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FMI defende iuane mais forte e dólar mais fraco

Fundo defende que países emergentes devem deixar sua moeda valorizar, o que inclui o real brasileiro

O economista chefe do FMI, Olivier Blanchard, fez sua análise durante a assembléia anual da entidade (AFP/Stephen Jaffe)

O economista chefe do FMI, Olivier Blanchard, fez sua análise durante a assembléia anual da entidade (AFP/Stephen Jaffe)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2010 às 15h35.

Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse hoje que para a economia global ser mais equilibrada é necessário que muitas moedas de países emergentes, como o iuane chinês, sejam valorizadas, enquanto as de países desenvolvidos, como o dólar americano, sejam mais fracas.

Hoje, durante a apresentação de seu relatório semestral Perspectivas Econômicas Mundiais, o FMI ressaltou que a recuperação econômica em andamento é "desequilibrada", já que o crescimento é lento no mundo desenvolvido e muito mais consistente no emergente.

Para que essa descompensação seja regulada, o Fundo defendeu um "reequilíbrio externo", ou seja, que os países com déficit elevados, como os Estados Unidos, impulsionem seu setor exportador e os que têm superávit, como a China, estimulem a demanda doméstica.

Esse processo requer, segundo o economista-chefe da instituição, Olivier Blanchard, "a valorização de muitas moedas de países emergentes frente às de muitos países desenvolvidos". De acordo com Blanchard, na primeira categoria está "claramente" o iuane chinês e na segunda, o dólar.

Espera-se que o valor das moedas seja um dos principais temas de discussão durante a assembleia anual do FMI e do Banco Mundial nesta semana em Washington, e que seja pauta também do encontro de ministros de Finanças do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes), na sexta-feira.

O dólar está agora próximo aos níveis mais baixos dos últimos 15 anos frente ao iene. A tendência fez com que, no mês passado, o Japão interviesse no mercado para desvalorizar sua moeda, o que foi reproduzido por outros mercados emergentes e suscitou o temor de uma guerra de divisas.

O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, afirmou no final do mês passado que, a partir da intervenção de Tóquio, crê que o mundo esteja imerso em uma guerra comercial e de taxas de câmbio e acrescentou que os países buscam obter vantagens mediante a manipulação de suas moedas.

O Brasil deu sinal verde na semana passada para um aumento de 4% no imposto aplicado aos investidores estrangeiros que compram bônus locais, com o objetivo de tentar frear a alta do real.

A China é o país mais criticado pelos economistas, já que apesar de anunciar em junho que permitiria a oscilação de sua moeda de acordo com as forças do mercado, o valor do iuane se manteve sem grandes alterações.

O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, declarou hoje ao jornal "Financial Times" que está começando a circular "a ideia de que as divisas podem ser usadas como arma" para a definição de políticas.

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, pediu hoje à União Europeia (UE) que pare de pressionar Pequim para que valorize o iuane, ao alegar que uma mudança rápida no câmbio poderia desencadear uma desastrosa instabilidade social na China.

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