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Exército sírio segue disparando contra habitantes

Regime enviou reforços à cidade, onde pelo menos 25 morreram na segunda-feira

Funeral de opositor na Síria: alguns soldados desertaram e se uniram aos rebeldes (AFP)

Funeral de opositor na Síria: alguns soldados desertaram e se uniram aos rebeldes (AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2011 às 14h57.

Damasco - O Exército sírio enviou nesta terça-feira reforços à cidade de Deraa, no sul, onde continua disparando contra os habitantes, um dia depois de matar 25 pessoas para pôr fim, pela força, aos protestos contra o governo.

"Novos reforços das forças de segurança e do Exército entraram em Deraa. Há um tanque na praça Kaziet al Balad, no centro da cidade", informou um militante de direitos humanos, Abddulah Abazid, contatado por telefone pela AFP.

"Os disparos continuam contra os habitantes", afirmou ainda.

"A mesquita de Abu Bakr Asidiq é alvo de intensas rajadas e um franco-atirador está postado na mesquita d Bilal al Habachi. Há tanques e barreiras instalados nas entradas da cidade, o que impede a entrada das pessoas em Deraa", contou ainda.

Segundo Abazid, soldados da 5ª divisão desertaram, se uniram aos rebeldes e estão enfrentam o exército que sitia Deraa. De acordo com os habitantes, a cidade está sem água e eletricidade.

As forças de segurança intervieram com violência na segunda-feira em várias cidades da Síria, provocando pelo menos 25 mortos em Deraa, uma cidade do sul do país onde teve início o movimento de protesto contra o regime há seis semanas.

O regime do presidente Bashar al-Assad parece ter optado pela solução militar para esmagar o movimento de contestação sem precedentes no país que dura seis semanas, mobilizando milhares de soldados em Deraa e em outras áreas do país, segundo as mesmas fontes.

Em função dos protestos internacionais contra a violência registrada na Síria, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, advertiu nesta terça-feira, em Roma, que não haverá intervenção na Síria sem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

"Não há razão alguma de agir sem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU", assegurou Sarkozy durante uma coletiva de imprensa realizada ao término e uma reunião com o chefe de governo italiano Silvio Berlusconi.


"A situação é inaceitável. Não se enviam tanques, Exército contra manifestantes, a brutalidade é inaceitável", comentou o presidente francês.

"Apoiamos as aspirações de liberdade dos povos árabes", acrescentou.

Os governantes da Itália e a França manifestaram sua preocupação com a situação na Síria, e pediram ao presidente desse país que "cesse a violenta repressão", conforme enfatizou Berlusconi.

Mais cedo, a porta-voz adjunta do ministério francês das Relações Exteriores, Christine Fages, afirmou que a França demandou "medidas fortes" nesta terça-feira à União Europeia (UE) e à Organização das Nações Unidas (ONU) para que "cesse o uso da força contra a população" na Síria, onde os "responsáveis" pela repressão dos últimos dias "deverão responder por seus atos".

"No Conselho de Segurança da ONU e na UE, a França está pedindo a adoção de medidas fortes para que cesse o uso da força contra a população síria", afirmou.

"Os responsáveis pelos crimes dos últimos dias devem responder por seus atos", afirmou Fages, reiterando a "mais firme condenação" francesa à "escalada da repressão contra a população por parte das autoridades sírias".

Os Estados Unidos, por sua vez, afirmaram que estudam aprovar sanções seletivas contra as autoridades da Síria pela violência utilizada pelas forças governamentais para abafar a dissidência.

"A violência brutal empregada pelo governo da Síria contra seu povo é completamente deplorável e a condenamos nos termos mais fortes", afirmou o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Tommy Vietor.

Segundo as autoridades, que acusam desde o começo "bandos criminosos armados" de estarem na origem do movimento, o Exército entrou em Deraa a pedido dos habitantes para pôr fim às sabotagens e assassinatos cometidos por grupos terroristas extremistas.

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