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Frente síria jura lealdade à Al-Qaeda

Ainda assim, a frente declarou que deseja manter sua identidade, de modo que rejeita a fusão com o braço iraquiano da rede extremista


	Prédio destruído na cidade de Alepo: a violência não dá trégua no país
 (Dimitar Dilkoff/AFP)

Prédio destruído na cidade de Alepo: a violência não dá trégua no país (Dimitar Dilkoff/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2013 às 13h15.

Damasco - A Frente Al-Nusra, na linha de frente do combate contra o regime sírio, anunciou nesta quarta-feira lealdade ao chefe da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, mas que deseja manter sua identidade, de modo que rejeita a fusão com o braço iraquiano da rede extremista.

"Nós, a Frente Al-Nusra, juramos lealdade ao xeque Ayman al-Zawahiri (...)", afirmou o chefe da Al-Nusra, Abu Mohammed al-Julani, em uma mensagem sonora divulgada em fóruns jihadistas.

O grupo, no entanto, se distanciou do anúncio de fusão realizado na terça-feira pelo braço iraquiano da Al-Qaeda.

Irritado com o anúncio feito na véspera pelos jihadistas iraquianos de criar um Estado Islâmico do Iraque e do Levante incluindo a Frente Al-Nusra, Al-Julani considerou que esta declaração era prematura e poderia prejudicar as relações da Al-Nusra com outras facções que lutam contra o regime de Assad.

"Nós informamos que nem o comando da Al-Nusra, nem sua Shura (conselho consultivo), nem seu responsável geral estavam cientes deste anúncio. Eles se inteiraram através dos meios de comunicação e, caso o discurso divulgado seja autêntico, não fomos consultados", afirmou.

Para ele, o anúncio dos jihadistas iraquianos não foi apropriado. "Nós adiamos o anúncio da filiação (à Al-Qaeda) por causa da particularidade da Síria", disse ele, argumentando que este adiamento foi decidido em consulta com outras facções islâmicas.


Na terça-feira, o chefe do ISI, Abu Bakr al-Bagdadi, anunciou que "já era a hora de proclamar ao mundo inteiro que a Frente al-Nusra é um braço do Estado islâmico do Iraque".

Os dois grupos, acrescentou, se federarão e passarão a se chamar Estado Islâmico no Iraque e em Levante. O Estado Islâmico do Iraque é responsável, sob a liderança da Al-Qaeda, por vários grupos jihadistas.

Embora tenha reconhecido o apoio financeiro e militar da Al-Qaeda no Iraque, que "aprovou a proposta de Al-Nusra para salvar nossos irmãos oprimidos na Síria e nos deu algum dinheiro para o projeto do Estado Islâmico do Iraque", Al-Julani considerou que esta declaração pode causar problemas nas fileiras da rebelião.

"A Frente Al-Nusra permanecerá leal a sua imagem. Não queremos precipitar as coisas com o anúncio de um Estado islâmico porque nas regiões libertadas a sharia já é uma realidade, para as resoluções dos conflitos, para a aspiração à segurança. Portanto, este anúncio não se faz necessário", ressaltou.

"Em todo caso, o Estado islâmico na Síria será construído por todos, sem exclusão de nenhuma parte que participa da jihad e do combate na Síria", defendeu.

De fato, a AFP constatou que em Aleppo um tribunal islâmico rege a vida dos bairros rebeldes. Casamento, herança, contratos comerciais, tudo passa por esta instância administrada por juízes e advogados que aderiram à rebelião e agora estão sob influência da Frente islamita.

Em Londres, o primeiro-ministro rebelde sírio, Ghassan Hitto, que se reunirá com vários ministros das Relações Exteriores de países do G8, entre eles o americano John Kerry, deve reiterar o pedido da oposição por armas para derrubar o regime de Bashar al-Assad.

Um membro do governo americano afirmou nesta quarta-feira que os Estados Unidos analisam a maneira de fornecer apoio à oposição síria.

Trata-de de "discutir a criação de um governo de transição que reflita as aspirações legítimas do povo" sírio, ressaltou.

A violência não dá trégua no país. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), na terça-feira, 162 pessoas morreram, incluindo 23 civis, 81 rebeldes e 58 soldados.

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