosseguir com a revolução chavista após as eleições que devem ser convocadas em menos de 30 dias, uma posse a qual a oposição anunciou que não comparecerá por considerá-la um ato eleitoral.
Com o caixão fechado e coberto com a bandeira venezuelana, o funeral teve início com a leitura dos nomes de todos os presidentes presentes, cuja lista foi iniciada com o cubano Raúl Castro, que, junto ao seu irmão Fidel, foi um grande aliado do falecido presidente.
Em seguida, começou a tocar o hino nacional sob a batuta do famoso maestro venezuelano Gustavo Dudamel, diretor da filarmônica de Los Angeles. Na primeira fila estavam a mãe de Chávez, Elena Frías, além do resto da família, vestida de preto.
Maduro se aproximou do caixão e pegou uma réplica dourada da espada de Simón Bolívar, colocando-a sobre o caixão de Chávez, que se considerou protagonista de uma segunda independência da Venezuela.
"Alerta, alerta que caminha a espada de Bolívar pela América Latina", lançaram os presentes, um lema histórico que os chavistas já mudaram para "Alerta, alerta, alerta que o coração de Chávez caminha pela América Latina".
Os líderes mundiais, começando pelos latino-americanos, se aproximaram por grupos e formaram guardas de honra em silêncio, intercaladas por aplausos.
Os controversos presidentes do Irã, Mahmud Ahmadinejad, inimigo jurado das potências ocidentais, e de Belarus, Alexander Lukashenko, alvo de sanções por parte dos Estados Unidos e da União Europeia, formaram juntos uma guarda.
Junto ao seu filho mais novo, Lukashenko posou suas mãos sobre o caixão enquanto o iraniano o beijou. Ambos choraram.
Durante a cerimônia, foi interpretado um repertório de canções típicas dos Llanos venezuelanos, de onde era oriundo o presidente, que costumava cantá-las em suas intervenções televisionadas.
O corpo de Chávez não será sepultado, e sim exibido por mais seis dias, diante da enorme afluência de venezuelanos à capela ardente na Academia Militar, e será embalsamado para repousar em um museu de Caracas, instalado no que foi seu quartel-geral no frustrado golpe de Estado de 1992.
Todos os presidentes latino-americanos, com exceção do paraguaio Federico Franco, excluído dos organismos regionais, chegaram a Caracas para participar das homenagens a Chávez.
No entanto, a presidente argentina, Cristina Kirchner, que chegou poucas horas após o anúncio de sua morte, e Dilma Rousseff, que esteve durante a noite na capela ardente, partiram antes do início da cerimônia.
"O presidente Chávez foi símbolo de todos os que buscam justiça, o amor e a paz no mundo", disse ao chegar a Caracas o presidente iraniano, que compartilhou com Chávez sua inimizade com Washington e que recebeu apoio do venezuelano para seu programa nuclear.
Os Estados Unidos, considerados um adversário por Caracas, participam com uma delegação de baixo escalão. Os dois países retiraram seus embaixadores em uma das muitas controvérsias que marcaram os quatorze anos (1999-2013) de governo de Chávez.
A Espanha está representada pelo herdeiro da Coroa, Felipe de Borbón, que foi alvo de uma vaia quando, ao chegar, seu nome foi anunciado aos milhares de venezuelanos que se amontoam nos arredores da Academia Militar, também está presente o ator americano Sean Penn, grande admirador de Chávez.
Após o funeral, às 19h00 (20h30 de Brasília), Maduro assumirá a presidência interina e fará "o chamado às eleições quando for a hora, de acordo com a Constituição nos 30 dias seguintes", explicou o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
Os deputados da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) decidiram não assistir.
"Queremos dizer firmemente ao mundo e à Venezuela que hoje não assistiremos à sessão da Assembleia Nacional porque consideramos que é mais um ato eleitoral, porque consideramos que é uma violação da lei constitucional venezuelana", disse o parlamentar Ángel Medina.
