Manifestação contra as prisões e os desaparecimentos ocorridos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) (Martin Bernetti/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2015 às 22h34.
Santiago do Chile - O juiz chileno Hernán Crisosto condenou nesta segunda-feira 78 ex-agentes da Polícia Secreta do ditador Augusto Pinochet (1973-1990) pelo sequestro qualificado de Miguel Acuña, detido e desaparecido em 1974 e considerado uma das vítimas da chamada Operação Colombo.
No julgamento pelo desaparecimento de Acuña, o juiz da Corte de Apelações de Santiago decretou penas de 13, 10 e quatros anos de prisão para os 78 ex-agentes da temível Direção de Inteligência Nacional (Dina), informaram fontes judiciais.
Entre os condenados a 13 anos de prisão está Manuel Contreras, ex-chefe da Dina, que acumula penas de um total de 467 anos de prisão, após ser condenado em dezenas de julgamentos por violações aos direitos humanos.
No último dia 8 de janeiro, Contreras foi condenado no marco da mesma operação a outros 13 anos pela morte e desaparecimento de Bernardo de Castro, militante do Partido Socialista do Chile.
Na sentença de hoje, o juiz especial deste caso de violação aos direitos humanos assinala que Miguel Acuña, militante do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), foi detido por agentes de Pinochet e transferido para Londres 38, um recinto clandestino de detenção, tortura e desaparecimento.
Em julho de 1975 foi divulgada uma lista de 119 chilenos falecidos no exterior, em supostos enfrentamentos com forças de segurança ou por brigas entre eles mesmos.
Os 119 nomes, que incluem Miguel Acuña, correspondem às vítimas da Operação Colombo, um esquema da ditadura para encobrir seus desaparecimentos, que contou com a colaboração das ditaduras militares de Argentina e Brasil.
A Operação Colombo é considerada o primeiro episódio da Operação Condor, que foi uma coordenação entre as ditaduras militares dos países do Cone Sul para eliminar opositores.
Durante a ditadura de Pinochet, segundo números oficiais, 3.200 pessoas morreram nas mãos de agentes do Estado, das quais 1.192 aparecem ainda como desaparecidas, e mais de 33.000 como sequestradas, torturadas e presas por causas políticas.