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França tem mobilização recorde contra reforma de Sarkozy

Paris - Os sindicatos franceses venceram nesta terça-feira uma arriscada aposta com uma mobilização recorde, em uma nova jornada de greves e protestos contra a reforma das aposentadorias, embora o governo conservador de Nicolas Sarkozy tenha advertido que não dará o braço a torcer. Os sindicatos anunciaram a presença de 3,5 milhões de pessoas nas […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 17h37.

Paris - Os sindicatos franceses venceram nesta terça-feira uma arriscada aposta com uma mobilização recorde, em uma nova jornada de greves e protestos contra a reforma das aposentadorias, embora o governo conservador de Nicolas Sarkozy tenha advertido que não dará o braço a torcer.

Os sindicatos anunciaram a presença de 3,5 milhões de pessoas nas 244 manifestações convocadas em todo o país, o triplo da estimativa do governo, de 1,2 milhão de pessoas nas ruas.

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Mas, de qualquer forma, essas avaliações superam as anunciadas por ambas as partes nas três jornadas de luta anteriores convocadas desde o início de setembro (que iam de 2,5 milhões a 3 milhões para os sindicatos e de 900.000 a um milhão para a polícia).

O Ministério do Interior atribuiu a resposta da população nesta terça-feira à "forte presença de estudantes secundários" nas marchas.

"Foi a maior jornada de protestos" desde o começo da mobilização, disse Bernard Thibault, secretário-geral da CGT, maior sindicato da França.

Apesar da mobilização, o governo descartou novas concessões nessa reforma, a principal do governo Sarkozy, cujos pontos mais polêmicos -aumentar de 60 para 62 anos a idade mínima legal para se aposentar e de 65 para 67 anos para a obtenção de uma aposentadoria completa- já foram aprovados pelos senadores.

O Executivo modificou alguns pontos do projeto inicial, ao conceder ajustes em favor das mães de três filhos, daqueles que começaram a trabalhar jovens ou que realizam trabalhos difíceis. Mas deixou claro que não irá além.

O governo "está decidido a levar até o final" esta reforma porque é "razoável, justa e indispensável", indicou nesta terça-feira aos deputados o primeiro-ministro François Fillon.

Trabalhadores ferroviários e funcionários públicos e do setor privado, assim como jovens professores e até bombeiros engrossavam a manifestação parisiense que partiu às 14h00 locais de Montparnasse (sul) em direção à Praça da Bastilha.

Estavam presentes na marcha milhares de estudantes do ensino secundário, um fator preocupante para alguns na mobilização social contra a reforma das aposentadorias.

"Se todo mundo se mobilizar, algo vai acontecer", afirmou Louise, de 15 anos, estudante no famoso Liceu Victor Hugo.

A alguns metros, Isabelle Reigner, professora de História de mais de 50 anos, disse acreditar que "esta mobilização mude alguma coisa. Espero a anulação da lei".

As greves desta terça-feira, -apoiadas por 69% dos franceses segundo uma pesquisa do instituto CSA-, indicou uma adesão de 17% a 53% no setor público, segundo as fontes, e foram prolongadas no transporte ferroviário, uma das categorias mais ativas.

Para quarta-feira estão previstas mais assembleias gerais, antes de uma nova jornada de manifestações no sábado.

No aeroporto Roissy-Charles de Gaulle, 30% dos voos foram cancelados e em Orly são 50% cancelamentos, segundo a Direção Geral de Aviação Civil (DGAC).

Em outras áreas estratégicas, onze refinarias das 12 da França estão em greve, que também teve adesões importantes nos setores portuário, químico, energético e metalúrgico.

"Peço ao governo que mostre responsabilidade. Sua teimosia só leva ao risco de um confronto", disse a primeira secretária do Partido Socialista, Martine Aubry, que voltou a pedir a retirada do projeto e a realização de negociações. O governo prevê que a reforma será aprovada definitivamente pelo Parlamento antes do final de outubro.

O desenlace deste conflito pode ser crucial para eventuais planos de reeleição de Sarkozy em 2012.

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