No entanto, a solenidade da cerimônia no salão de honra da Academia contrastava com o rebuliço no exterior: as pessoas gritavam slogans, canções revolucionárias tocavam nos alto-falantes e os vendedores ambulantes vendiam bebidas e comida.
"Chávez vive, a luta prossegue!", "Queremos ver Chávez", dizia a multidão, que se aglomerava a poucos metros da entrada e se espalhava, ao longo de vários quilômetros, como um imenso rio tingido de vermelho, um simbólico efeito produzido pelas camisas, gorros e boinas com a emblemática cor do chavismo.
Uma mulher em uma cadeira de rodas chorava desconsolada em frente às câmeras de televisão. "Meu presidente morreu, não tenho mais ninguém. Estou há três dias aqui e vejam como estou doente", gritava ao mostrar as feridas em suas pernas e enxugar as lágrimas.
Mais de dois milhões de pessoas, segundo o executivo, se deslocaram de todo o país para se despedir de seu líder.
Não foram divulgadas imagens do rosto de Chávez, mas um jornalista da AFP que pôde se aproximar do caixão afirmou que, "vestido impecavelmente com um terno verde oliva e gravata preta, coroado com sua emblemática boina vermelha, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mostra um rosto sereno, apesar do rigor da morte".
"Não importa quantas horas esperamos, mas vamos ficar aqui até que o vejamos", afirmou Luis Herrera, utilizando a boina vermelha popularizada pelo líder venezuelano, falecido na terça-feira aos 58 anos, depois de batalhar por quase dois anos contra um câncer.
Os opositores ao presidente lamentam a divisão da sociedade venezuelana que Chávez alimentou com seu discurso agressivo e polarizador.
"Aqui se aprendeu a odiar, insultar e humilhar entre nós mesmos, inclusive chegou a separar famílias, a provocar disputas entre familiares por não compartilharem seus ideais", disse à AFP Rafael, que preferiu não fornecer seu sobrenome.
O funeral de Estado do presidente Hugo Chávez ocorria nesta sexta-feira na Academia Militar de Caracas na presença de delegações de 54 países, incluindo a maioria dos líderes da América Latina e do Caribe, em uma homenagem solene ao presidente que governou a Venezuela por 14 anos.
Após a cerimônia, Nicolás Maduro prestará juramento como presidente interino, com o objetivo de prosseguir com a revolução chavista após as eleições que devem ser convocadas em menos de 30 dias, uma posse a qual a oposição anunciou que não comparecerá por considerá-la um ato eleitoral.
Com o caixão fechado e coberto com a bandeira venezuelana, o funeral teve início com a leitura dos nomes de todos os presidentes presentes, cuja lista foi iniciada com o cubano Raúl Castro, que, junto ao seu irmão Fidel, foi um grande aliado do falecido presidente.
Em seguida, começou a tocar o hino nacional sob a batuta do famoso maestro venezuelano Gustavo Dudamel, diretor da filarmônica de Los Angeles. Na primeira fila estavam a mãe de Chávez, Elena Frías, além do resto da família, vestida de preto.
Maduro se aproximou do caixão e pegou uma réplica dourada da espada de Simón Bolívar, colocando-a sobre o caixão de Chávez, que se considerou protagonista de uma segunda independência da Venezuela.
"Alerta, alerta que caminha a espada de Bolívar pela América Latina", lançaram os presentes, um lema histórico que os chavistas já mudaram para "Alerta, alerta, alerta que o coração de Chávez caminha pela América Latina".
Os líderes mundiais, começando pelos latino-americanos, se aproximaram por grupos e formaram guardas de honra em silêncio, intercaladas por aplausos.
Os controversos presidentes do Irã, Mahmud Ahmadinejad, inimigo jurado das potências ocidentais, e de Belarus, Alexander Lukashenko, alvo de sanções por parte dos Estados Unidos e da União Europeia, formaram juntos uma guarda.
Junto ao seu filho mais novo, Lukashenko posou suas mãos sobre o caixão enquanto o iraniano o beijou. Ambos choraram.
Durante a cerimônia, foi interpretado um repertório de canções típicas dos Llanos venezuelanos, de onde era oriundo o presidente, que costumava cantá-las em suas intervenções televisionadas.
