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Exército dos EUA desliga 14 militares após morte de soldado latina

Vanessa Guillén, de 20 anos, desapareceu na base Fort Hood, em Killeen, Texas, depois de contar a amigos que havia sido assediada sexualmente

Vanessa Guillén: a militar, de 20 anos, foi vista pela última vez em 22 de abril na base de Fort Hood, no Texas (U.S. Army/Reprodução)

Vanessa Guillén: a militar, de 20 anos, foi vista pela última vez em 22 de abril na base de Fort Hood, no Texas (U.S. Army/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 15h28.

O Exército dos EUA anunciou na terça-feira, 8, o desligamento de 14 oficiais em cargos de comando na Base de Fort Hood, no sul do Estado do Texas, após uma investigação envolvendo uma série de mortes que chocou o país.

Fort Hood, a terceira maior base do Exército do país em termos de população, tem estado no centro das atenções em meio a uma onda de homicídios, suicídios e crimes violentos. A investigação veio em resposta ao assassinato de Vanessa Guillén, uma soldado latina do Exército de 20 anos, que desapareceu na base, em Killeen, Texas, depois de contar a amigos que havia sido assediada sexualmente. As autoridades dizem que ela foi morta por um colega soldado que queimou e esquartejou seu corpo.

 

Com cinco supostos homicídios em 2020, esta base militar em expansão, sede de batalhões posicionados em palcos de guerra, ganhou a reputação de base mais perigosa dos Estados Unidos.

Foi a indignação com a morte de Guillén que levou o secretário do Exército Ryan McCarthy a contratar investigadores independentes, incluindo um ex-agente do FBI e um ex-juiz militar, compilando um relatório detalhado sobre a situação em Fort Hood.

"A trágica morte de Vanessa Guillén e outras questões em Fort Hood nos obrigaram a fazer uma análise crítica de nossos sistemas, nossas políticas e de nós mesmos", disse McCarthy ao apresentar as conclusões do relatório.

Guillén havia dito à família e amigos que não confiava na hierarquia militar para dar seguimento a uma denúncia de assédio sexual, e seus parentes duvidaram publicamente da determinação dos militares em investigar seu desaparecimento. Seu corpo desmembrado foi encontrado em 30 de junho.

Naquele dia, um suspeito do caso, o soldado Aaron David Robinson cometeu suicídio após um confronto com a polícia local. Além disso, outro soldado, Gregory Scott Morales, havia sido declarado desertor quando desapareceu em 2019, apesar de várias pistas que levaram ao temor de participação em um ato criminoso. Seus restos mortais foram encontrados em junho passado, dez meses depois, enquanto os investigadores procuravam por Guillén. Ele foi aparentemente morto a tiros.

A base de Fort Hood se estende por quilômetros no centro do Texas, entre Dallas e Austin, e abriga dezenas de milhares. Fisicamente maior que a cidade de Nova York, está sujeito aos mesmos crimes e problemas que qualquer comunidade pode ter.

Mas o relatório descobriu que a base tinha níveis de crime mais altos do que outras instalações do Exército, incluindo crimes sexuais, agressão e espancamento, delitos de drogas, acusações de embriaguez e desordem e furto.

O relatório concluiu que "questões graves de crimes dentro e fora de Fort Hood não foram identificadas nem tratadas".

Agressão e assédio sexual

A agressão sexual e o assédio são problemas específicos. Após o corpo do sargento Élder N. Fernandes, de 23 anos, ter sido encontrado pendurado em uma árvore em agosto, próximo de Fort Hood, sua família disse que ele havia denunciado agressão sexual por um superior e sofrido retaliação.

A investigação documentou uma falha em prover e financiar adequadamente o programa de prevenção de agressão e assédio sexual, e uma cultura na qual as mulheres não se sentiam confortáveis em denunciar.

Das mais de 500 mulheres soldados entrevistadas, os investigadores encontraram 93 relatos confiáveis de agressão sexual; desses, apenas 59 foram notificados, de acordo com o relatório. Eles também encontraram 135 casos confiáveis de assédio sexual; apenas 72 foram relatados.

Talvez a descoberta mais séria da investigação de um mês em Fort Hood, de acordo com o New York Times, foi que nenhum general, comandante ou comandante sênior interveio de forma proativa para mitigar os "riscos conhecidos de crimes graves, agressão sexual e assédio sexual". 

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