Fome mata 10 refugiados por dia em campos na Nigéria
Banki, próximo à fronteira camaronesa, caiu nas mãos do Boko Haram, mas foi libertada em setembro e abriga um campo de refugiados há 3 meses
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2016 às 17h22.
Ao menos 10 refugiados morrem de fome todos os dias no campo de Banki, norte da Nigéria , onde são acolhidas as pessoas que fogem da violência do grupo jihadista Boko Haram.
Banki, pequena localidade a 130 km ao sudoeste de Maiduguri, próximo à fronteira camaronesa, caiu nas mãos do Boko Haram, mas foi libertada em setembro pelo exército.
Lá foi aberto há três meses um centro de refugiados, mas "há um grande número de mortes todos os dias pela falta de alimentos", indicou um miliciano antiextremista.
"Entre 10 e 11 homens, mulheres e crianças morrem de fome a cada dia", explicou. "Contamos 376 túmulos de refugiados no cemitério de Bulachira, de pessoas mortas nos últimos três meses", acrescentou.
Um soldado que voltou a Banki após a libertação da cidade, e que pediu para ficar sob anonimato, relatou fatos similares.
"Ao menos 10 pessoas são enterradas a cada dia no cemitério (...), o campo inteiro está sofrendo com a fome. As pessoas estão esqueléticas (...); se ninguém intervir, correremos o risco de sofrer uma imensa catástrofe", advertiu,
As Nações Unidas estimaram em maio que 9,2 milhões de habitantes da região do lago Chade, fronteira natural entre a Nigéria, Níger, Chade e Camarões, estavam com falta de alimentos.
No campo de Dalori, que acolhe aproximadamente 20.000 pessoas, os refugiados denunciam essa situação e as crianças, sobretudo, sentem falta de comida.
"A quantidade de comida para todos os ocupantes deste quarto é tão pequena que poderia ser consumida por esse menino", ironizou Aisha Bala, de 35 anos, apontando para uma criança de seis anos, durante uma visita da AFP no mês passado.
"Mortos-vivos"
Segundo Ahmed Satomi, secretário-executivo da Agência de Emergências do estado nigeriano de Borno, há duas semanas foi enviado um material de socorro ao campo de Banki, onde vivem cerca de 10.000 refugiados.
Mas os soldados afirmam que este campo não recebeu nenhuma ajuda do estado de Borno e que somente a Unicef abasteceu os reservatórios de água e de material de saúde em abril.
"Nos preparamos para enviar milho e arroz", que deveria alimentar os refugiados durante os "próximos quarenta dias", assegurou Satomi.
"Banki pode ser abastecida desde Amchide, no vizinho Camarões", tanto que "o abastecimento de Bama, que acolhe muitos outros desabrigados, depende exclusivamente de Maiduguri", capital de Borno, explicou.
A insurreição de Boko Haram provocou ao menos 20.000 mortos e deixou mais de 2,6 milhões de refugiados desde 2009.
O governo nigeriano pede ao refugiados que retornem aos seus lares nas zonas libertas do Boko Haram, mas seus campos e casas foram destruídos pelo conflitos.
No ano passado, as autoridades de saúde avaliaram 6.500 crianças em estado de desnutrição nos campos de refugiados de Borno. Em fevereiro, avaliaram em 25.000 as crianças com "sintomas moderados" de desnutrição.
Segundo o miliciano e o soldado interrogados pela AFP, o exército compartilha suas comidas com os refugiados, mas eles não têm acesso a cuidados médicos nem a medicamentos essenciais como o paracetamol.
"São mortos-vivos", definiu o soldado. Sem a comida do exército, "pouquíssimos teriam sobrevivido", insistiu.
Ao menos 10 refugiados morrem de fome todos os dias no campo de Banki, norte da Nigéria , onde são acolhidas as pessoas que fogem da violência do grupo jihadista Boko Haram.
Banki, pequena localidade a 130 km ao sudoeste de Maiduguri, próximo à fronteira camaronesa, caiu nas mãos do Boko Haram, mas foi libertada em setembro pelo exército.
Lá foi aberto há três meses um centro de refugiados, mas "há um grande número de mortes todos os dias pela falta de alimentos", indicou um miliciano antiextremista.
"Entre 10 e 11 homens, mulheres e crianças morrem de fome a cada dia", explicou. "Contamos 376 túmulos de refugiados no cemitério de Bulachira, de pessoas mortas nos últimos três meses", acrescentou.
Um soldado que voltou a Banki após a libertação da cidade, e que pediu para ficar sob anonimato, relatou fatos similares.
"Ao menos 10 pessoas são enterradas a cada dia no cemitério (...), o campo inteiro está sofrendo com a fome. As pessoas estão esqueléticas (...); se ninguém intervir, correremos o risco de sofrer uma imensa catástrofe", advertiu,
As Nações Unidas estimaram em maio que 9,2 milhões de habitantes da região do lago Chade, fronteira natural entre a Nigéria, Níger, Chade e Camarões, estavam com falta de alimentos.
No campo de Dalori, que acolhe aproximadamente 20.000 pessoas, os refugiados denunciam essa situação e as crianças, sobretudo, sentem falta de comida.
"A quantidade de comida para todos os ocupantes deste quarto é tão pequena que poderia ser consumida por esse menino", ironizou Aisha Bala, de 35 anos, apontando para uma criança de seis anos, durante uma visita da AFP no mês passado.
"Mortos-vivos"
Segundo Ahmed Satomi, secretário-executivo da Agência de Emergências do estado nigeriano de Borno, há duas semanas foi enviado um material de socorro ao campo de Banki, onde vivem cerca de 10.000 refugiados.
Mas os soldados afirmam que este campo não recebeu nenhuma ajuda do estado de Borno e que somente a Unicef abasteceu os reservatórios de água e de material de saúde em abril.
"Nos preparamos para enviar milho e arroz", que deveria alimentar os refugiados durante os "próximos quarenta dias", assegurou Satomi.
"Banki pode ser abastecida desde Amchide, no vizinho Camarões", tanto que "o abastecimento de Bama, que acolhe muitos outros desabrigados, depende exclusivamente de Maiduguri", capital de Borno, explicou.
A insurreição de Boko Haram provocou ao menos 20.000 mortos e deixou mais de 2,6 milhões de refugiados desde 2009.
O governo nigeriano pede ao refugiados que retornem aos seus lares nas zonas libertas do Boko Haram, mas seus campos e casas foram destruídos pelo conflitos.
No ano passado, as autoridades de saúde avaliaram 6.500 crianças em estado de desnutrição nos campos de refugiados de Borno. Em fevereiro, avaliaram em 25.000 as crianças com "sintomas moderados" de desnutrição.
Segundo o miliciano e o soldado interrogados pela AFP, o exército compartilha suas comidas com os refugiados, mas eles não têm acesso a cuidados médicos nem a medicamentos essenciais como o paracetamol.
"São mortos-vivos", definiu o soldado. Sem a comida do exército, "pouquíssimos teriam sobrevivido", insistiu.