Mundo

Fantasma de nova crise do petróleo paira sobre crescimento mundial

Nas últimas semanas, o preço do barril disparou em consequência das tensões políticas no Oriente Médio

Produção de petróleo no oriente médio: tensões políticas ameaçam abastecimento (Joe Raedle/Getty Images)

Produção de petróleo no oriente médio: tensões políticas ameaçam abastecimento (Joe Raedle/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2011 às 19h46.

Paris- A alta dos preços do petróleo, provocada pela situação explosiva na Líbia, ameaça o crescimento econômico mundial, ainda convalescente. Ao mesmo tempo, o contágio das revoltas populares na Arábia Saudita e na Argélia poderiam agravar ainda mais a situação e levar a um novo choque de petróleo.

Nas últimas semanas, o preço do barril disparou em consequência das tensões políticas no Oriente Médio.

Após ter-se aproximado da marca simbólica dos 100 dólares no dia 31 de janeiro pela primeira vez em dois anos, o Brent do mar do Norte alcançou os 120 dólares na quinta-feira, nível que não era registrado desde agosto de 2008.

Esta alta foi uma reação à insurreição na Líbia, um dos quatro maiores produtores africanos do ouro negro, e às prováveis consequências sobre as exportações líbias de cru.

Normalmente, Trípoli exporta 1,49 milhão de barris diários (mbd), a grande maioria (85%) para a Europa, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

Após os recentes acontecimentos, a produção sofreu uma redução de pelo menos 500.000 barris diários, segundo a AIE, chegando a ser completamente suspensa em alguns momentos, explicam analistas.

"As indústrias de petróleo, que atualmente trabalham na Líbia, podem deixar os portos do país", com "o fluxo de exportações devendo cessar ou sofrer uma redução drástica" devido aos problemas de segurança, estimaram especialistas do Barclays.

"A curto prazo, no entanto, o mercado pode combater esta crise", estimou nesta sexta-feira o diretor da Divisão de Indústria e Mercados de Petróleo da AIE, David Fyfe.

O petróleo líbio, que representa menos de 2% do abastecimento mundial, pode ser substituído pelo do Mar do Norte ou de outros países do oeste africano, que produzem a commodity de qualidade semelhante.

Além disso, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) pode aumentar sua produção em 5 mbd se achar necessário.

No entanto, se o equilíbrio da oferta e da demanda precisar ser garantido, provavelmente será às custas de um forte aumento dos preços.

O banco francês BNP Paribas estima que o preço do petróleo deve se estabilizar em torno dos 112 dólares por barril do Brent, em 2011.

Um nível que preocupa a AIE. "Se o preço do petróleo continuar negociado a uma média de 100 dólares o barril durante todo o ano de 2011, os gastos com o petróleo serão equivalentes a 5% do Produto Interno Bruto" (PIB) mundial, advertiu Fyfe.

"Quando, no passado, alcançamos ou superamos este nível, coincidiu com uma desaceleração da atividade econômica", acrescentou.

Este ponto de vista está de acordo com as declarações do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, que na quinta-feira alertou para a alta do preço do petróleo, que constitui "ameaça grave" ao crescimento econômico mundial.

O impacto pode ser muito maior se as revoltas acabarem alcançando grandes países produtores, como a Arábia Saudita e a Argélia.

"Uma ruptura do abastecimento de um dos grandes produtores do mundo teria sérias consequências", estimou Tamas Varga, analista da agência de intermediação PVM, recordando que "nenhum especialista em Oriente Médio previu os atuais acontecimentos".

"Se estes temores se materializarem, os recordes alcançados em 2008 (147 dólares por barril) parecerão baratos", indicou. E um aumento dos preços "além destes níveis históricos afundará o mundo, mais cedo ou mais tarde, em uma recessão".

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEnergiaLíbiaOriente MédioPetróleo

Mais de Mundo

A discreta missa de Natal em uma região da Indonésia sob a sharia

Avião fabricado pela Embraer cai no Cazaquistão com 67 pessoas a bordo

Papa faz apelo para Ucrânia e Gaza, que passam por 'situação humanitária muito grave'

Deixem o canal': panamenhos protestam contra Trump em frente à embaixada dos EUA