Irã: após ataque dos EUA, governo disse que voltaria a enriquecer urânio além dos limites estabelecidos em acordo (website/Handout/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2020 às 06h26.
Última atualização em 10 de janeiro de 2020 às 06h50.
São Paulo — Depois dos mísseis, vem o debate. Nesta sexta-feira, uma reunião extraordinária entre os ministros das relações exteriores da União Europeia, em Bruxelas, deve dar sinais sobre como a Europa deverá se posicionar daqui para frente em relação ao Irã, após o conflito com os Estados Unidos esta semana.
A crise ganhou um novo capítulo ontem depois de os Estados Unidos e o Canadá levantarem a suspeita de que a queda do avião da Ukraine Airlines, após a decolagem em Teerã, tenha sido causada por mísseis antiaéreos disparados pelo Irã na madrugada do dia 8. O Irã nega. O tema certamente não passará em branco durante o encontro europeu.
A reunião desta sexta-feira contará com a participação dos ministros de relações exteriores dos 28 países membros da União Europeia e foi convocada às pressas no início da semana por causa da crise com o Irã.
Os países europeus ainda tentam salvar o acordo nuclear com o Irã, conhecido pela sigla JCPOA, do qual a Alemanha, a França e a Inglaterra são signatários.
Após o ataque que matou o general Qassem Soleimani, o governo iraniano anunciou que deixaria de cumprir suas obrigações no acordo nuclear, inclusive em relação aos limites impostos para o enriquecimento de urânio.
Os Estados Unidos se retiraram do acordo em 2018, mas o Irã continuava cumprindo suas obrigações, com o apoio dos demais países signatários (Alemanha, Inglaterra, França, Rússia, China e a União Europeia). Com a nova posição do Irã, o acordo está a um passo de ser enterrado.
Segundo a agência Reuters, os líderes dos países europeus acreditam que ainda podem forçar o Irã a manter seus compromissos do acordo nuclear, ainda que por meio de pressões internacionais. Uma possibilidade é a volta da aplicação de sanções contra o Irã com o aval das Nações Unidas.
Ontem, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, teve uma conversa por telefone com o presidente do Irã, Hassan Rouhani, e afirmou que o Reino Unido continua comprometido com o acordo nuclear e pediu a continuidade do diálogo para reduzir as tensões.
Quando convocou a reunião desta sexta-feira, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que UE iria “fazer todo o seu papel” para reduzir as tensões no Oriente Médio. Uma parte da resposta deverá vir na tarde de hoje.