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Exército de Israel inicia invasão por terra contra Hezbollah no sul do Líbano e grupo reage

Na tarde desta segunda-feira, o ministro da Defesa de Israel havia declarado aos EUA que planejava uma 'operação de campo limitada' ao Líbano

Israel vs Hezbollah: FDI invade sul do Líbano por terra (Jalaa MAREY/AFP)

Israel vs Hezbollah: FDI invade sul do Líbano por terra (Jalaa MAREY/AFP)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 30 de setembro de 2024 às 20h34.

Última atualização em 1 de outubro de 2024 às 07h28.

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As Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma operação por terra contra o Hezbollahno território do Líbano, na madrugada desta terça-feira, 1º (noite de segunda-feira, 30, no horário de Brasília). De acordo com o Exército israelense, os ataques são direcionados somente ao grupo extremista. A invasão acontece apenas alguns dias após Israel matar o líder do grupo armado libanês, Hassan Nasrallah, em uma escalada das tensões regionais.

Em resposta, Hezbollah anunciou nesta terça-feira que lançou ataques de foguetes contra tropas israelenses em posições dentro de Israel e não fez menção às forças israelenses dentro do Líbano.

A justificativa dos militares israelenses recai sobre as invasões do Hezbollah em áreas próximas à fronteira de Israel que, segundo o FDI, representavam uma "ameaça imediata". Segundo a Reuters, os ataques ocorreram nos subúrbios de Beirute. Uma série de explosões ocorreu cerca de uma hora depois do exército israelense alertar os moradores do sul da capital libanesa para evacuar áreas próximas a edifícios que, segundo eles, continham infraestrutura do Hezbollah.

De acordo com fontes do exército libanês ouvidas pela Reuters, as tropas do Líbano chegaram a recuar cerca de cinco quilômetros de posições ao longo da fronteira. 95 pessoas foram mortas e 172 ficaram feridas nos ataques feitos no sul do Líbano, no Vale do Bekaa oriental e em Beirute durante as últimas 24 horas, segundo o ministério da Saúde do Líbano, ouvido pela agência de notícias internacional.

Na tarde desta segunda-feira, em mensagem aos Estados Unidos, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou que planejava uma "operação de campo limitada" no Líbano, que poderia começar a qualquer momento, conforme as informações do The Washington Post. Gallant escreveu em sua rede social que o objetivo israelense é acabar com o Hezbollah para garantir o retorno dos moradores do norte de Israel. “Juntamente com os combatentes da 188ª Brigada na fronteira norte, as forças estão prontas e preparadas para atacar o Hezbollah com força”.

Lula autoriza operação de repatriação de brasileiros no Líbano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou na segunda-feira a operação de repatriação de brasileiros no Líbano. Segundo o Palácio do Planalto, "a operação, coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa, terá a data anunciada nos próximos dias, após análise das condições de segurança para o voo".

Em nota, o governo também diz que "o planejamento inicial da Força Aérea Brasileira prevê a decolagem do aeroporto de Beirute, que se encontra aberto".

"A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais", diz o Palácio do Planalto.

Divisão de elite lutou contra o Hamas

O exército israelense disse que as novas operações no Líbano envolveram a 98ª divisão de elite, que foi enviada para a frente norte há duas semanas na Faixa de Gaza, onde lutava contra o Hamas há meses.

Em comunicado, o exército disse que sua força aérea e artilharia apoiaram tropas terrestres envolvidas em "ataques terrestres limitados, localizados e direcionados" contra o Hezbollah em aldeias do sul do Líbano que representavam "uma ameaça imediata às comunidades israelenses no norte de Israel".

Duas fontes de segurança libanesas disseram à Reuters que unidades israelenses cruzaram o Líbano durante a noite para operações de reconhecimento e sondagem. As tropas libanesas também recuaram de posições ao longo da fronteira.

O exército israelense emitiu um aviso aos cidadãos para não usarem seus veículos da área ao norte do rio Litani para o sul. O comando militar disse anteriormente que quer tirar o grupo islâmico daquela região.

