Exército iraquiano dificulta avanço do EI em Mosul e Raqa
Nas duas cidades, a primeira no Iraque e a segunda na Síria, os rebeldes criaram em 2014 seu califado em um amplo território entre os dois países
AFP
Publicado em 6 de março de 2017 às 12h56.
Os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) se encontravam em dificuldades nesta segunda-feira diante das forças iraquianas em Mossul (Iraque) e no leste da Síria, onde uma aliança árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos bloqueou um eixo estratégico.
O cerco se aperta cada vez mais nos dois principais redutos dos extremistas, Mosul, no Iraque, e Raqa, na Síria, onde os militantes desta organização ultraviolenta criaram em 2014 seu califado em um amplo território entre os dois países.
Em Mosul, a segunda cidade do Iraque, as forças iraquianas se aproximam da cidade velha avançando a partir de diferentes direções rumo ao bairro das administrações, às margens do rio Tigre que cruza a cidade.
As Forças de Intervenção Rápida iraquianas, que dependem do ministério do Interior, "avançam nos setores de Dawasa e Dindan para libertar os edifícios administrativos e abrir um caminho para permitir que as famílias deixem" seus bairros e fujam dos combates, declarou à AFP o coronel Abdelamir Mohammedawi.
O objetivo é tomar o controle dos edifícios do governo local da província de Nínive, situados perto da ponte Al Hurriya, um dos cinco que Mosul possui. "Ainda não alcançamos a ponte, estamos a alguns metros", explicou o coronel.
As forças iraquianas lançaram no dia 19 de fevereiro uma ofensiva para reconquistar os bairros do oeste de Mosul e finalizar a tomada total da cidade, cuja parte oriental caiu em janeiro.
Os combates no oeste de Mosul obrigaram 45.000 pessoas a abandonar a cidade, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Mas a maior parte dos 750.000 habitantes deste setor permanecem na cidade, onde carecem de alimentos e atendimento médico.
A operação contra Mosul havia começado no dia 17 de outubro com o apoio crucial da aviação de guerra americana e de conselheiros militares enviados por Washington.
Eixo estratégico
Na Síria, os Estados Unidos apoiam ativamente as Forças Democráticas Sírias (FDS), que "conseguiram nesta segunda-feira bloquear a principal via de abastecimento do EI entre a cidade de Raqa e a província de Deir Ezzor", segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Um dirigente das FDS confirmou à AFP que esta "estrada estratégica para o Daesh (EI) foi bloqueada nesta manhã" (segunda-feira). Trata-se de uma "vitória estratégica de nossas forças para reforçar o cerco" ao EI, ressaltou.
O eixo, de 140 km, é o único no vale do Eufrates que une Raqa com o norte de Deir Ezzor, situada mais ao sudeste em meio a uma região desértica e petrolífera.
As FDS lançaram em novembro uma operação para cercar e tomar Raqa, com o apoio dos bombardeios da coalizão liderada pelos Estados Unidos.
Estes combatentes constituem "uma força irregular de infantaria leve, que se desloca a bordo de caminhonetes" e que tem "poucas armas pesadas", explicou recentemente o chefe militar da coalizão contra os extremistas, o general americano Stephen Townsend.
O grupo é composto em 60% por combatentes árabes e em 40% por milícias curdas, em particular as Unidades de Proteção do Povo (YPG), o braço armado do Partido da União Democrática (PYD), segundo o general.
O EI também retrocede no noroeste da Síria. No dia 23 de fevereiro perdeu a cidade de Al Bab, na província de Aleppo, tomada pelas forças turcas aliadas a grupos rebeldes sírios após semanas de combates.
Paralelamente, os extremistas defendem suas posições no sudeste da província, diante do avanço das tropas do regime de Bashar al-Assad.
Os combates nesta região provocaram a fuga de 66.000 pessoas, indicou no domingo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Uma grande quantidade destes deslocados se refugiam na cidade de Minbej, nas mãos do FDS.