Kayani admitiu que Washington está exercendo pressão para que seu exército desaloje a rede Haqqani, acusada pelos EUA de promover golpes contra tropas no Afeganistão (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2011 às 05h16.
Islamabad - Ao ser questionado sobre a possibilidade de os Estados Unidos lançarem uma nova operação militar nas áreas tribais do Paquistão, o chefe do exército paquistanês, Ashfaq Parvez Kayani, avisou que seu país não é Iraque nem Afeganistão.
A advertência aconteceu em reunião realizada em Islamabad na noite desta terça-feira entre a cúpula militar e os comitês parlamentares de Defesa, onde foi discutido o desdobramento em massa de soldados da Otan no lado afegão da fronteira com o Paquistão.
De acordo com as fontes, citadas pelos diários paquistaneses Express' e 'Dawn, Kayani alertou que os EUA 'devem pensar dez vezes' antes de lançarem uma ofensiva unilateral sobre a região tribal paquistanesa do Waziristão do Norte.
'Podem fazê-lo, mas têm de pensar dez vezes, porque o Paquistão não é Iraque nem Afeganistão', declarou Kayani, segundo um dos presentes, uma vez que o encontro não pôde ser presenciado pela imprensa.
O general fez esta advertência apesar de ter considerado pouco provável que os EUA lancem uma ofensiva unilateral sobre o Waziristão do Norte, reduto paquistanês da rede fundamentalista Haqqani.
Kayani admitiu que Washington está exercendo pressão para que seu exército desaloje desta zona a rede Haqqani, acusada pelos EUA de promover golpes sangrentos contra suas tropas no Afeganistão.
'Se alguém me convencer de que tudo será solucionado se agirmos no Waziristão do Norte, agirei de forma imediata', garantiu, segundo a versão do jornal 'Express'.
O desdobramento militar no lado afegão da fronteira contra efetivos da rede Haqqani despertou inquietação em Islamabad.
A tensão entre Paquistão e EUA iniciada pela operação unilateral americana que matou Osama bin Laden em maio segue vigente, e agora a rede Haqqani e o futuro da guerra afegã centram as divergências entre as duas nações. EFE