Exame Logo

Felipe, um rei moderno para a Espanha do século 21

Moderno e discreto, Felipe de Bourbon foi educado por toda a vida com o objetivo único de se tornar chefe de Estado

Felipe de Bourbon, da Espanha: monarca reinará como Felipe VI (Alejandro Garcia/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2014 às 10h37.

Madri - Moderno e discreto, Felipe de Bourbon, que reinará como Felipe VI, foi educado por toda a vida com o objetivo único de se tornar chefe de Estado, uma responsabilidade que assume agora, aos 46 anos, após a abdicação de seu pai, Juan Carlos I, da Espanha .

Nascido no dia 30 de janeiro de 1968 em Madri , desde muito pequeno tanto o rei Juan Carlos quanto sua esposa, a rainha Sofía, o educaram para ocupar o trono um dia.

Educado na Espanha e no exterior e com formação militar, "sua meta, sua única meta, é servir a Espanha. Está imbuído de forma profunda que deve ser o primeiro servidor", confessou em certa ocasião a rainha.

A missão é garantir a continuidade de uma monarquia parlamentar instaurada progressivamente após a chegada ao trono em 1975 de Juan Carlos, designado pelo ditador Francisco Franco como seu sucessor.

Seu grande desafio é convencer, em um país onde o apoio à monarquia registra mínimos históricos após uma série de escândalos que não o afetaram diretamente.

De semblante grave, mas sorridente e mais reservado que o pai, o futuro rei sofreu durante muito tempo a comparação com Juan Carlos, em uma Espanha onde muitos se declaravam mais "juancarlistas" que monárquicos.

Mas os diversos problemas de saúde do monarca, sua polêmica viagem em abril de 2012 para caçar elefantes em Botsuana e a investigação por corrupção contra sua filha mais nova, a infanta Cristina, e o marido dela, Iñaki Urdangarin, derrubaram a popularidade do rei.

Imagem da normalidade

Ao mesmo tempo, a imagem do príncipe se tornava mais popular.

"A figura do rei sofreu uma deterioração e a do príncipe das Astúrias se consolida como a de uma pessoa que está muito preparada", disse no início de 2013 o professor de Direito Constitucional Antonio Torres del Moral.

De olhos azuis e quase dois metros de altura, o elegante Felipe se esforçou para passar uma imagem de proximidade e modernidade. Também contribuiu seu casamento em 2004 com Letizia Ortiz, uma plebeia, divorciada e jornalista, algo inédito na história da monarquia espanhola.

De seu casamento nasceram suas duas filhas: Leonor, em outubro de 2005, e Sofía, em abril de 2007.


A união também serviu para terminar com os constantes rumores amorosos de um dos solteiros mais cobiçados da Europa. Atraente e poderoso, Felipe de Bourbon se relacionou com a nobre Isabel Sartorius, com a estudante americana Gigi Howard e com a modelo norueguesa Eva Sannum.

Afirmam na Espanha que, após os nascimentos das infantas Elena, em 1963, e Cristina, em 1965, o rei Juan Carlos perdeu a consciência durante alguns instantes de alegria ao comprovar que seu terceiro filho era um homem, e que tinha, portanto, um sucessor ao trono.

Aprendendo a ser rei

Em 1977, com nove anos, um pequeno príncipe de cabelo louro fez seu primeiro discurso público diante das Cortes espanholas ao ser nomeado Príncipe das Astúrias e herdeiro da Coroa.

Talvez a maior lição para ele tenha chegado quatro anos depois, quando, no dia 23 de fevereiro de 1981, assistiu junto ao rei à tentativa de golpe de Estado do tenente-coronel Antonio Tejero.

"O pai quis que ele estivesse no gabinete para que o observasse agir", relatou Sofía no livro "La reina", de Pilar Urbano.

"Fez bem, porque quando você é um jovem de 12 anos, estas cenas, estas atitudes de firmeza do pai, esta luta para os espanhóis ganharem a liberdade e a democracia, tudo isso é gravado na consciência e é uma lição inesquecível", acrescentou.

Depois de estudar no Canadá entre 1985 e 1988, integrou as academias militares espanholas de Terra, Mar e Ar, seguidas por outros cinco anos na Universidade Autônoma de Madri, onde estudou Direito e matérias de Economia, e um mestrado de Relações Internacionais na Universidade de Georgetown, em Washington.

Ao voltar à Espanha, começou a intensificar sua presença em atos oficiais, especialmente no exterior graças ao seu bom domínio do inglês.

