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Falsos pacientes com ebola ajudam hospitais a se prepararem

As unidades de saúde espalhadas pelos EUA vêm se preparando para identificar e tratar qualquer novo paciente

Trailer de descontaminação chega ao complexo de apartamentos em Dallas, onde o liberiano com ebola esteve antes de ser internado (Jon Herskovitz/Reuters)

Trailer de descontaminação chega ao complexo de apartamentos em Dallas, onde o liberiano com ebola esteve antes de ser internado (Jon Herskovitz/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2014 às 15h04.

Nova York e Minneapolis - Não deixe o que aconteceu em Dallas acontecer aqui. Essa é a palavra de ordem nos hospitais americanos depois que Thomas Eric Duncan, infectado pelo ebola, foi mandado para casa após passar dois dias em uma sala de emergência em Dallas. Ele retornou ao hospital de ambulância e, 10 dias depois, morreu em uma unidade isolada de tratamento intensivo.

“Esse é todo o meu trabalho” agora, disse Michelle Peninger, diretora do sistema de controle de infecções da Inova Health System, que tem cinco hospitais no norte da Virgínia, em referência à preparação contra o ebola. “Só faço isso todos os dias”.

O incidente em Dallas, juntamente com a crescente epidemia na África Ocidental, que matou quase 4.000 pessoas, aumentou as preocupações nos hospitais americanos de que surja um novo paciente com ebola, o que os está levando a comprar mais equipamentos de proteção, construir novas salas de isolamento e melhorar os planos de tratamento para pacientes potencialmente infectados.

A equipe do ebola de Peninger começou com 25 integrantes depois que o staff do hospital passou a se preocupar com a epidemia neste ano. Agora, ela nem sequer consegue lembrar quantas pessoas estão à disposição a todo momento.

Os trabalhadores da saúde, de enfermeiros de admissão a especialistas em comunicação do sistema de saúde de 17.000 funcionários, foram treinados para lidar com o vírus. Ela ajuda a executar exercícios, testando cada nível do processo de admissão e tratamento de pacientes, e até posou como uma falsa paciente.

A equipe “analisa o processo de triagem, a eliminação de resíduos, como iremos desinfetar a sala, cuidados post-mortem, tudo”, disse ela. “Ainda estamos somando mais gente à medida que identificamos mais problemas”.

Primeira visita

As unidades de saúde espalhadas pelos EUA vêm se preparando para identificar e tratar qualquer novo paciente com ebola, disse Chip Kahn, diretor da Federação de Hospitais Americanos. “A seriedade da ameaça do ebola claramente enviou uma mensagem contundente para todos os hospitais”, disse Kahn, em entrevista por telefone.

A federação representa cerca de um quinto dos hospitais americanos. “Eu posso dizer a você que eles estão se preparando em todos os escalões”.

Não está claro por que motivo Duncan foi liberado em um primeiro momento pelo Texas Health Presbyterian Hospital Dallas após entrar caminhando na sala de emergência da unidade, no dia 25 de setembro, com febre e dores no estômago.

No início, os funcionários do hospital culparam uma falha no sistema eletrônico de registros, dizendo que ele comunicou equivocadamente seu histórico de viagem na África. Depois, mudaram o discurso e disseram que não foi culpa do sistema de registros.

Identificando o ebola

“Nossa equipe de saúde ofereceu ao senhor Duncan o mesmo alto nível de atenção e cuidado que seria dado a qualquer paciente, independentemente da nacionalidade ou da capacidade de pagar os cuidados médicos”, disse o hospital ontem em um comunicado. “Neste caso, a atenção incluiu uma avaliação de quatro horas e vários testes”.

Fracassar na identificação do ebola e depois enviar um paciente para casa, onde ele pode entrar em contato e infectar outras pessoas, é uma situação que os hospitais estão tentando evitar. Isso tem se tornado cada vez mais importante com o aumento das preocupações quanto a novos casos nos EUA e os médicos estão tratando qualquer pessoa com os sintomas como um possível portador do ebola.

‘Duas epidemias’

“Há duas epidemias em andamento”, disse Pritish Tosh, médico especialista em doenças infecciosas e pesquisador da Mayo Clinic. “Há uma epidemia real na África Ocidental e há uma epidemia do medo nos Estados Unidos”.

Uma maior atenção por parte do público e da mídia pode levar a mudanças na política de saúde, embora nem sempre para melhor, disse Heidi Larson, professora associada da London School of Hygiene Tropical Medicine, que estuda a confiança do público em vacinas.

“Existe uma linha entre o pânico não produtivo, ou até mesmo contraproducente, e uma atenção e uma defesa organizada”, disse ela, em entrevista por telefone.

Larson sugere que se canalize o medo para transformá-lo em empatia.

“Nos EUA há apenas um caso de uma pessoa que veio e morreu. Mas considerando o medo e a ansiedade do público americano depois disso, este é um fato que pode proporcionar a eles muita empatia com as pessoas da África Ocidental que estão vendo altos números de pessoas morrendo e sendo levadas em torno delas”.

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