A expulsão de embaixadores russos de vários países pode desencadear uma guerra real, afirmou o ex-general russo (Alexei Druzhinin/Reuters)
EFE
Publicado em 3 de abril de 2018 às 10h41.
Última atualização em 3 de abril de 2018 às 12h30.
Londres - O general russo reformado Evgeny Buzhinsky, que dirige o grupo de pensamento moscovita sobre segurança PIR Center, alertou nesta terça-feira que o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal no Reino Unido pode levar a uma "guerra real".
"É pior do que a Guerra Fria, porque se a situação continuar evoluindo como está agora, temo que termine em um cenário muito ruim", afirmou Buzhinksy em entrevista com a emissora britânica "BBC Radio 4".
O ex-general detalhou que a situação pode desencadear "uma guerra real", que na sua opinião seria "a última guerra da história da humanidade".
Buzhinsky ressaltou que o ataque contra Skripal e sua filha, Yulia, ambos internados em estado crítico após terem sido expostos a um agente químico de uso militar, estremeceu as relações entre Moscou, Estados Unidos e a União Europeia (UE).
Em resposta ao envenenamento em Salisbury (Inglaterra), no último dia 4 de março, o Reino Unido expulsou 23 diplomatas russos, medida que foi replicada por mais de 20 países, entre eles os EUA, que expulsou 60 membros da diplomacia da Rússia.
O responsável do PIR Center ressaltou que essas pressões internacionais só conseguirão "consolidar a sociedade russa ao redor do seu presidente", Vladimir Putin.
Buzhinsky acusou o Ocidente de "encurralar" a Rússia para forçar uma mudança de comportamento, quando "esse não é o diálogo que é preciso ter, nem o compromisso que precisamos".
"Se continuarmos expulsando diplomatas, o passo seguinte será a ruptura das relações diplomáticas, o que não levaria a lugar algum", acrescentou o ex-general, que ressaltou que "encurralar a Rússia é algo muito perigoso".
Buzhinsky conversou com a "BBC Radio 4" após o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, sugerir no último fim de semana que o ataque contra Skripal "beneficiou" o governo britânico, ao tirar as atenções do "Brexit".
Por sua vez, um porta-voz do governo britânico afirmou que o Reino Unido preferiria "ter na Rússia a um parceiro construtivo, disposto a respeitar as normas".