Também fala com fluencia o catalão, uma virtude especialmente apreciada na Catalunha, grande região do nordeste da Espanha com uma identidade marcada e pretensões de independência reforçadas pela crise econômica, o que provocou tensões com Madri.

Desde 1996 era o representante espanhol nas cerimônias de posse dos presidentes latino-americanos, ao mesmo tempo em que concedia audiências e presidia a Fundação Príncipe das Astúrias, que concede anualmente os prêmios de mesmo nome.

Depois, as diversas cirurgias do rei desde 2010 levaram o príncipe a assumir seu papel em diversos atos oficiais.

Piloto de helicóptero e jogador de futebol amador, o futuro Felipe VI é um grande fã do esporte, como marca a tradição familiar. Participou inclusive dos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992 com a equipe de vela e foi porta-bandeira da Espanha na cerimônia de abertura.

São Paulo – Com sua terra-natal em crise e o mercado praticamente estagnado na Europa em geral, as companhias espanholas buscam cada vez mais outros países para expandir suas operações. O mercado brasileiro tem sido alvo de algumas delas. Pelo menos cinco grandes empresas anunciaram investimentos bilionários recentemente no país. A preferência pelo Brasil tem a ver com a proximidade cultural e a língua falada por aqui. Além, é claro, da boa fase que o país vive atualmente, explica Maria Luisa Marín, diretora-executiva da Câmara Espanhola. Segundo ela, o número de empresas espanholas interessadas no mercado brasileiro quadruplicou de um ano para cá. "No primeiro trimestre do ano passado, prestamos consultoria para 50 companhias; neste ano, o número saltou para mais de 200", disse. Alguns setores, como de infraestrutura e energia, são os que mais despertam a atenção das espanholas. "São atrativos, porque grandes eventos esportivos acontecerão no país", afirmou. Clique nas fotos e conheça cinco companhias espanholas que estão investindo maciçamente no Brasil:
  • 2. Telefônica

    2 /6(jseguir/Flickr)

  • Veja também

    A Telefônica anunciou, no ano passado, que fará investimentos de 24,5 bilhões de reais até 2014 no Brasil. Segundo a companhia, os recursos serão aplicados na modernização e expansão de redes, lançamento de produtos e serviços em telefonia, banda larga e TV por assinatura. Entre 2007 e 2010, o grupo investiu  16 bilhões de reais no Brasil.
  • 3. Iberdrola

    3 /6(Arquivo)

  • Em 2011, a espanhola Iberdrola fez investimentos da ordem de 2,4 bilhões de dólares no país. Por aqui, a companhia integra o bloco de controle da Neoenergia, acionista majoritária de distribuidoras de energia, como Cosern, Celpe e Coelba. O aporte foi destinado à compra de 99,7% da distribuidora de energia Elektro. A operação foi fechada no começo do ano passado.
  • 4. Gas Natural Fenosa

    4 /6(Divulgação)

    Até 2014, a Gas Natural Fenosa vai investir 1 bilhão de reais para expandir suas operações no mercado brasileiro. E se novas oportunidades surgirem, a companhia planeja fazer um aporte adicional de 600 milhões de reais até 2016. Os investimentos vão se concentrar no Rio de Janeiro, onde os Jogos Olímpicos acontecerão. A empresa estima uma frota com 11.300 ônibus para a região metropolitana e  o fornecimento de gás para a Vila Olímpica, aquecimento de parques aquáticos, cogeração e climatização de estádios e aeroportos.
  • 5. Repsol

    5 /6(Philippe Desmazes/AFP)

    No Brasil, a Repsol planeja investir entre 4 bilhões de dólares e 5 bilhões de dólares até 2014 para extrair o petróleo cru, e entre 6 bilhões de dólares e 9 bilhões de dólares a partir de 2014. Em 2010, 40% da unidade espanhola no Brasil foi comprada pela Sinopec por  7,1 bilhões de dólares. Mesmo com a operação, os planos de investimentos foram mantidos por aqui.
  • 6. OHL Brasil

    6 /6(Divulgação)

    A OHL já realizou investimentos de 2,4 bilhões de reais nas rodovias federais que administra, desde a assinatura dos contratos de concessão, em fevereiro de 2008. Para o período de 2012 a 2015, a previsão da companhia é investir mais 2,7 bilhões de reais. Os recursos, principalmente nos primeiros anos, são garantidos por financiamentos de longo prazo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
  • Acompanhe tudo sobre:EspanhaEuropaPiigsPolítica

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Mundo

    Mais na Exame