Recuo do Exército libanês

O Exército libanês disse em um comunicado nesta terça-feira que sua retirada de alguns pontos de monitoramento no sul do país era parte de um reposicionamento regular. O exército do Líbano historicamente ficou à margem de grandes conflitos com Israel e, no último ano de hostilidades, não atirou nos militares israelenses.

Já moradores locais na cidade fronteiriça libanesa de Aita al-Shaab relataram bombardeios pesados ​​e o som de helicópteros e drones.

Um ataque israelense na terça-feira cedo teve como alvo Mounir Maqdah, comandante do braço libanês da ala militar do movimento palestino Fatah, a Brigada dos Mártires de Al-Aqsa, de acordo com dois oficiais de segurança palestinos. Seu destino era desconhecido, segundo a Reuters.

Ataque contra o maior campo de refugiados no Líbano

O ataque atingiu um prédio no campo lotado de refugiados palestinos de Ain al-Hilweh, perto da cidade de Sidon, no sul, disseram as fontes. Foi o primeiro grande ataque ao maior campo de refugiados palestinos no Líbano desde que as hostilidades  entre o Hezbollah e Israel começaram há quase um ano. Israel não comentou sobre o ataque.

Na Síria, três civis foram mortos e outros nove ficaram feridos em um ataque aéreo israelense na capital Damasco, informou a mídia estatal síria na terça-feira citando uma fonte militar. O exército israelense disse que não comenta relatos da mídia estrangeira.

Israel vem realizando ataques contra alvos ligados ao Irã na Síria há anos, mas intensificou as ações desde que o Hamas atacou seu território em 7 de outubro de 2023.

Já o movimento Houthi do Iêmen atacou postos militares israelenses em Tel Aviv e Eilat com drones nesta terça-feira, disse o porta-voz militar do grupo, Yahya Saree, em um discurso televisionado.

Entenda o conflito entre Israel e Líbano

O exército de Israel faz uma grande operação desde a semana passada contra o Hezbollah. A ação começou com uma explosão coordenada de pagers e rádios de comunicação usados pelo grupo e avançou para bombardeios quase diários. No sábado, 28, um destes ataques matou Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah. Quase toda a cadeia de comando do grupo foi dizimada nos últimos dias, o que tem dificultado a resposta do grupo.

O Hezbollah e Israel vivem uma situação de conflito desde os anos 1980. Em outubro do ano passado, o grupo extremista passou a fazer ataques com mísseis a Israel, como represália pela invasão de Israel da Faixa de Gaza, após o grupo palestino Hamas fazer um ataque contra Israel. Com isso, mais de 60 mil israelenses no norte do país tiveram de deixar suas casas.

A operação atual de Israel contra o Hezbollah diz ter como objetivos permitir que essas pessoas desalojadas retornem para suas casas.

O grupo armado foi criado para lutar contra a ocupação israelense do Líbano, que durou até 2000. A última grande guerra terrestre no Líbano ocorreu em julho de 2006, quando o Hezbollah cruzou a fronteira para Israel em um ataque surpresa perto da vila libanesa de Ayta ash-Shaab. O grupo capturou e matou todos os soldados israelenses, o que resultou em uma guerra de cinco semanas. As forças de defesa de Israel atravessaram a fronteira no Sul perseguindo membros do grupo extremistas com tanques e veículos blindados.

O que é o grupo Hezbollah?

Apoiado pelo Irã, o grupo libanês Hezbollah é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e o Conselho de Cooperação do Golfo.

Inimigo jurado de Israel, o grupo armado enfrentou uma guerra contra o país em 2006. Ela durou pouco mais de um mês e deixou cerca de 1.200 mortos no Líbano e 160 em solo israelense.

Agora, após o ataque na Fazenda Shebaa e o comunicado em apoio aos bombardeiros de sábado, o Hezbollah reafirma sua aliança ao Hamas.

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