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FAO pede apoio a pequenos produtores na luta contra a fome

A JMA, realizada em 150 países, foi dedicada este ano às cooperativas agrícolas, que geram receitas para milhões de pequenos agricultores

Logotipo da FAO: a Jornada Mundial da Alimentação é dedicada este ano às cooperativas agrícolas (©AFP/Archivo / christophe simon)

Logotipo da FAO: a Jornada Mundial da Alimentação é dedicada este ano às cooperativas agrícolas (©AFP/Archivo / christophe simon)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2012 às 17h39.

Roma - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) pediu nesta terça-feira apoio aos pequenos produtores, que não conseguem se beneficiar do aumento dos preços agrícolas.

"Nas últimas três décadas, os investimentos nacionais na agricultura foram reduzidos, assim como a ajuda ao desenvolvimento, e milhões de pequenos produtores tiveram que lutar para se adaptar a muitas mudanças: clima, mercado e preços", reconheceu o diretor geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, ao inaugurar a Jornada Mundial da Alimentação (JMA).

A JMA, realizada em 150 países, foi dedicada este ano às cooperativas agrícolas, que geram receitas para milhões de pequenos agricultores e podem contribuir para a luta contra a pobreza e a fome, com o apoio adequado dos governos, sociedade civil e mundo acadêmico.

"São fundamentais para lutar contra a fome", explicou José Graziano.

As cooperativas agrícolas representam "uma visão alternativa aos modelos econômicos que parecem ter como único objetivo o lucro", declarou o papa Bento XVI em uma mensagem enviada à FAO.

O aumento dos preços dos alimentos desde 2007 não beneficiou o setor, segundo reconheceu o diretor da FAO durante uma cerimônia realizada na sede central da agência, localizada no coração de Roma.

Segundo a entidade das Nações Unidas, a luta contra a fome recebeu um novo impulso na semana passada com a publicação de dados oficiais que mostram que há no mundo 132 milhões a menos de famintos atualmente em relação há 20 anos, apesar de 870 milhões de pessoas ainda não terem acesso a alimentos suficientes para viver diariamente.

Este número parou de cair devido, sobretudo, à febre dos mercados.


Na África e no Oriente Médio a quantidade de famintos aumentou e há mais 83 milhões de pessoas desnutridas em relação a 1990.

"Não podemos tolerar que isto aconteça em um mundo tão rico, que produz o suficiente para todos", disse o brasileiro.

A esperança de que milhões de pessoas saiam da pobreza com o aumento dos preços de 2007-2008 se desvaneceu, admitiu o primeiro latino-americano no comando na FAO, depois de lembrar que os preços dos cereais registraram um novo aumento no mês passado por causa da pior seca em 60 anos nos Estados Unidos.

Segundo a organização não-governamental Ação contra a Fome, "cerca de mais 100 milhões de pessoas entraram a partir de 2008 na lista de desnutridos", data em que os números da fome pararam de cair de após uma longa fase positiva.

"Em matéria de fome, zero é o único número aceitável", afirmou a diretora do Programa Mundial de Alimentos (PAM), Ertharin Cousin.

Diante do temor de que os pedidos para acabar com a fome não sejam ouvidos pela comunidade internacional, a FAO pediu reforço na governança da segurança alimentar.

"A contínua volatilidade dos preços dos alimentos requer uma melhor governança mundial da segurança alimentar", afirmou Da Silva, durante uma reunião sobre a alta de preços dos alimentos que contou com a participação de dezenas de ministros.

"Os preços dos alimentos e a volatilidade aumentaram nos últimos anos e acredita-se que isso continue a médio prazo", alertou o diretor geral da FAO.

"No mundo globalizado em que vivemos, não é possível que um país tenha segurança alimentar por si só", admitiu José Graziano.

O ministro francês da Agricultura, Stéphane Le Foll, que mediou a reunião, anunciou que seu país apoia "todas as iniciativas políticas e planos concretos neste sentido."

Entre os passos que foram dados para a governança, está o Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA), a criação do Grupo de Tarefas de Alto Nível sobre Segurança Alimentar Mundial pelo Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon e a criação, no ano passado, pelo G-20, do Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA) para garantir uma melhor coordenação internacional, informação e transparência dos mercados.

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