O presidente francês, em campanha para reeleição, anunciou na última segunda ter aberto um processo contra a página da internet por falsificação (Khaled Desouki/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2012 às 16h49.
Tunísia - O chefe da equipe de advogados do ex-primeiro-ministro líbio Baghdadi Ali al-Mahmoudi, Mabruk Kurchid, confirmou nesta quinta-feira à Agência Efe que desde o novembro do ano passado o premiê disse em várias ocasiões que o regime de Kadafi tinha financiado a campanha eleitoral de Nicolas Sarkozy em 2007.
"Desde novembro, o primeiro-ministro comentou em várias ocasiões que o regime de Kadafi tinha fornecido milhões de euros a Sarkozy para custear a campanha eleitoral de 2007 que o levou à Presidência da França", disse Kurchid. No entanto, o advogado comentou que não tinha mais detalhes sobre a questão e falou que não se encontra com Mahmoudi há duas semanas.
O site francês "Mediapart.fr" informou nesta quinta que os advogados do ex-premiê confirmaram a autenticidade do documento publicado no último sábado pelo site, no qual o regime líbio autorizava o pagamento de 50 milhões de euros à campanha de Sarkozy. "Existe um documento assinado por Mussa Kussa e Sarkozy sobre um financiamento ao francês", disse o ex-premiê, que se encontra preso na Tunísia.
O presidente francês, em campanha para reeleição, anunciou na última segunda ter aberto um processo contra a página da internet por falsificação. O site contra-atacou com calúnias, o que motivou a abertura de uma investigação judicial.
O "Mediapart.fr", fundado e dirigido pelo ex-diretor do jornal francês Le Monde, Edwy Plenel, defende a veracidade do documento ao apresentar o testemunho indireto de Mahmoudi. A declaração chegou ao site através do advogado do ex-primeiro-ministro, Béchir Essid, que confirmou que a nota em questão foi redigida por ordem direta do ex-primeiro-ministro.
No entanto, as declarações do Mahmoudi contrastam com as de outros ex-políticos líbios. O próprio Mussa Kussa, antigo chefe dos serviços secretos de Kadafi e suposto signatário do documento publicado, negou a autenticidade do documento. Da mesma forma, o chefe do Comitê Nacional de Transição, Mustafa Abdul Jalil, afirmou que se trata de um documento falso.
O receptor do documento supostamente era o líbio Bashir Saleh, que atualmente se encontra exilado na França e cuja extradição é solicitada por fraudes financeiras também negou, por meio de seus advogados, ter recebido a carta.
Além disso, Sarkozy enfrenta outro boato relacionado à Líbia. A revista "Les Inrockuptibles" afirmou que o presidente francês assinou um acordo com Kadafi sobre energia nuclear em troca da libertação de cinco enfermeiras e um médico búlgaros.