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Explosões no Irã: saiba quem foi o general iraniano Qassem Soleimani, morto pelos EUA há 4 anos

Procissão para marcar o quarto aniversário da morte do líder militar assassinado em 2020 terminou em tragédia, com pelo menos 103 mortos

Qassem Soleimani foi assassinado em 2020 pelos Estados Unidos em um ataque com drone (Pool / Press Office of Iranian Supreme Leader/Anadolu Agency/Getty Images)

Qassem Soleimani foi assassinado em 2020 pelos Estados Unidos em um ataque com drone (Pool / Press Office of Iranian Supreme Leader/Anadolu Agency/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 3 de janeiro de 2024 às 14h38.

Última atualização em 3 de janeiro de 2024 às 15h30.

Uma procissão para marcar o quarto aniversário da morte do general iraniano Qassem Soleimani, assassinado em 2020 pelos Estados Unidos em um ataque com drone, terminou em tragédia nesta quarta-feira, 3. Ao menos 103 pessoas morreram e 141 ficaram feridas na cidade de Kerman, no sul do país, depois que duas bombas explodiram próximo ao local de sepultamento do líder militar.

O caso está sendo tratado como "ataque terrorista" pela TV estatal iraniana, embora nenhum grupo extremista tenha reivindicado a autoria das ações até o momento. O governo decretou luto nacional.

Um dos homens mais poderosos do Irã, Soleimani era conhecido como o "comandante-sombra" do país persa. Entre 1998 e 2020, ele foi chefe da Força al-Quds da Guarda Revolucionária, uma unidade de elite do Exército ideológico da República Islâmica que cuida das operações do país persa no exterior e foi considerada uma organização terrorista pelos EUA.

Golpe aos iranianos

Sua morte, aos 62 anos, representou um duro golpe para os iranianos, tanto para as autoridades políticas do regime quanto para a população comum. O carismático comandante das Forças Quds era considerado herói de guerra e também a peça-chave no aparato de segurança, que impedia uma ação direta das potências estrangeiras contra o Irã. Mais do que isso: era um símbolo da resistência. Não à toa, já havia sido descrito como “mártir vivo” pelo aiatolá Ali Khamenei, líder máximo no país.

Qassem Soleimani nasceu em 1957, em Qanat-e Malek, no sudeste do Irã, mas mudou-se ainda pequeno para Kerman, capital da província de mesmo nome. Passou parte da adolescência trabalhando na construção civil. Após a Revolução Iraniana, entrou para a então recém-criada Guarda Revolucionária, instituição que passou a dividir com as Forças Armadas tradicionais a responsabilidade pela segurança do país e do regime. Durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), comandou a importante 41ª Divisão, que participou de operações de destaque no conflito e depois foi responsável por defender com sucesso a fronteira oriental do país.

Soleimani continuou a ascender nos rankings da Guarda Revolucionária depois da guerra e, em 1998, foi escolhido para comandar as Forças Quds . Essa unidade, ao lados dos Basijis, constituem os dois pilares da Guarda Revolucionária. Enquanto os Basijis atuam internamente, como uma milícia que garante a unidade do regime, persegue opositores e resguarda a aplicação da cultura islâmica, as Força Quds, considerada de elite, atuam predominantemente no exterior. Teoricamente, operam na proteção da população islâmica e xiita. A palavra Quds, por exemplo, significa Jerusalém, que seria o foco inicial de atuação da unidade.

Alianças no Oriente Médio

Sob seu comando, as Forças Quds estabeleceram um emaranhado de alianças e passaram a atuar em diversos países no Oriente Médio. O Irã passou a apoiar com dinheiro, treinamento militar e, eventualmente, com seus próprios soldados, os houthis no Iêmen; o Hezbollah, no Líbano; e milícias xiitas na Síria e no Iraque. O próprio general era responsável pelas negociações com os líderes locais, além de ir a campo para treinar e, em alguns casos, lutar ao lado das milícias.

As conexões com grupos paramilitares estrangeiros, no entanto, renderam a Soleimani sanções da comunidade internacional. Desde 2007, por conta das atividades nucleares e do programa de mísseis balísticos, o Conselho de Segurança da ONU determinava a proibição de viagem a alguns atores iranianos, dentre eles o general. A medida estava prevista para ser encerrada cinco anos após a entrada em vigor do acordo nuclear (2015), caso os iranianos continuassem cumprindo seus termos. Ou seja, sua presença em Bagdá, onde foi assassinado, representava a violação da resolução da ONU.

Soleimani foi morto em um ataque dos Estados Unidos com drone na saída do Aeroporto Internacional da capital iraquiana, em janeiro de 2020. Na época, o então presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a morte foi uma resposta aos ataques contra interesses de Washington em solo iraquiano, após um civil americano ser morto em um ataque por míssil contra uma base militar do país no Iraque.

Mortes de americanos

O Pentágono afirma que Soleimani e suas tropas foram "responsáveis pela morte de centenas de americanos e membros do serviço de coalizão e pelo ferimento de milhares de outros".

O ataque que matou Soleimani ocorreu poucos dias após manifestantes invadirem a embaixada dos EUA em Bagdá. De acordo com o Pentágono, Soleimani teria aprovado os ataques. Naquela época, os manifestantes protestavam contra um bombardeio direcionado às bases do grupo Kataib Hezbollah no Iraque e na Síria, em que 25 pessoas morreram.

Com a morte de Soleimani, as tensões entre Washington e Teerã aumentaram, e o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que “uma vingança severa” aguardava os “criminosos” responsáveis. Em dezembro, um tribunal iraniano condenou o governo americano a pagar US$ 50 bilhões por perdas e danos em decorrência do assassinato do general, considerado herói de guerra e peça-chave no aparato de segurança local.

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