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França acelera trâmites para proibir stand-up racista

Governo francês acelera os trâmites para proibir os espetáculos de Dieudonné, um humorista condenado por injúrias racistas

Bandeira da França: comediante está no ponto de mira do governo após brincar em dezembro sobre dois jornalistas judeus e as câmaras de gás (Balint Porneczi/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 12h55.

Paris - O governo francês acelera os trâmites para proibir os espetáculos de Dieudonné, um humorista condenado seguidas vezes por piadas antissemitas que gerou uma grande polêmica na França nas últimas semanas, informou nesta segunda-feira a porta-voz do Executivo, Najat Vallaud-Belkacem.

O primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, e o ministro de Interior, Manuel Valls, enviarão nos próximos dias uma circular aos delegados do governo em vários pontos da França para que analisem se as representações do comediante significam ataques "contra a ordem pública".

Dieudonné deve iniciar na próxima quinta-feira uma turnê em Nantes, no oeste da França, com o espetáculo "Lhe Murr", que já estreou em Paris e do que já vendeu cerca de quatro mil entradas a 43 euros.

O comediante está na mira do governo após brincar em dezembro sobre dois jornalistas judeus e as câmaras de gás. No entanto, impedir seus espetáculos pode se chocar com o direito à liberdade de expressão do comediante e juridicamente parece complicado aplicar a censura prévia ao artista.

No entanto, o titular do Interior disse hoje à imprensa que esses espetáculos são "suscetíveis de afetar ao respeito da dignidade das pessoas, por isso não se pode falar de liberdade artística".

Pouco depois do discurso do ministro, o prefeito de Bordeaux (no sudoeste da França) e ex-primeiro-ministro, o conservador Alain Juppé, anunciou que recebeu a circular e que proibirá o espetáculo que Dieudonné tinha programado para 26 de janeiro na cidade.

É uma reviravolta a mais no caso do provocador negro que fez das brincadeiras antissemitas e antisistema sua identidade autoral, mas que também arremete em seus espetáculos contra mulheres, chineses e islamitas.

O comediante foi condenado por injúrias racistas sete vezes, mas não pagou as multas ao se declarar insolvente, apesar do sucesso de público de seus espetáculos e da comercialização de outros produtos, como DVDs, camisetas, bonés e afins.


Dieudonné não aparece como funcionário ou beneficiado das empresas que administram seus espetáculos e seus direitos, mas sua "companheira sentimental" e sua "mãe", segundo o jornal "Le Monde".

A situação levou os ministros de Justiça e do Interior a pedir ao aparelho do Estado que faça o que for necessário para arrecadar as somas ordenadas pelos tribunais, que chegam a milhares de euros.

A polêmica tomou ainda mais envergadura quando o controverso jogador francês Nicolas Anelka, jogador do West Bromwich inglês, comemorou um gol com um gesto conhecido como "quenelle", inventado pelo comediante, para apoiar a seu amigo Dieudonné.

O gesto, que virou a marca de Dieudonné, consiste em estender um braço em direção ao chão e cruzar a outra sobre o ombro, o que muitos associaram à saudação nazista.

Anelka alegou que é apenas um gesto "antisistema" e não antissemita e prometeu a seu clube não voltar a comemorar um gol desse jeito para evitar mal-entendidos.

Atualização às 17h21 de 06/01/2013

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Paris - O governo francês acelera os trâmites para proibir os espetáculos de Dieudonné, um humorista condenado seguidas vezes por piadas antissemitas que gerou uma grande polêmica na França nas últimas semanas, informou nesta segunda-feira a porta-voz do Executivo, Najat Vallaud-Belkacem.

O primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, e o ministro de Interior, Manuel Valls, enviarão nos próximos dias uma circular aos delegados do governo em vários pontos da França para que analisem se as representações do comediante significam ataques "contra a ordem pública".

Dieudonné deve iniciar na próxima quinta-feira uma turnê em Nantes, no oeste da França, com o espetáculo "Lhe Murr", que já estreou em Paris e do que já vendeu cerca de quatro mil entradas a 43 euros.

O comediante está na mira do governo após brincar em dezembro sobre dois jornalistas judeus e as câmaras de gás. No entanto, impedir seus espetáculos pode se chocar com o direito à liberdade de expressão do comediante e juridicamente parece complicado aplicar a censura prévia ao artista.

No entanto, o titular do Interior disse hoje à imprensa que esses espetáculos são "suscetíveis de afetar ao respeito da dignidade das pessoas, por isso não se pode falar de liberdade artística".

Pouco depois do discurso do ministro, o prefeito de Bordeaux (no sudoeste da França) e ex-primeiro-ministro, o conservador Alain Juppé, anunciou que recebeu a circular e que proibirá o espetáculo que Dieudonné tinha programado para 26 de janeiro na cidade.

É uma reviravolta a mais no caso do provocador negro que fez das brincadeiras antissemitas e antisistema sua identidade autoral, mas que também arremete em seus espetáculos contra mulheres, chineses e islamitas.

O comediante foi condenado por injúrias racistas sete vezes, mas não pagou as multas ao se declarar insolvente, apesar do sucesso de público de seus espetáculos e da comercialização de outros produtos, como DVDs, camisetas, bonés e afins.


Dieudonné não aparece como funcionário ou beneficiado das empresas que administram seus espetáculos e seus direitos, mas sua "companheira sentimental" e sua "mãe", segundo o jornal "Le Monde".

A situação levou os ministros de Justiça e do Interior a pedir ao aparelho do Estado que faça o que for necessário para arrecadar as somas ordenadas pelos tribunais, que chegam a milhares de euros.

A polêmica tomou ainda mais envergadura quando o controverso jogador francês Nicolas Anelka, jogador do West Bromwich inglês, comemorou um gol com um gesto conhecido como "quenelle", inventado pelo comediante, para apoiar a seu amigo Dieudonné.

O gesto, que virou a marca de Dieudonné, consiste em estender um braço em direção ao chão e cruzar a outra sobre o ombro, o que muitos associaram à saudação nazista.

Anelka alegou que é apenas um gesto "antisistema" e não antissemita e prometeu a seu clube não voltar a comemorar um gol desse jeito para evitar mal-entendidos.

Atualização às 17h21 de 06/01/2013

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