O corpo de Chávez não será sepultado, e sim exibido por mais seis dias, diante da enorme afluência de venezuelanos à capela ardente na Academia Militar, e será embalsamado para repousar em um museu de Caracas, instalado no que foi seu quartel-geral no frustrado golpe de Estado de 1992.
Todos os presidentes latino-americanos, com exceção do paraguaio Federico Franco, excluído dos organismos regionais, chegaram a Caracas para participar das homenagens a Chávez.
No entanto, a presidente argentina, Cristina Kirchner, que chegou poucas horas após o anúncio de sua morte, e Dilma Rousseff, que esteve durante a noite na capela ardente, partiram antes do início da cerimônia.
"O presidente Chávez foi símbolo de todos os que buscam justiça, o amor e a paz no mundo", disse ao chegar a Caracas o presidente iraniano, que compartilhou com Chávez sua inimizade com Washington e que recebeu apoio do venezuelano para seu programa nuclear.
Os Estados Unidos, considerados um adversário por Caracas, participam com uma delegação de baixo escalão. Os dois países retiraram seus embaixadores em uma das muitas controvérsias que marcaram os quatorze anos (1999-2013) de governo de Chávez.
A Espanha está representada pelo herdeiro da Coroa, Felipe de Borbón, que foi alvo de uma vaia quando, ao chegar, seu nome foi anunciado aos milhares de venezuelanos que se amontoam nos arredores da Academia Militar, também está presente o ator americano Sean Penn, grande admirador de Chávez.
Após o funeral, às 19h00 (20h30 de Brasília), Maduro assumirá a presidência interina e fará "o chamado às eleições quando for a hora, de acordo com a Constituição nos 30 dias seguintes", explicou o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
Os deputados da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) decidiram não assistir.
"Queremos dizer firmemente ao mundo e à Venezuela que hoje não assistiremos à sessão da Assembleia Nacional porque consideramos que é mais um ato eleitoral, porque consideramos que é uma violação da lei constitucional venezuelana", disse o parlamentar Ángel Medina.
No entanto, a solenidade da cerimônia no salão de honra da Academia contrastava com o rebuliço no exterior: as pessoas gritavam slogans, canções revolucionárias tocavam nos alto-falantes e os vendedores ambulantes vendiam bebidas e comida.
"Chávez vive, a luta prossegue!", "Queremos ver Chávez", dizia a multidão, que se aglomerava a poucos metros da entrada e se espalhava, ao longo de vários quilômetros, como um imenso rio tingido de vermelho, um simbólico efeito produzido pelas camisas, gorros e boinas com a emblemática cor do chavismo.
Uma mulher em uma cadeira de rodas chorava desconsolada em frente às câmeras de televisão. "Meu presidente morreu, não tenho mais ninguém. Estou há três dias aqui e vejam como estou doente", gritava ao mostrar as feridas em suas pernas e enxugar as lágrimas.
Mais de dois milhões de pessoas, segundo o executivo, se deslocaram de todo o país para se despedir de seu líder.
Não foram divulgadas imagens do rosto de Chávez, mas um jornalista da AFP que pôde se aproximar do caixão afirmou que, "vestido impecavelmente com um terno verde oliva e gravata preta, coroado com sua emblemática boina vermelha, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mostra um rosto sereno, apesar do rigor da morte".
"Não importa quantas horas esperamos, mas vamos ficar aqui até que o vejamos", afirmou Luis Herrera, utilizando a boina vermelha popularizada pelo líder venezuelano, falecido na terça-feira aos 58 anos, depois de batalhar por quase dois anos contra um câncer.
Os opositores ao presidente lamentam a divisão da sociedade venezuelana que Chávez alimentou com seu discurso agressivo e polarizador.
"Aqui se aprendeu a odiar, insultar e humilhar entre nós mesmos, inclusive chegou a separar famílias, a provocar disputas entre familiares por não compartilharem seus ideais", disse à AFP Rafael, que preferiu não fornecer seu sobrenome.