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França exorta Irã a reverter violação de acordo nuclear

A China, que como a França é signatária do acordo de 2015, disse lamentar a ação do Irã, mas incentivou todas as partes a demonstrarem moderação

Em comunicado, o presidente francês, Emmanuel Macron, expressou "seu apego ao respeito pelo acordo nuclear de 2015" e pede ao Irã que "reverta sem demora este excesso" (Benoit Tessie/Reuters)

Em comunicado, o presidente francês, Emmanuel Macron, expressou "seu apego ao respeito pelo acordo nuclear de 2015" e pede ao Irã que "reverta sem demora este excesso" (Benoit Tessie/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de julho de 2019 às 10h14.

PARIS/DUBAI — A França exortou o Irã nesta terça-feira a reverter a primeira grande violação cometida pelo país de um acordo nuclear internacional, uma medida que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu como "brincar com fogo", enquanto potências mundiais tentam afastar EUA e Irã de um confronto.

A China, que como a França é signatária do acordo de 2015, disse lamentar a ação do Irã, mas incentivou todas as partes a demonstrarem moderação e disse que a política norte-americana de pressão crescente sobre o Irã é a "causa central das tensões atuais".

O anúncio iraniano de segunda-feira de que o país acumulou mais urânio enriquecido do que o permitido pelo pacto foi confirmado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entidade regulatória da Organização das Nações Unidas (ONU) que monitora o programa nuclear do Irã.

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse que a medida não é uma violação do acordo, argumentando que seu país está exercendo o direito de reagir à saída norte-americana do pacto.

Mas a medida pode ter consequências abrangentes, e veio menos de duas semanas depois de Trump ordenar ataques aéreos ao Irã e cancelá-los na última hora.

O acordo nuclear suspendeu a maioria das sanções internacionais ao Irã em troca de limites às suas atividades nucleares. O pacto almejava ampliar o tempo que Teerã precisaria para produzir uma bomba nuclear, se decidisse fazê-lo, de cerca de 2 a 3 meses para um ano.

A principal exigência iraniana --nas conversas com as partes europeias do pacto e como precondição para qualquer conversa com os EUA-- é ter permissão de vender seu petróleo nos níveis de abril de 2018, antes de Washington romper com o acordo e impor sanções econômicas danosas.

O Irã diz que violará os limites do acordo nuclear um por um até poder vender aquela quantidade de petróleo, afirmando que se trata do mínimo que pode esperar de um acordo que ofereceu benefícios econômicos em troca de restrições nucleares.

As potências europeias, que continuam filiadas ao pacto e tentam preservá-lo, exortaram Teerã a não adotar medidas adicionais que o violariam, mas não chegaram a declarar o acordo nulo ou a anunciar sanções próprias.

Em um comunicado, o presidente francês, Emmanuel Macron, expressou "seu apego ao respeito pelo acordo nuclear de 2015 e pede ao Irã que reverta sem demora este excesso, além de evitar todas as medidas adicionais que colocariam em dúvida seus compromissos nucleares".

O comunicado acrescentou que Macron adotará medidas nos próximos dias para fazer com que o Irã cumpra suas obrigações e continue a se beneficiar das vantagens econômicas do pacto.

A agência de notícias semi-oficial Fars relatou que agora o estoque de urânio enriquecido iraniano ultrapassou o limite de 300 quilos permitido pelo acordo.

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