Ministro saudita de Petróleo e Recursos Minerais Ali Ibrahim Al-Naimi (c) em reunião da Opep: o preço do petróleo reagiu para cima logo após a divulgação da notícia (Joe Klamar/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de junho de 2011 às 12h34.
Viena - O fracasso da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em alcançar um acordo sobre aumento da oferta de petróleo em sua primeira reunião de 2011 foi percebido como um golpe à credibilidade do grupo, mas a falta de consenso não deve afetar o mercado se a Arábia Saudita aumentar a extração como deu a entender que fará à margem de seus parceiros.
Sobre essa conclusão coincidem vários analistas consultados pela Agência Efe nesta quinta-feira, um dia depois do organismo que reúne os países exportadores não alcançarem em sua reunião ministerial em Viena consenso para fixar a oferta de petróleo para a segunda metade do ano.
O preço do petróleo reagiu para cima logo após a divulgação da notícia, o barril valorizou-se 1,15%, chegou perto dos US$ 112, enquanto o Brent estava em torno de US$ 118.
"Nesta quinta-feira, os preços estão seguindo a tendência de alta, mas espera-se moderação quando a Arábia Saudita aumentar sua produção", declarou Ehsan Ul-Haq, analista da da empresa de assessoria britânica KBC.
O especialista referiu-se dessa forma às declarações do ministro de Petróleo saudita, Ali bin Ibrahim Al-Naimi, ao fim da conferência de quarta-feira, nas quais garantiu que seu país, ao lado dos Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Catar, fornecerão ao mercado todo o petróleo necessário para atender a demanda.
Outros membros, como Irã, Venezuela e Equador, rejeitaram a proposta de elevar a cota de produção do grupo.
"Sei que a falta de acordo prejudicou a credibilidade da Opep", admitiu Ul-Haq.
"Dizem que não há uma crise, mas quando Naimi diz que foi uma das piores reuniões... isso é muito revelador", acrescentou.
"A credibilidade da Opep recebeu um golpe sério e vai precisar de grandes esforços para recuperar-se", assinalou Rafik Latta, do Middle East Economic Survey (MEES).
Em declarações à Efe, o secretário-geral da Opep, o líbio Abdullah el-Badri, expressou nesta quinta-feira sua convicção que as divergências serão superadas na próxima reunião da organização, prevista para dezembro.
"Na quarta-feira tivemos diferentes pontos de vista sobre o aumento da produção (de petróleo), mas espero que em nossa próxima reunião de dezembro consigamos superar".
Mas, segundo Latta, os sócios petroleiros não devem deixar passar tanto tempo.
"Não podem esperar até dezembro. É importante para todos os membros. Nos últimos oito anos, a Opep viveu uma idade de ouro, com boas receitas. E esse êxito está baseado em grande parte na eficácia da política petrolífera da Opep", acrescentou o analista, após vaticinar que "haverá muita volatilidade nos preços do petróleo".
Para John van Schaik, da empresa de consultoria nova-iorquina Medley Global Advisors, "a credibilidade da Opep explodiu como uma bomba".
"Agora o mercado espera a chegada do petróleo que os sauditas deram a entender que vão disponibilizar: 1,5 milhão de barris adicionais por dia", acrescentou.
"O desacordo na Opep pressiona atualmente os preços para cima, mas espero que nas próximas semanas recuem, já que a Arábia Saudita está muito decidida a aumentar sua produção", assinalou Sean Killian Evers, da Gulf Intelligence.
"O completo desacordo da Opep sobre as cotas e aumento de produção deixou de lado todo o conflito em torno da Líbia, que pensávamos que seria a grande história desta semana, assunto que foi considerado irrelevante. Acho que a grande notícia é que a Arábia Saudita fracassou em sua tentativa de impor sua vontade ao demais membros da Opep", acrescentou.