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Kadafi reconquista Zawiya; rebelião ganha apoio internacional

Cidade foi alvo de ataques em série pelas forças de Kadafi nos últimos dias

Manifestação a favor de Kadafi na Líbia: combates em Zawiya terminaram na noite de quarta (AFP)

Manifestação a favor de Kadafi na Líbia: combates em Zawiya terminaram na noite de quarta (AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2011 às 11h25.

Trípoli - As tropas de Muamar Kadhafi reconquistaram Zawiya, cidade do oeste da Líbia, e deram prosseguimento ao bombardeio contra o porto petroleiro de Ras Lanuf, no leste, mas os rebeldes registraram uma vitória importante ao obter o reconhecimento diplomático da França antes de reuniões internacionais importantes sobre a guerra civil na Líbia.

Kadhafi, no poder desde 1969, enviou emissários a Europa, antes do início em Bruxelas de dois dias de reuniões da Otan e da União Europeia (UE) para decidir se o Ocidente opta pela prudência ou adota medidas como a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia para impedir os bombardeios contra a população.

O ditador líbio, que acusou o Ocidente de desejar controlar o petróleo do país e a rebelião de estar a serviço da rede terrorista Al-Qaeda, também enviou um representante ao Cairo, se de uma reunião da Liga Árabe no sábado.

Mas as gestões se revelaram infrutíferas. Portugal informou a um dos representantes de Trípoli que considera o regime líbio "acabado", revelou o chefe da diplomacia lusitana, Luis Amado.

A oposição conquistou uma vitória importante ao receber o reconhecimento da França para o Conselho Nacional de Transição (CNT), instalado em Benghazi (1.000 km ao leste de Trípoli).

Paris considera o CNT o "único representante legítimo do povo líbio" e anunciou que enviará um embaixador à capital rebelde, informou um representante do conselho após um encontro com o presidente Nicolas Sarkozy.

O reconhecimento foi confirmado pela presidência francesa.

A Rússia decretou um embargo sobre as vendas de armas para a Líbia, como parte das sanções aprovadas pela ONU contra o regime de Kadhafi.


Mas no campo de batalha o regime parece ter sido bem sucedido na contraofensiva para reconquistar territórios perdidos desde o início da revolta, em 15 de fevereiro.

As forças de Kadhafi reconquistaram Zawiya, o bastião rebelde mais próximo da capital (40 km ao oeste de Trípoli), após vários dias de violentos combates, infirmou um morador por telefone à AFP.

"Os combates terminaram ontem à noite", disse a fonte, que pediu anonimato.

Na frente leste, um caça bombardeou posições rebeldes na cidade de Ras Lanuf, a área mais avançada dos insurgentes nesta região do país.

Na quarta-feira, os bombardeios provocaram um grande incêndio nas proximidades da refinaria de As Sidra.

A guerra já provocou centenas de mortes e a fuga de 200.000 pessoas. Segundo o CNT, 400 pessoas morreram apenas nos ataques de Kadhafi no leste.

O presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Jakob Kellenberger, informou em Genebra que a instituição se prepara para enfrentar o "pior" na Líbia.

"Sempre temos que nos preparar para o pior. Neste caso específico, temos que estar preparados para uma intensificação dos combates", afirmou.

Os preços do petróleo seguiam com tendência de alta. No mercado asiático, o barril do West Texas Intermediate (designação do "light sweet crude" negociado nos Estados Unidos) ganhava 44 centavos, a 104,82 dólares. A cotação do Brent do Mar do Norte subia 56 centavos, a US$ 116,50.

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