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Ex-presidente da Libéria é condenado por crimes de guerra

Charles Taylor foi condenado por crimes cometidos durante a guerra civil em Serra Leoa (1991 -2002)

Os juízes consideraram que Taylor é "responsável" pelos crimes porque ajudou as forças rebeldes de Serra Leoa (RUF) com apoio logístico, (Peter Dejong/AFP)

Os juízes consideraram que Taylor é "responsável" pelos crimes porque ajudou as forças rebeldes de Serra Leoa (RUF) com apoio logístico, (Peter Dejong/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2012 às 09h35.

Haia - O Tribunal Especial de Serra Leoa (TESL) declarou nesta quinta-feira como culpado o ex-presidente liberiano Charles Taylor por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos durante a guerra civil em Serra Leoa (1991 -2002), mas a pena em si será decidida posteriormente.

Os juízes consideraram que Taylor é "responsável" pelos crimes porque ajudou as forças rebeldes de Serra Leoa (RUF) com apoio logístico, moral e de armas, mas rejeitaram sua responsabilidade de comando ou que tenha feito parte de uma "empresa criminosa" na qual também estavam envolvidos os líderes rebeldes de Serra Leoa.Isso não significa, no entanto, que os juízes tenham aceitado em sua totalidade a acusação da Procuradoria, já que rejeitaram a responsabilidade individual e de comando de Taylor. Para o Tribunal, ele "não dava ordens aos líderes rebeldes" de Serra Leoa.

O tribunal rejeitou que Taylor fizesse parte de uma "empresa criminosa" mais ampla, na qual estavam envolvidos os líderes rebeldes.

"O acusado apresentava uma assistência prática ao fornecer armas, munição, treinamento e apoio moral e logístico, o que teve efeito substancial sobre a comissão dos crimes", indicou o juiz que preside o caso, Richard Lussick, durante a leitura da sentença, pronunciada em Haia.

Os magistrados constataram que Taylor recebeu os chamados "diamantes de sangue" como pagamento pelo seu apoio ao RUF: "houve uma contínua entrega de diamantes por parte do RUF ao acusado, em troca de armas e munição", indicou o juiz Lussick.

A declaração da modelo Naomi Campell em agosto de 2010, a quem o ditador teria presenteado os supostos "diamantes de sangue", foi determinante na estratégia da Procuradoria para provar este fato, já que Taylor negou o tempo todo ter tido em suas mãos as pedras preciosas.

Para os juízes, Taylor "sabia" que seus atos "assistiam à comissão dos crimes", como mutilações de extremidades a civis; estupro de meninas e mulheres; campanhas de terror; assassinatos e alistamento de crianças menores de 15 anos nas fileiras dos rebeldes ou para trabalhar nas minas de diamantes como escravos.

"Muitas mutilações e estupros de mulheres eram cometidos em público, pessoas chegaram a ser queimadas vivas em suas casas", ressaltou o juiz como exemplos das atrocidades cometidas em Serra Leoa.

O TESL realizará em 16 de maio uma audiência na qual a defesa e a Procuradoria vão expor os fatores mitigantes e agravantes na hora de fixar a pena.

O conflito civil que assolou Serra Leoa entre 1991 e 2002 gerou mais de 100 mil vítimas, entre eles uma multidão de mutilados e causou 50 mil mortos.

Atualizado às 09:39

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