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Evo Morales acusa Obama de "cinismo" e de "pirataria aérea"

"A pirataria aérea continua não somente com Evo Morales, mas também com Maduro, e isso é lamentável", disse o líder boliviano


	Evo Morales: presidente da Bolívia insistiu que "sequestro e a pirataria aérea" dos Estados Unidos são voltados para "os governos antiimperialistas"
 (Gaston Brito/Reuters)

Evo Morales: presidente da Bolívia insistiu que "sequestro e a pirataria aérea" dos Estados Unidos são voltados para "os governos antiimperialistas" (Gaston Brito/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2013 às 19h26.

Nações Unidas - O presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou o presidente de EUA, Barack Obama, de "cínico" e criticou em particular o que considera "pirataria aérea" contra ele e o líder venezuelano, Nicolás Maduro, nesta quarta-feira.

"Eu vi, perdão a expressão, muito cinismo de Obama... fala de justiça, mas é o primeiro governo que traz injustiças ao mundo, fala da paz e é o primeiro presidente que intervém militarmente nos outros países. Com intervenções, que paz vai haver?", disse Morales durante uma rodada com a imprensa na 68ª Assembleia Geral da ONU.

"A pirataria aérea continua não somente com Evo Morales, mas também com Maduro, e isso é lamentável", disse o líder boliviano.

O chefe de Estado aludia aos recentes incidentes que afetaram os aviões presidenciais desses dois líderes, o do boliviano em vários países da Europa e o do venezuelano sobre o espaço aéreo porto-riquenho, controlado pelos EUA, em recente viagem à China, embora as autoridades americanas negassem ter impedido o sobrevoo da aeronave que levava Maduro.

Morales insistiu que o "sequestro e a pirataria aérea" dos Estados Unidos são voltados para "os governos antiimperialistas", assim como seu programa de espionagem.

"Nos controlam, está bem que controlem aos antiimperialistas mas (os Estados Unidos) também controlam seus aliados, as Nações Unidas", disse Morales, ao se referir à espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA), que causou controvérsias no Brasil, no México e em outros países.

De acordo com Morales, o "cinismo" de Obama se reflete no fato de os Estados Unidos não controlarem nem destruírem suas armas nucleares, e "financiarem os rebeldes nos diferentes países", além de afirmar que a luta antiterrorista "é um pretexto" de Washington para controlar o petróleo estrangeiro.

Para o líder boliviano, é legítimo criticar as políticas de Obama, a quem acusou de se achar "dono do mundo" e de "intervir militarmente" em vários países. Segundo ele, "os Estados vão se rebelando contra esse padrão".


Morales também criticou o governo dos EUA por suspender a Bolívia do programa de preferências tarifárias, conhecido pela sigla ATPDEA, embora isso tenha significado uma espécie de libertação para seu país.

"Estamos vendendo nossos têxteis no mercado regional e sem condições impostas", observou o líder boliviano.

O programa da ATPDEA permitia aos países andinos a exportação de milhares de produtos aos EUA sem tarifas, como prêmio de Washington pela colaboração na luta antidrogas. Peru, Panamá e Colômbia têm acordos comerciais com os Estados Unidos, por isso são eles que agora regem as exportações para os EUA.

Morales também defendeu as conquistas de seu governo e políticas que, segundo ele, permitiram que a Bolívia reduzisse a pobreza e ingressasse na "era da industrialização", com um crescimento econômico "acima dos 6%", aumento da classe média e em 2013, renda petrolífera prevista de US$ 5 bilhões.

O líder boliviano defendeu a ideia de que os Estados devem controlar seus recursos naturais, e considerou que o capitalismo é o responsável pela desigualdade na região.

Morales qualificou como libertadora a decisão de seu governo de expulsar em 2008 o embaixador americano em La Paz, Philip Goldberg. "Nos libertamos politicamente expulsando o embaixador americano que conspirava contra a democracia" na Bolívia, afirmou.

Perguntado pela Agência Efe se aspirará à reeleição em 2014, Morales só indicou que a nova Constituição "permite uma eleição e uma só reeleição", sem dar mais detalhes. EFE

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