Fluxo de imigrantes cubanos para os EUA sofre grande redução
Fluxo teve forte queda desde o fim de uma política preferencial norte-americana de asilo que os beneficiava
Reuters
Publicado em 28 de abril de 2017 às 11h19.
Havana - O número de imigrantes cubanos que vão para os Estados Unidos em viagens perigosas por terra ou mar diminuiu consideravelmente desde o fim de uma política preferencial norte-americana de asilo que os beneficiava, revelaram dados obtidos pela Reuters.
Críticos do governo do líder cubano, Raúl Castro, costumavam indicar o êxodo como uma prova de que os cubanos preferem o capitalismo ao socialismo.
Havana atribuía à política dos EUA, que concedia residência automática a virtualmente todos os cubanos que chegam ao solo norte-americano.
No dia 12 de janeiro o governo do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, revogou o tratamento especial como parte da normalização das relações em curso entre os ex-inimigos da Guerra Fria.
Não se espera que o presidente Donald Trump anule a medida, dada sua postura anti-imigração, e até mesmo muitos republicanos cubano-norte-americanos o apoiaram com relutância, citando abusos da generosidade de Washington.
"Eles fecharam a porta para nós e cortaram nossas asas", disse Juan, eletricista de 27 anos que planejava tentar a travessia pela quarta vez em uma balsa quando a alteração ocorreu.
A Guarda Costeira dos EUA disse ter interceptado 49 cubanos no litoral da Flórida em fevereiro e março deste ano -- foram 407 no mesmo período de 2016. Agora os dominicanos representam o grosso dos imigrantes interceptados na costa da Flórida, que antes era de cubanos.
Só 68 deles chegaram a portos de entrada ao longo da fronteira entre EUA e México em fevereiro e março para fazer alegações críveis de medo de voltar à terra natal, de acordo com a agência de alfândega e proteção de fronteiras dos EUA.
No mesmo período do ano passado a cifra de cubanos que chegaram a estes portos foi de 11.892. Eles buscavam ajuda conforme a política "pé molhado, pé seco", que permitia que qualquer cubano que aportasse em solo norte-americano ficasse, mas que repatriava aqueles flagrados no mar.
"Essa redução é muito significativa quando você leva em conta que, em 2016, a economia cubana encolheu pela primeira vez em uma geração", disse Sarah Stephens, diretora-executiva do Centro para a Democracia nas Américas.
Cuba disse que sua economia recuou 0,9 por cento no ano passado, ecoando a crise na aliada crucial e parceira comercial Venezuela.
Os cubanos que já tentaram entrar no vizinho do norte sem um visto dizem que isso não faz sentido agora, dado o risco de deportação.
Centenas delas foram mandados para casa nos últimos meses, tanto dos EUA quanto de outros países que atravessavam em busca do sonho americano.