Famílias separadas em fronteira processam EUA por trauma causado
Medida conhecida como "tolerância zero"colocou pais imigrantes sob custódia e crianças eram levadas a refúgios
EFE
Publicado em 11 de fevereiro de 2019 às 17h29.
Washington - Várias famílias separadas na fronteira entre Estados Unidos e México no ano passado abriram um processo nesta segunda-feira contra o governo do presidente americano Donald Trump pelo trauma causado por causa da aplicação da política de "tolerância zero" no limite sul do país.
"Estamos apresentando demandas individuais sob a Lei Federal de Processos por Ofensa (FTCA, na sigla em inglês) em nome de seis famílias separadas", disse à Agência Efe a porta-voz do Conselho Americano de Imigração, Maria Frausto.
Entre as pessoas que fazem parte do processo está a guatemalteca Elena, uma mulher de 35 anos que foi separada do seu filho de 12 anos em março de 2018, após atravessar a fronteira no estado do Arizona.
De acordo com o processo judicial, Elena e seu filho Luis tiveram que deixar a Guatemala depois que um grupo ameaçou ambos de morte se o menor não se juntasse a eles.
Elena e Luis passaram dois dias com mais 20 pessoas em um "refrigerador", um quarto com temperaturas muito baixas no qual a Patrulha Fronteiriça (CBP, na sigla em inglês) mantém detidos os imigrantes que acaba de prender.
Ambos denunciaram que só receberam uma sopa fria para comer e que não havia camas para dormir.
No dia seguinte, as autoridades tiraram Luis do "refrigerador" e o levaram para um centro de detenção em Nova York, a mais de 4 mil quilômetros de distância de sua mãe.
Segundo o relato, Elena e Luis estiveram separados durante 77 dias.
A também guatemalteca Leticia, de 25 anos, foi separada em maio do ano passado de sua filha de cinco anos na fronteira entre Arizona e México.
A denúncia relata como os agentes fronteiriços tiraram a menina dos braços de sua mãe e a levaram.
Após várias mudanças de localização, Leticia e sua filha foram reunidas quatro meses depois em um centro no Texas.
Os casos das famílias de Elena e Leticia são dois dos seis que o Conselho Americano de Imigração, uma organização que luta pelos direitos dos imigrantes nos Estados Unidos, denunciou hoje.
A medida conhecida como "tolerância zero", que o governo de Trump começou a implementar em maio, colocou os pais sob custódia penal e as crianças foram levadas para refúgios financiados com fundos federais supervisionados pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos.
O plano supôs então a separação de quase 3 mil famílias, de acordo com dados oficiais.