França aumenta pressão por regulação de commodities
Sarkozy disse que a questão não é impedir que países produtores de alimentos, como o Brasil, se beneficiem da alta dos preços
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 15h51.
A França aumentou a pressão por maior regulação no mercado de commodities. Ao liderar o G-20 neste ano, o presidente do país, Nicolas Sarkozy, colocou o tema da disparada dos preços dos alimentos e da energia em posição central da agenda. As primeiras discussões acontecerão em 18 e 19 de fevereiro, na reunião de ministros de Finanças e presidente de bancos centrais do G-20, em Paris.
Depois de ter anunciado a agenda na semana passada, Sarkozy voltou ao tema hoje, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). Ele disse que a questão não é impedir que países produtores de alimentos, como o Brasil, se beneficiem da alta dos preços. "O que estou dizendo é: ei, tenha cuidado, se há um aumento exponencial dos preços, geralmente há uma queda exponencial dos preços (posteriormente)", afirmou durante discurso.
Ele defende um aperto regulatório no mercado de matérias-primas (commodities) para conter a especulação com alimentos e energia. "Precisamos de regulação porque isso significa transparência."
Sarkozy citou o movimento no mercado de cacau no ano passado como exemplo de situação inaceitável. A tonelada do cacau disparou para a maior cotação desde 1977 em julho de 2010, quando o fundo de hedge Armajaro Holdings comprou quase todo o cacau disponível no mercado europeu.
O tema pode gerar controvérsia com os países produtores que se beneficiam da alta das matérias-primas, até porque a França mantém subsídios a seus agricultores que desagradam os países em desenvolvimento. "Vai ser um jogo de forças", acredita o presidente da Embraer, Frederico Curado. "O Brasil tem todo o direito de defender sua posição, não podemos perder esse bom momento."
Para ele, sem o benefício das commodities, a crise no País teria sido mais grave. Em contrapartida, Curado não deixa de alertar para a possibilidade de desequilíbrio na balança comercial brasileira em razão do déficit dos produtos manufaturados versus o superávit dos produtos básicos.