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Filipinas e guerrilha assinam acordo após 30 anos de luta

Governo das Filipinas e a guerrilha da Frente Moura de Libertação Islâmica assinaram um acordo de paz após 30 anos de luta interna


	O presidente das Filipinas, Benigno Aquino: "não permitirei que voltem a tirar a paz do meu povo"
 (Getty Images)

O presidente das Filipinas, Benigno Aquino: "não permitirei que voltem a tirar a paz do meu povo" (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2014 às 12h59.

Bangcoc - O governo das Filipinas e a guerrilha da Frente Moura de Libertação Islâmica (FMLI) assinaram nesta quinta-feira um acordo de paz após 30 anos de luta fratricida, em troca da criação de uma região autônoma muçulmana no sul do país.

"Não permitirei que voltem a tirar a paz do meu povo", prometeu o presidente das Filipinas, Benigno Aquino, no discurso antes da assinatura dos documentos diante de mais de mil convidados no recinto do Palácio de Malacañang, a residência dos chefes de Estado filipinos em Manila, em um ato transmitido pela TV.

No palanque, ao lado do líder filipino, também estavam o chefe do grupo muçulmano armado, Murad Ebrahim, a assessora da presidência filipina para o processo de paz, Teresita Deles, e o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, cujo país exerceu de mediador.

A chefe da equipe de negociação do governo filipino, Miriam Coronel-Ferrer, e o negociador principal da FMLI, Mohager Iqbal, rubricaram os documentos, cinco páginas que incluem os acordos principais desde 1997, quando começou o diálogo.

"Hoje comemoramos a vitória do bangsamoro (terra ou povo muçulmano) e do povo filipino", disse Murad em seu discurso, no qual falou sobre um acordo que recolhe as aspirações genuínas do povo muçulmano.

A FMLI renunciou à criação de um Estado islâmico no sul das Filipinas pelo estabelecimento de uma região autônoma em 2015 que se chamará Bangsamoro.

"Hoje abraçamos a paz. Chega de guerras, chega de retirados, chega de injustiça, chega de pobreza. Está bom! Estamos cansados. Começa um novo amanhecer", disse Teresita, a primeira a discursar.

O primeiro-ministro da Malásia distinguiu o "ato de coragem" de uns dirigentes que tiveram presente às gerações futuras, e ofereceu a ajuda de seu país ao desenvolvimento de Bangsamoro em infraestrutura, educação, agricultura e outros setores.


A assinatura do Acordo Completo do Bangsamoro, o nome oficial do pacto, abre o caminho para um processo legislativo e judicial para estabelecer a prometida região autônoma.

Nesse sentido, o presidente filipino destacou a generosidade e desinteresse de todas as pessoas que participaram do processo negociador e acreditaram que este dia poderia chegar.

Aquino estimulou o parlamento a ter o mesmo desinteresse para aprovar as leis que fundarão a região autônoma Bangsamoro em 2016 e permitirão realizar eleições no mesmo ano.

O presidente do Senado filipino, Franklin Drilon, presente no ato, se mostrou otimista de que esse "acordo histórico pode conseguir a prometida paz duradoura e o desenvolvimento para Mindanao".

Várias comunidades e organizações muçulmanas das Filipinas também manifestaram apoio à paz.

Alguns grupos islâmicos, no entanto, como os Lutadores pela Liberdade Islâmica do Bangsamoro, a facção da Frente Moura de Libertação Nacional (FMLN) que Nour Misuari e os terroristas de Abu Sayyaf lideram, se opõem a um acordo que não contou com eles e anunciaram que continuarão a luta armada.

A FMLI nasceu formalmente em 1984 de uma cisão de 1977 da FMLN, à época a principal organização muçulmana armada do país.

A cisão na FNLN, fundado e dirigido por Nour Misuari, aconteceu após o grupo definir com o governo de Ferdinand Marcos uma solução que excluía a independência.

A FMLN assinou a paz em 1996 em troca de governar a Região Autônoma do Mindanao Muçulmano, um território que abrange parte de Mindanao e que se integrará a Bangsamoro.

Entre 100 mil e 150 mil pessoas morreram no sul das Filipinas por causa da luta fratricida com os muçulmanos.

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