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França vota para presidente com Macron e Le Pen como favoritos

Le Pen e Macron já disputaram o segundo turno em 2017, quando o centrista venceu com 66,1% de votos

Emmanuel Macron (Chesnot/Getty Images)
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AFP

Publicado em 6 de abril de 2022 às 08h53.

Quase 50 milhões de franceses estão registrados para votar no próximo domingo (10) e escolher o presidente do país, com o atual chefe de Estado de centro Emmanuel Macron e a candidata de extrema-direita Marine Le Pen como favoritos, após uma campanha atípica marcada pela guerra na Ucrânia.

Dos 10 candidatos restantes, o esquerdista Jean-Luc Mélenchon é o único que aparece nas pesquisas com alguma chance de impedir o segundo turno entre Macron e Le Pen em 24 de abril.

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Le Pen e Macron já disputaram o segundo turno em 2017, quando o centrista venceu com 66,1% de votos. Mas agora, a vantagem é de 3 a 8 pontos, de acordo com as pesquisas.

Embora o cenário pareça repetido cinco anos depois, o país não é o mesmo. Uma pandemia deixou milhões de pessoas confinadas no mundo e a guerra voltou a afetar a Europa, com a invasão russa da Ucrânia.

Um editorial recente do Ouest-France, jornal regional mais vendido do país, cita a guerra na Ucrânia, a luta contra a mudança climática e "conservar a unidade dos franceses" como os principais desafios do próximo chefe de Estado.

A eleição na potência econômica e nuclear será acompanhada com atenção em outros países, especialmente se Le Pen conquistar o que já foi considerado impossível por alguns: levar a extrema-direita ao poder. Isto pode ser um novo revés para a União Europeia (UE).

"Perigo extremista"

O conflito no leste da Europa deu impulso à candidatura de Macro, mas a imagem do favorito nas pesquisas foi abalada na reta final da campanha por uma polêmica sobre o uso em larga escala de consultorias pelo governo.

A polêmica provocou o retorno da imagem de "presidente dos ricos", que já havia afetado o governo durante o movimento dos "coletes amarelos", protestos que abalaram a primeira metade de seu mandato com as críticas à política do governo para as classes populares.

Macron, que adiou até o último momento o início da campanha, decidiu não participar em debates debates antes do primeiro turno. Seus rivais, como a direitista Valérie Pécresse, o criticaram pela "fuga escandalosa"".

O candidato do partido A República Em Marcha (LREM) apostou em grandes entrevistas coletivas ou conversas com os cidadãos para expor seu programa, que retoma que retoma o impulso reformista interrompido pela pandemia. A principal medida: adiar a idade de aposentadoria para 65 anos.

Em meio aos temores de uma elevada abstenção, que uma pesquisa do instituto Ipsos/SopraSteria calcula que atingirá 30% no domingo, Macron pediu aos eleitores uma "mobilização geral" para evitar o "perigo extremista".

"O poder do dinheiro"

O presidente-candidato também intensificou os ataques contra Le Pen por sua suposta "complacência" com o presidente russo, Vladimir Putin, com quem a candidata se reuniu em 2017. O partido dela também paga um empréstimo milionário a credores russos.
A invasão russa da Ucrânia, porém, não prejudicou a imagem da candidata do Reunião Nacional (RN), que se apresentou como defensora do poder aquisitivo, deixando em segundo plano suas polêmicas propostas sobre migração.

Os temas da extrema-direita dominavam o debate no final de 2021, mas foram deixados de lado à medida que as crises marcaram o ritmo da campanha: da pandemia à guerra, passando pelos distúrbios na Córsega ou o aumento dos preços da energia.

"Entre Macron e nós, você tem que escolher entre o poder do dinheiro que beneficia poucos e o poder aquisitivo que beneficia a todos", resumiu Le Pen, em uma tentativa de reorientar o debate para um duelo inevitável.

A entrada em cena de uma candidatura rival de Le Pen, a do extremista Éric Zemmour, ajudou a moderar a imagem da candidata da RN. Ao contrário de 2017, ela suavizou o discurso, embora seu programa mantenha as ideias tradicionais da ultradireita.

"Ao alcance da mão"

A grande surpresa do primeiro turno pode ser Mélenchon, que se apresenta como o candidato do voto "útil" em uma esquerda dividida.

"Sentimos nosso destino ao alcance da mão", declarou na terça-feira durante um comício.

Para alcançar o objetivo, ele precisa superar Macron e Le Pen, que registram mais de 20% das intenções de voto.

O esquerdista aparece com 15%, seguido por Zemmour (9%), Pécresse (8%) e o ecologista Yannick Jadot (5%). Abaixo desta barreira, necessária para garantir o financiamento de campanha, aparecem o comunista Fabien Roussel (2,5%), a socialista Anne Hidalgo (2%) e os demais candidatos.

Se as urnas confirmarem as pesquisas, o resultado aprofundará a queda dos partidos tradicionais - o Partido Socialista do ex-presidente François Hollande (2012-2017) e o partido Os Republicanos (direita tradicional) de Nicolas Sarkozy (2007-2012) - e a recomposição iniciada em 2017 com a entrada em cena do centrista Macron.

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