EXAME/IDEIA: empate técnico no mais acirrado dos "estados-pêndulo"
Estado em que todos os presidentes americanos venceram segue com disputa indefinida a quatro dias da eleição
Fabiane Stefano
Publicado em 30 de outubro de 2020 às 17h53.
Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 18h23.
O republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden aparecem tecnicamente empatados em Ohio, um dos estados-pêndulo, os chamados swing states, onde as disputas eleitorais são as mais acirradas dos Estados Unidos. Por lá, Trump tem 49% das intenções de voto, enquanto Biden tem 47%. Os indecisos somam 4%.
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Os dados são da mais recente pesquisa feita com eleitores dos Estados Unidos pelo EXAME/IDEIA, que une EXAME Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Foram ouvidas 800 pessoas por telefone entre os dias 26 e 28 de outubro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Faltam poucos dias para as eleiçõe presidenciais e, em Ohio, Trump é o preferido do eleitorado masculino (51%), branco (50%), que vive na zona rural (51%) e que pretende votar pessoalmente no dia da eleição (50%). Já Biden tem a preferência das mulheres (49%), latinos (65%) e negros (78%), que moram nas cidades (49%) e votam antecipadamente por correio (55%).
"Ohio talvez seja o maior exemplo de swing state, inclusive porque todos os presidentes americanos venceram por lá", explicaMaurício Moura, fundador do IDEIA e responsável pela pesquisa, no novo episódio do podcast EXAME Política. "Praticamente não há indecisos, ma também existe a tensão do voto pelo correio, o que colabora para a indefinição da disputa."
Pela lei eleitoral de Ohio, os votos por correio devem ser postados até o dia anterior às eleições (na próxima terça-feira, 3) e não podem levar mais de 10 dias para chegar à autoridade eleitoral. Por isso, além de bastante apertado, o resultado geral em Ohio pode demorar alguns dias para ser confirmado.
O pesquisador lembra também que, mesmo há poucos dias da eleição, o estado da Flórida ainda tem uma disputa bastante indefinida. Mas, diferentemente de Ohio, a Flórida aperfeiçoou seus sistema de contagem de votos pelo correio - o que deve fazer com que o resultado da eleição no estado seja conhecido já na noite de 3 de novembro.
"Eu recomendo atenção a essa apuração na Flórida. Se Biden ganhar, o caminho d Trump à presidência fica bastante impossível", explica Moura. "Já se Trump ganhar, teremos uma apuração muito mais tensa no restante dos estados."
Essa tensão na apuração pode, inclusive, ir parar nos tribunais, uma vez que as polêmicas relacionadas ao voto pelo correio e à supressão de votos tendem a ser judicializadas tanto pelos democratas, quanto pelos republicanos.
"Nos EUA não existe uma autoridade nacional que regulamenta a eleição. Cada estado tem autonomia para decidir tudo, dos horários de votação à especificações do voto pelo correio", lembra o jornalista Sérgio Teixeira Jr, que de Nova York cobre as eleições americanas para a Exame. "Neste ano, mais de 300 processos foram apresentados à Justiça envolvendo a eleição. A possibilidade de confusão é praticamente certa."
No sistema eleitoral americano, cada estado tem um número de votos e quem ganha leva todos os votos na maior parte dos estados, mesmo que a vitória tenha sido apertada (entenda o colégio eleitoral neste episódio do podcast EXAME Política ).
RETA FINAL
A quatro dias das eleições, o jornalista estima que, seja qual for o resultado das urnas, ele já está decidido - principalmente pelo baixo número de indecisos em diversos estados. Por isso, nesta reta final, as campanhas devem focar todos os seus esforços e recursos em convencer seus eleitores a irem às urnas.
"É um esforço custosos, que envolve organizar muitos voluntários para literalmente bater na porta das pessoas, ligar pra elas...", explica Teixeira Jr. "Não é algo visível, mas que está acontecendo neste momento. Agora, só nos resta esperar pelos resultados".
O podcast EXAME Política vai ao ar todas as sextas-feiras com os principais temas da eleição americana. Clique aqui para ver o canal no Spotify, ou siga em sua plataforma de áudio preferida, e não deixe de acompanhar os próximos programas.