Mundo

FIDH contabiliza 640 mortos na Líbia

Segundo a entidade, 130 militares foram mortos por se recusarem a atirar na população

Manifestantes protestam contra Kadafi em Tobruk  (AFP)

Manifestantes protestam contra Kadafi em Tobruk (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 14h27.

Paris - A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) elevou nesta quarta-feira o número de mortos na Líbia para 640 pessoas, dos quais 130 são militares da região de Benghazi executados por seus oficiais por se negarem a disparar contra a população.

A presidente da FIDH, Souhayr Belhassen, garantiu em declarações à Agência Efe que o número que trabalha sua organização atende a um balanço de mortos "contados um a um" graças às informações repassadas por fontes médicas e militares no terreno.

Belhassen assinalou que 275 pessoas teriam morrido em Trípoli e outras 230 em Benghazi, das quais 130 seriam "militares executados por seus oficiais por se negarem a disparar contra a população" que protesta contra o regime de Muammar Kadafi.

A FIDH considera os assassinatos ocorrem de forma "sistemática e generalizada", acrescentou Belhassen, por isso que solicitam intervenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) porque entendem que "há crime contra a humanidade".

Os números da FIDH são inferiores aos de algumas fontes, que falam em milhares de mortos.

Em declarações ao site da revista "Le Point", o médico Gérard Buffet, que acaba de ser repatriado da Líbia após um ano e meio trabalhando no Centro Médico de Benghazi, no leste do país, eleva o número de mortos para "mais de 2 mil" só na região na qual se encontrava.

"Ao todo, acho que há mais de 2 mil mortos" em Benghazi, a segunda cidade do país, assegurou o doutor, quem explicou a essa publicação que a cidade foi atacada na quinta-feira.

As ambulâncias do centro médico "contaram o primeiro dia 75 mortos, o segundo 200 e depois mais de 500", explicou Buffet, de 60 anos.

"Viemos do inferno. A partir da quarta-feira 16 constatamos um frenesi na população, as pessoas tinham certeza que o Exército ia a atacar. As forças de repressão incluem à Polícia e ao Exército, mas, principalmente, a mercenários chadianos e nigerinos" treinados no deserto e "muito bem preparados e equipado".

Segundo o testemunho do médico repatriado, se via passar a esses mercenários em veículos 4x4 "armados até os dentes".

"É impossível saber quantos são. Uns dizem 5 mil outros 50 mil. São máquinas de matar", acrescentou.

Entre Tobruk e Derna, duas cidades situadas no leste do país e separadas por pouco mais de 100 quilômetros, os mercenários "cometeram verdadeiro massacre" de "mais de 1 mil de mortos", acrescentou Buffet.

Por sua vez, em declarações à rede de televisão "Al Arabiya", um membro líbio do Tribunal Penal Internacional (TPI) elevou a 10 mil as pessoas que morreram na Líbia desde o início dos protestos populares contra o regime de Muammar Kadafi.

Em declarações à rede a partir de Paris, o membro líbio, que não declarou se falava em nome do TPI, também assinalou que os feridos podem chegar a cerca de 50 mil.

Além disso, lembrou que "desde que Kadafi chegou ao poder assassinou a milhares de pessoas e também a milhares de presos nas mesmas prisões".

Por sua vez, o Governo líbio afirmou na terça-feira à noite que os mortos pelos distúrbios que atingem a Líbia nos últimos dias somam 300, dos quais 189 são civis e outros 111 membros das forças de segurança, militares ou policiais.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaLíbiaPolítica no BrasilProtestos

Mais de Mundo

Kamala bate recorde de doações, conquista delegados e deve fechar nomeação nesta semana

Após fala de Maduro, Lula envia Celso Amorim para acompanhar eleição na Venezuela

Trump se torna o candidato mais velho à Presidência dos EUA, e questões sobre sua saúde se acumulam

Lula se diz assustado com fala de Maduro sobre 'banho de sangue' na Venezuela

Mais na Exame