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FAO pede criação de sistemas alimentícios "mais adequados"

Diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) advertiu que "é necessário criar sistemas alimentícios mais adequados"


	Alimentos no lixo: "mais da metade da população mundial acusa um consumo alimentício insuficiente", disse diretor-geral da FAO
 (Getty Images)

Alimentos no lixo: "mais da metade da população mundial acusa um consumo alimentício insuficiente", disse diretor-geral da FAO (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2013 às 13h55.

Roma - O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, abriu nesta quarta-feira as atividades em Roma no Dia Mundial da Alimentação 2013 com a advertência de que "é necessário criar sistemas alimentícios mais adequados para alcançar a segurança alimentar".

Silva lembrou durante o discurso perante os representantes dos países na sede da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) que, desde a Segunda Guerra Mundial, a produção alimentícia triplicou e a disponibilidade de alimentos aumentou em mais de 40%.

"Apesar disto, mais da metade da população mundial acusa um consumo alimentício insuficiente. É escandaloso que ocorra algo assim em um mundo onde há alimentos suficientes para todos. Temos a responsabilidade comum de modificar esta situação e assegurar a todas as pessoas o acesso aos alimentos saudáveis", disse.

O diretor-geral da FAO apontou os últimos dados manejados pelo órgão específico das Nações Unidas, que mostram que em 2013 já são 44 os países que alcançaram a meta estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, de reduzir pela metade a proporção da população desnutrida entre 1990 e 2015.

Se a estes 44 fossem somados outros 18 países em desenvolvimento que já tinham em 1990 taxas de subalimentação inferiores a 5%, seriam 62 países, quase a metade dos 128 seguidos pela FAO, o que é para Silva uma amostra que "é possível ganhar a batalha contra a fome".

Por sua vez, a embaixadora especial da FAO e primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, afirmou que "não há fórmula bem-sucedida sem a vontade política ao mais alto nível", e advogou por uma ação "integrada multisensorial que inclua a saúde pública e educação, assim como os diversos atores vinculados ao tema".


"Se não houver políticas de inclusão intencionalmente dirigidas ao crescimento que beneficie a todos, não poderemos reduzir as desigualdades e as brechas entre os habitantes do campo e a cidade", disse.

Heredia falou também de como, em países como Peru, se somaram outras atuações de programas de inclusão social, que dão "suporte" às famíias em situação de maior vulnerabilidade, "enquanto conseguem sair da pobreza e assumir o destino de suas vidas".

Depois, a ministra de Políticas Agrícolas e Alimentícias da Itália, Nunzia de Girolamo, quis remarcar o número de 842 milhões de pessoas mal alimentadas no mundo, das quais, segundo seus dados, 400 mil se encontram na Itália, que destinou cinco milhões de euros no último ano para tentar atenuar esta situação.

O papa Francisco também lançou uma mensagem no fórum, lida pela representante da Santa Sé na FAO, Luigi Travaglino.

"É preciso derrubar as barreiras do individualismo e só de ganho. Hoje, mais do que nunca, é necessário educar na solidariedade. A fome e a desnutrição não devem ser algo normal que é preciso se acostumar", manifestou o pontífice.

Em suma, o presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, Kanayo Nwanze, enumerou três pontos que "devem mudar" na luta contra a fome: o passo à ação dos Governos do mundo, o envolvimento de instituições eficazes e eficientes e a melhora de infraestruturas de produção e transporte.

Com relação a esta última questão, Nwanze colocou como exemplo a África Subsaariana, onde indicou que um terço da população vive a mais de cinco horas do mercado mais próximo.

Por fim, a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos, Ertharin Cousin, concluiu a cerimônia com a recomendação que a pesquisa cientítica seja a "chave" para o futuro da alimentação mundial, em um mundo no qual em 2050 viverão, segundo as estimativas, nove bilhões de pessoas.

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