Ex-presidente da França é condenado a um ano de prisão
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado por financiamento ilegal de campanha
AFP
Publicado em 30 de setembro de 2021 às 08h01.
Última atualização em 30 de setembro de 2021 às 08h02.
A Justiça francesa condenou o ex-presidente conservador Nicolas Sarkozy nesta quinta-feira (30) a um ano de prisão por financiamento ilegal de campanha, por ter excedido o limite de gastos autorizados nas eleições de 2012.
O ex-chefe de Estado (2007 a 2012), que não compareceu à leitura da decisão, "continuou com a organização de comícios", apesar de ter sido advertido "por escrito sobre o risco de superar" o limite legal de gastos, afirma o veredicto.
"Não era sua primeira campanha. Já tinha experiência como candidato", acrescentou a presidente do tribunal, Caroline Viguier, que impôs um ano de prisão, embora permita, segundo a imprensa francesa, o cumprimento em prisão domiciliar com uma pulseira eletrônica.
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Em março, Sarkozy, de 66 anos, tornou-se o primeiro ex-presidente da Quinta República (regime iniciado em 1958) a ser condenado a uma pena de prisão confirmada (um ano), por corrupção e tráfico de influência em outro processo. A defesa recorreu da decisão.
A condenação desta quinta-feira, contra a qual Sarkozy também recorrerá, aconteceu no caso conhecido como "Bygmalion", que diz respeito às contas de campanha da eleição presidencial de 2012, quando o então governante foi derrotado nas urnas pelo socialista François Hollande.
O tribunal impôs a pena máxima e o dobro do que a Promotoria havia solicitado no fim de julgamento, em junho. A acusação chamou a campanha de "espetáculos ao estilo americano", com gastos sem preocupação.
Um conto
O excesso de gastos teria sido ocultado em um arranjo financeiro entre o partido governista União por um Movimento Popular (UMP) - atualmente Os Republicanos - e a empresa que organizou os eventos, a Bygmalion.
Ao contrário dos outros 13 acusados, que receberam penas de dois a três anos e meio de prisão, o ex-chefe de Estado não era acusado pelo sistema de cobrança dupla implantado, e sim de "financiamento ilegal de campanha".
"Sabia que eu seria condenado", disse o diretor adjunto da campanha, Jérôme Lavrilleux, sentenciado a três anos de prisão, dois deles com o cumprimento obrigatório. Ao mesmo tempo, ele celebrou ter sido condenado apenas por seus "erros".
De acordo com a acusação, durante a campanha eleitoral de 2011 foram gastos 42,8 milhões de euros (49,6 milhões de dólares na cotação atual), quase o dobro do limite legal.
"É um conto", afirmou Sarkozy durante o julgamento. "Eu gostaria que explicassem o que fiz a mais na campanha em 2012 do que 2007. É falso!", completou.
A defesa havia solicitado a absolvição alegando que ele "não assinou nenhuma fatura".
O ex-presidente também tem outros processos abertos. A Justiça acusa Sarkozy de corrupção passiva e de associação criminosa, entre outros delitos, pelo suposto financiamento líbio de sua campanha de 2007. Neste ano, ele saiu vitorioso da corrida eleitoral e chegou ao Palácio de Eliseu.
A Promotoria Nacional Financeira (PNF) também investiga Sarkozy por tráfico de influência e por lavagem de dinheiro, em relação a suas atividades de consultoria na Rússia.