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Explosões no porto de Beirute mataram ao menos 34 refugiados

Beirute, o principal centro econômico do Líbano, tem uma população de cerca de 200 mil refugiados

Líbano: outros 124 refugiados ficaram feridos em um total de 6 mil (Patrick Baz/AFP Photo)

Líbano: outros 124 refugiados ficaram feridos em um total de 6 mil (Patrick Baz/AFP Photo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de agosto de 2020 às 16h38.

Última atualização em 12 de agosto de 2020 às 16h49.

Entre os 171 mortos nas explosões que devastaram Beirute e o porto da capital, ao menos 34 eram refugiados, informou a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Outros 124 refugiados ficaram feridos em um total de 6 mil.

Beirute, o principal centro econômico do Líbano, tem uma população de cerca de 200 mil refugiados, a maioria sírios fugindo da guerra civil daquele país. De acordo com as Nações Unidas, ao menos 10 mil famílias vulneráveis foram afetadas pelas explosões e precisam de apoio urgente.

O Estadão mostrou nesta semana que o Líbano tem a maior população de refugiados per capita do mundo: um em cada seis habitantes. São 925 mil registrados oficialmente. Refugiados no país carecem de acesso a emprego com boa remuneração e direitos como moradia, educação e saúde.

Na avaliação do historiador Habib Malik, da Universidade Americana do Líbano, os refugiados têm sido "um fardo" para o Líbano antes da explosão e continuam a ser depois dela. O país vive uma crise econômica que levou ao empobrecimento metade da população nos últimos meses, de acordo com as estimativas mais recentes.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) avalia que a insegurança alimentar já é realidade para um a cada dois libaneses em um país que importa 80% do que consome. Com os preços cotados em dólar, a desvalorização da moeda eleva os preços quase automaticamente.

"Quanto mais cedo eles forem repatriados para a Síria, melhor para eles e para o Líbano. Eles não são refugiados no sentido técnico, são deslocados e as razões para seu deslocamento praticamente desapareceram - muitas partes da Síria não têm mais guerra e estão bastante pacíficas", afirmou Malik. "A comunidade internacional, começando com a ONU, precisa trabalhar para enviá-los à Síria. Isso é mais urgente após a explosão".

A ACNUR, entidades da sociedade civil e moradores de Beirute estão apoiando, no momento, familiares de vítimas com auxílio financeiro, abrigo, proteção e preparativos para os enterros. Cerca de 300 mil pessoas perderam parcial ou totalmente suas casas depois da explosão que devastou quase metade de Beirute.

Por anos, Beirute era reconhecida como uma das mais belas capitais da região, chamada até de a "Paris do Oriente Médio". Agora, os danos materiais que abalaram bairros inteiros são estimados em US$ 5 bilhões (R$ 26,6 bilhões).

A agência da ONU destinou US$ 12 milhões (RS 65 milhões) para sua resposta de emergência às famílias mais afetadas e vulneráveis. A ONU afirmou que a assistência emergencial em dinheiro é a opção mais eficaz no momento e informou que ajudará na obtenção de alimentos, na cobertura das necessidades básicas e despesas com saúde.

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