Mundo

França luta para impedir que vazamento de emails distorça eleição

A França é o mais recente país a ver uma grande eleição encoberta por alegações de manipulação por meio de ciberhacking

Macron: vazamento de emails pode influenciar eleições presidenciais na França (Charles Platiau/Reuters)

Macron: vazamento de emails pode influenciar eleições presidenciais na França (Charles Platiau/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 6 de maio de 2017 às 18h01.

Última atualização em 6 de maio de 2017 às 20h28.

PARIS - A França buscava impedir que o vazamento de emails de campanha do líder da disputa presidencial no país Emmanuel Macron influenciasse o resultado da eleição, com um alerta neste sábado de que a republicação das informações poderia ser uma infração criminal.

A equipe de Macron disse que uma invasão "maciça" havia baixado emails, documentos e informações de financiamento de campanhas online antes da campanha ter terminado na sexta-feira e a França entrou em um período de silêncio que proíbe os políticos de comentar sobre o vazamento.

"Às vésperas das eleições mais importantes para as nossas instituições, a comissão convida todos os presentes nos sites da internet e nas redes sociais, principalmente os meios de comunicação, mas também todos os cidadãos, a mostrar responsabilidade e não transmitir esse conteúdo, para não distorcer a sinceridade da votação", disse a comissão eleitoral francesa em um comunicado.

O vazamento de dados surgiu em meio a pesquisas indicando que Macron estava a caminho de uma confortável vitória sobre a líder de extrema-direita Marine Le Pen na eleição de domingo, com os últimos levantamentos mostrando seu aumento de liderança.

"Nós sabíamos que esse tipo de risco estaria presente durante a campanha presidencial, porque aconteceu em outros lugares. Nada será deixado sem uma resposta", disse o presidente francês François Hollande à agência de notícias francesa AFP.

A comissão eleitoral, que supervisiona o processo eleitoral, disse depois de uma reunião de emergência marcada neste sábado que os dados foram obtidos de forma fraudulenta e podem ser misturados com informações falsas.

Cerca de nove gigabytes de dados foram lançados por um usuário chamado EMLEAKS para o Pastebin, um site de compartilhamento de documentos que permite postagem anônima, no final da sexta-feira.

Não estava imediatamente claro quem era o responsável, mas o movimento político de Macron disse em uma declaração que a invasão era uma tentativa de desestabilizar a democracia e danificar o partido.

O partido En Marche! disse que os documentos vazados lidavam com as operações normais de uma campanha e incluíam algumas informações sobre contas da campanha. Segundo o partido, os hackers misturaram documentos falsos à documentos legítimos para "plantar dúvida e desinformação".

A França é o mais recente país a ver uma grande eleição encoberta por alegações de manipulação por meio de ciberhacking após agências de inteligência dos Estados Unidos dizerem em janeiro que o presidente russo Vladimir Putin havia ordenado hackear partidos ligados à candidata democrata à presidência, Hillary Clinton, para influenciar a eleição em favor do republicano Donald Trump.

Vitali Kremez, diretor de pesquisa da empresa de inteligência digital Flashpoint, disse que sua busca indicou que o APT 28, um grupo ligado ao GRU, o diretorado de inteligência militar russo, estava por trás dos vazamentos.

A campanha de Macron já havia reclamado sobre tentativas de invasão a seus emails, culpando interesses russos em parte pelos ataques virtuais.

O Kremlin negou que está por trás de tais ataques, embora a campanha de Macron tenha renovado as reclamações contra a imprensa russa e contra um grupo de hackers operando na Ucrânia.

(Por Adrian Croft e Geert De Clercq; reportagem adicional de Bate Felix, Andrew Callus, Myriam Rivet, Michel Rose, Catherine Lagrange, Jim Finkle e Eric Auchard)

 

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEmmanuel MacronEuropaFrançaMarine Le Pen

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado