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FMI: finanças continuam sendo fraqueza da recuperação

Fundo considera que culpa do stress atual dos mercados é da alta dívida pública dos países desenvolvidos

Conferência do FMI na capital norte-americana, Washington (Stephen Jaffe/AFP)

Conferência do FMI na capital norte-americana, Washington (Stephen Jaffe/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Washington - O setor financeiro mundial continua sendo o calcanhar de Aquiles de uma recuperação econômica sólida e balanceada, alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em seu relatório semestral divulgado nesta terça-feira.

Os países avançados, com uma dívida pública elevada, são os que possuem a maior parte da culpa por este nervosismo nos mercados, enquanto que os emergentes, entre eles os da América Latina, demonstraram sua resistência, apesar de, ao mesmo tempo, atraem um excesso de capitais externos, explicou o Fundo.

"O sistema financeiro mundial se encontra ainda num período de significativa incerteza e continua sendo o calcanhar de Aquiles da recuperação econômica", explicou o relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial.

"Os transtornos recentes nos mercados europeus da dívida soberana destacaram a maior a vulnerabilidade dos balanços bancários e soberanos como resultado da crise", acrescenta o texto.

As reformas financeiras internacionais continuam em grande parte inacabadas, criticaram os especialistas do Fundo.

Os países avançados deverão seguir concentrados em sanear seus respectivos setores bancários, deverão reforçar suas balanças fiscais e impulsionando a reforma regulatória para que não volte a se repetir a crise de 2007 e 2008.


Na Europa, apesar das vigorosas medidas de ajuda coordenada dos membros da zona euro, "os bancos de segunda categoria e os bancos de países cujos diferenciais soberanos ainda se encontram submetidos à pressão continuam tendo apenas um acesso limitado aos mercados de fundo e devem fazer frente a custos cada vez maiores", explica o estudo.

Nos Estados Unidos, a fragilidade do setor imobiliário, que gerou a explosão da bolha financeira, constitui outro desafio, segundo o texto.

Em compensação, os mercados emergentes demonstraram globalmente "ser muito resistentes às tensões soberanas e bancárias nas economias avançadas, e a maioria conservou o acesso aos mercados internacionais de capital".

Esses países em geral resultaram cada vez mais atraentes para os investidores por causa da relativa fortaleza de suas contas internas, em comparação com os países europeus como Grécia, Portugal ou Espanha.

O FMI recordou que "persiste a preocupação de que os países destinatários dos ativos redistribuídos possam experimentar um acúmulo de riscos megafinanceiros".

Segundo o Instituto de Finanças Internacionais, uma entidade que agrupa grandes banqueiros internacionais, os países emergentes poderão chegar a receber 825 bilhões de dólares de entrada de fluxos este ano, um aumento de 116% em relação à previsão de abril.


Os países emergentes e, em particular, os latinoamericanos, saíram bem das quedas de notas de classificação de suas emissões de dívida pública.

Desde o início de 2008, os países avançados sofreram 25 reduções de suas respectivas notas de classificação, enquanto que os emergentes subiram em 21 ocasiões, apenas em 2010, a maioria deles na América Latina, ressalta o Fundo.

Os níveis de dívida pública continuarão sendo elevados nos países riscos em médio prazo, enquanto que baixarão para os países emergentes, que continuam sendo a locomotiva da economia mundial.

Isso não significa que todas as decisões da política econômica tenham sido acertadas nesse grupo de países.

O Fundo advertiu que os controles da entrada de capital externo no Brasil, Indonésia e Coreia do Sul não dão mostras de terem sido muito efetivos.

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